Blog do Corredor Maraturismo Redação 15 de junho de 2018 (0) (179)

San Diego Rock’n’Roll Marathon

A cidade de San Diego está em uma das mais belas regiões da Califórnia, à beira do Oceano Pacífico e rodeada por leves colinas. Na véspera e no dia da maratona, a cidade pára para receber os maratonistas; descontos são dados em lojas e restaurantes.

A série Rock'n'Roll Marathon conta com 9 provas nos EUA. Segundo os organizadores, em sua 12° edição esta de San Diego é a quinta maior dos Estados Unidos. No ano passado reuniu 17.500 corredores; neste ano eram esperados 20 mil, mas, por causa da crise, o número foi de pouco mais de 16 mil.

A organização da prova segue o padrão das mais renomadas maratonas americanas, como as de Nova York e Chicago. É perfeita, a começar pelo processo de inscrição, os e-mails informativos que nos enviam e todo o processo que só se encerra quando a gente já está de volta em casa e pode assistir no site atualizado nosso filminho cruzando a linha de chegada. 

A entrega do chip "descartável" é ágil, rápida e simples, acontecendo bem próximo ao centro da cidade, e exigindo uma pequena caminhada dos principais hotéis. A feira é um grandioso evento. Dezenas de expositores e vendedores de diversas marcas de produtos, tradicionais e lançamentos, voltados aos corredores: tênis, roupas, assessórios, complementos nutricionais, alimentos etc. Sim, tem também uma ampla e farta distribuição de brindes.

Palestras de estrelas. Tão bom quanto a feira é a "clínica" que acontece na sexta e no sábado. Neste espaço grandes nomes ligados ao mundo das maratonas proferem palestras de interesse para os maratonistas. Neste ano, entre outros, tivemos Frank Shorter (vencedor da São Silvestre de 1970, medalha de ouro na maratona das olimpíadas de Munique, 1972, e prata na de Montreal, 1976); Deena Kastor (medalha de bronze na Olimpíada de Atenas e vencedora da Maratona de Londres em 2006) e o ultramaratonista Dean Karnazes (com  Carlyle na foto ao lado), célebre por, entre outras façanhas, correr 50 maratonas em 50 dias consecutivos e cada uma delas em um estado americano diferente.

Domingo, às 5 da manhã no Parque Balboa, alguns a pé outros por transporte público os corredores começam a chegar para a concentração e aquecimento. Farto café da manhã, com alimentos carboidratados, bananas, sucos e energéticos por diversas mesas; postos médicos; guarda-volumes e centro de informações às famílias.

As famílias sabem que poderão acompanhar a passagem de seus atletas em 4 pontos. Os corredores sabem que poderão contar com 19 pontos de abastecimento de água, 10 pontos com repositor hidroeletrolitico e 1 de gel energético. Tudo isto mais as 26 bandas (uma por milha).

Às 6 da manhã o céu está nublado, a temperatura por volta de 14ºC e não deverá passar dos 21°C, um dia perfeito para correr. Zanzando por aqui e ali vêm-se técnicos de equipes passando as últimas instruções, grupos de amigos acertando o encontro na linha de chegada e mais de 150 corredores vestidos como Elvis Presley. Os maratonistas buscam seus currais, eu procuro o daqueles que seguiram o ‘pacer' de 4 horas, e logo acontece a execução do hino nacional americano.

LARGADA ÀS 6H30. Exatamente às 6h30 é dada a largada (N.R.: Atenção organizadores brasileiros: mirem-se no exemplo de sucesso que vem lá de fora; largada bem cedo, um excelente abastecimento e música pelo percurso). Aperto o start do relógio e vamos lá. Os primeiros 12 km (na verdade a marcação é feita em milhas) são percorridos no centro da cidade, bastante plano com discretos declives. Eu corro absorto pela música e pela beleza da arquitetura da cidade, não existe concentração de grandes edifícios e nada é monótono. Muita gente nas calçadas estimulando os corredores.

Quando alcançamos o km 13 saímos da cidade e ganhamos a freeway e com esta o primeiro aclive, nada forte, mas ligeiramente longo. Ao fim deste uma forte descida e desembocamos em uma rodovia menor. À medida que as milhas acontecem constato que a altimetria me enganou: o percurso não é tão plano quanto parecia.  Aqui o público diminui, mas vez por outra temos a presença das famosas cheer-leaders (animadoras de platéia, comuns nos EUA).

No km 21 deixamos a rodovia e entramos em um boulevard de subúrbio de classe média, famílias saem às ruas para oferecer frutas, balas e sal; seguimos por ele até o km 25. Começamos a contornar a grande Mission Bay, nos próximos 9 km ela estará ali, à nossa esquerda. Neste percurso, curtos declives, curtos aclives. Uma ou outra reta mais longa. Me vem à cabeça a Maratona de Curitiba, mas, pensamento positivo, forço a imaginação para evitar a comparação; vamos em frente.

TAMBÉM ESTRADA DE TERRA. Chegamos na milha 21 e logo em seguida uma placa com indicação em km, 35. Agora só me faltam 5 milhas, ou 7 km, melhor pensar em milhas, melhor nem considerar que neste trecho estamos correndo em terra batida, sem torcida e sem bandas de Rock'n'Roll. O ‘pacer' já vai lá na frente, uma seqüência de subidinhas me impedem de alcançá-lo, mas estou bem, vou terminar dentro do prazo previsto.

Na milha 25,5 (km 40,8) entramos na área de segurança da marinha americana, no Marine Corps Recruit Depot. Já dá pra ouvir o som das bandas, falta muito pouco, não sinto nenhum incômodo e ainda tenho um pouco de gás. Então dou uma esticada final, a faixa de chegada vai ficando mais próxima, nas arquibancadas laterais uma multidão dá o empurrão final. Cruzo sob a faixa de chegada e vejo o tempo 4:10:47; mais tarde recebo o tempo líquido 4:07:27. Uma prova linda e maravilhosa.

Recebo a bela e pesada medalha, pego algumas frutas e deixo a área de segurança para me juntar à Rita e milhares de corredores e seus familiares que aprontam um verdadeiro picnic, com churrasco, cerveja e muito rock. Dali para retornar ao centro da cidade a mesma facilidade e organização, tudo rápido e sem confusão. Gostei muito, quero voltar e correr outras da série Rock'n' Roll Marathon. Até lá vou revendo a chegada aqui no site www.rnrmarathon.com. No ano que vem a prova acontece dia 6 de junho.

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