Sem categoria André Savazoni 28 de março de 2016 (0) (167)

Rumo a Boston: Mario Ernesto Chaves e os desafios da mudança de vida

Mario Ernesto Chave na Maratona de Porto Alegre, onde fez 3h06 (Foco Radical)
Mario Ernesto Chave na Maratona de Porto Alegre, onde fez 3h06 (Foco Radical)

Mario Ernesto Chaves da bela Caxias do Sul, na Serra Gaúcha (terra da família da Mari Savazoni, por sinal), é um exemplo de como a corrida pode ser benéfica para a saúde e qualidade de vida das pessoas. Ex-fumante, hoje tem o pulmão limpo para os treinos e os 42 km da Maratona de Boston.

“Comecei a correr em 2009, quando após 17 anos fumando resolvi parar. Com a parada, algo que nunca aconteceu em minha vida até então apareceu: a gordura. Nada anormal, mas para quem sempre foi muito magro, ter de abrir o botão da calça para sentar e respirar normalmente foi a gota d’água para mais uma mudança. 

Lembrei dos tempos de criança quando chegava da escola e, mesmo tendo treino de handebol no final da tarde (muitas vezes em 2 turnos), passava a tarde jogando bola e brincando na rua (sim, já foi possível fazer isso). Perna e pulmão (santa ironia) nunca foram problema, então, ‘Vou começar a correr’.

Durante algum tempo meu treino consistia em sair de casa rumo ao Parque dos Macaquinhos (o Ibirapuera de Caxias do Sul): uma caminhada de pouco mais de 1 km, meia volta no percurso de 650 metros em um ‘trote de jogador aposentado’, definição essa de meu irmão mais novo – Samuel que me acompanhou em alguns treinos.

Com o passar do tempo, já conseguia fazer várias voltas no parque e a saída para a rua veio naturalmente. Com ela, uma nova tribo, a busca por uma assessoria esportiva, as primeiras provas de curta distância e afins.

De lá para cá foram seis maratonas (4 em Porto Alegre, 1 em Caxias do Sul e 1 em Punta del Este), algumas meias e uma infinidade de provas de menor distância.

Corro outras distâncias, mas sou apaixonado pela maratona. Acho a prova que mais cobra e devolve ao corredor. Ela cobra uma preparação diferenciada, estafante muitas vezes, mas o retorno ao cruzar o pórtico e, em um instante tu relembrar todos os perrengues que passou até aquele momento, é mágico. Ainda não consegui terminar uma maratona sem chorar.

A escolha por Boston veio de uma reportagem sua, André Savazoni, que li na Contra-Relógio. Algo chamou a minha atenção: o desafio. Não basta querer correr em Boston, tu tem de conquistar o direito de corrê-la. Falei com meu treinador – Marialdo Rodrigues – sobre esse desejo. À época tinha 4 maratonas e 3:33:03 como melhor tempo. Precisaria baixar mais de 18 minutos meu tempo para o índice. Ele montou minha planilha com a prova-alvo sendo a Maratona de Punta. Me enviou completa, todo o ciclo, e ao final dela uma observação: ‘Bom… se tu fizer 100%, te garanto sub 3:10, como sei que é difícil fazer tudo, se tu fizer acima de 80%, já dá os 3:15…’ Moral da história: fechei Punta em setembro de 2014 para 3h09. Nove meses depois, em Porto Alegre, 3:06:49 e finalmente a certeza de que dificilmente cairia para o índice do índice.

Agora me preparo para a prova em Boston. Como moro numa cidade serrana, treino em desnível faz parte de todos os treinos que faço regenerativo, ritmo, longo – por incrível que pareça ao menos nos treinos de pista escapo das subidas/descidas. Tem sido bem intenso esse ciclo de treinamentos, mas apesar dessa intensidade sem nenhuma dor, lesão ou susto (que siga assim).

A minha expectativa para a prova, nesse momento, faltando três semanas, está aumentando. Penso que apenas agora a ficha caiu: ‘Sim, eu estarei lá’. Primeira onda, curral 7. Se vier o sub 3h, excelente. Se não vier, vamos para o PB (recorde pessoal). Se não vier o PB, cara, eu vou ter um unicórnio em casa…

Boa prova a todos.”

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