POR ROBERTA BRAUNER | @globetrotter_bb
A Maratona de Valência é muito especial. Não só porque é plana e com uma chegada linda, mas porque é muito nítido que a cidade inteira respira corrida. Desde a chegada no aeroporto, que, assim como as maratonas de maior renome, recebe os corredores com banners e fotos de boas-vindas, até a participação do público durante a prova, tudo lembra a maratona. E qual outra maratona deixa você escolher o seu número e o seu nome para colocar no dorsal? Fica aqui a dica se quiser homenagear alguém; no meu caso, meus afilhados: Dinda 8137.
A EXPO. Eu sempre digo para não deixarem para ir em Expo de maratona no último dia antes da prova. E o que foi que eu fiz? Cheguei em Valência na sexta-feira, tarde da noite, e fui para a Expo, buscar meu dorsal no sábado pela manhã, último dia antes da prova. Fila muito longa e bastante demorada, na rua, antes de entrar no pavilhão. Mas, depois de entrar, tudo tranquilo.
Expo organizada, fácil de pegar o dorsal e muito tranquilo de transitar pelo local. A feira não é muito grande, mas é bastante completa. Muitas opções de merchandising da prova (mas, como esperado, com poucas opções de tamanho por ser o último dia), suplementação, informação sobre outras maratonas, algumas carinhas conhecidas e, de forma geral, muito bem estruturada. Até mesmo para imprimir seu nome na camiseta da prova foi tranquilo – uma ótima surpresa, sem custo algum e uma ótima recordação.
A PROVA. A largada não é muito cedo e é bem organizada, mas o transporte é um pouco demorado e foi essencial estar perto do local. As ruas não são todas bloqueadas para o público nos arredores da largada, o que causa um pouco de confusão para chegar até o seu curral e encontrar tudo que tem disponível na área. Vale à pena fazer uma visita prévia à zona da largada no dia anterior. Erro meu que optei por chegar em Valência tarde demais. Mas quem tem boca vai a Roma (ou Valência, neste caso) e os voluntários ajudam bastante. O ponto positivo disso? Você pode ter a companhia dos amigos até entrar no seu curral; inclusive na, sempre icônica, fila do banheiro.
São muitos banheiros químicos disponíveis e, procurando, encontrei até opção sem fila. Guarda-volumes bem organizado e bem localizado. Você deixa sua própria mochila, com o adesivo identificador que recebe junto com o dorsal. Não precisa usar uma sacola específica da prova.
A largada é uma festa! Música, braços para cima, palmas, interação e palavras de motivação por um locutor muito bem animado. Frio? Sim, o frio ideal. Mas só mesmo até largar, depois esquentou muito mais do que era esperado. E nem precisamos esperar muito tempo até largar. Para quem preferir, pode optar por acompanhar um pelote de tempo com pacer organizado pela prova. A maratona dispõe de apenas uma opção de tempo de pacer por zona de largada, mas, se você escolheu a zona certa da sua largada, vai encontrar um pacer para o seu objetivo.
Um sol lindo, um dia maravilhoso, uma corrida tão plana quanto eu sempre ouvi falar. Sem falar que o final da prova, com uma certa sensação de declive, é digna de RP nos 400m finais. Hidratação a cada 5 km. Água em garrafinhas, que alguns voluntários já entregavam com a tampinha meio aberta. Isotônico em copinhos de papel já dobrados pelos voluntários e prontos para beber. Tudo isso em longas zonas de hidratação, que não causavam aglomeração nem medo de embolar por cima de quem prefere desacelerar enquanto se hidrata. Tudo muito bem preparado para quem quiser buscar um RP.
E a chegada? A chegada é mesmo linda! Ainda mais linda do que eu imaginava. Uma emoção difícil de descrever. Chegar naquele espelho azul tão bem preparado para nos receber. Eu conheço bem Valência. Já admirava a Cidade das Artes e da Ciência. E ainda assim, me surpreenderam a organização e a estrutura montada para a chegada. É um show à parte, de tirar o fôlego!
Durante o percurso, muitos pontos de animação com música e a maior parte do trajeto com o publico torcendo e gritando, com uma energia ótima. Não, não é como Londres ou Nova York. Mas sim, é muito bom!
O PÓS-PROVA. A dispersão da prova é bem espaçosa, mas um tanto desorganizada. Entrega da medalha – que é um show à parte – e de kit de final de prova foi tranquilo e rápido. Mas daí para a frente faltou sinalização para ajudar.
A local de retirada do poncho (que você precisa reservar e pagar ao fazer a inscrição da prova e, por isso, não se aplica a todos os corredores) não era óbvio e foi fácil passar despercebido. Para quem, como eu, pagou para ter a medalha gravada no final da prova, teve que caminhar bastante até um local já fora da dispersão e sem sinalização alguma de como chegar até lá – mas o serviço em si foi excecional e sem tempo de espera algum. O ponto positivo de tudo isso? Você não precisa sair da dispersão para conseguir as fotos mais lindas de Valência com a sua medalha!
PARA MELHORAR. Pontos negativos? Controlar o público é um desafio na Maratona de Valência. Há muitos trechos da prova bastante afunilados pelo público, que avança nas ruas e atrapalha bastante em algumas partes do trajeto. Mais do que isso, é necessário maior controle de pontos de cruzamento para que as pessoas não atravessem em qualquer lugar, a qualquer momento, sem respeitar os corredores em prova. Pessoas cruzando lenta e casualmente com malas e desviando de corredores em vários pontos. Por duas vezes, precisei desviar já em cima de pessoas que nem olhavam para o lado e simplesmente se jogavam na frente dos corredores para atravessar as ruas.
DEU RP. Para completar uma experiência única de maratona para mim, decidi que era uma boa ideia marcar meu voo de retorno para as 15h50 do mesmo dia. O que não me dava a opção de terminar a prova em mais do que 4h e nem a chance de tomar um banho antes de ir para o aeroporto. Completei em 3:49:28, meu RP da vida todinha! E o aeroporto estava cheio de corredores que tiveram essa mesma ideia. Trocas de sorrisos e congratulações. Muitas histórias trocadas durante o voo e deu tudo certo.
Sem dúvida alguma, uma prova que deve entrar para o seu calendário. E deixo a dica: se puder, peça para algum amigo filmar sua chegada de cima da Pont l’Assut de l’Or. É mesmo inesquecível.