20 de setembro de 2024

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Sem categoria André Savazoni 26 de março de 2016 (0) (102)

Rumo a Boston: Horácio Fernandes e a ‘loucura’ das maratonas

Horácio Fernandes na Maratona de Porto Alegre em 2015 (Arquivo Pessoal)
Horácio Fernandes na Maratona de Porto Alegre em 2015 (Arquivo Pessoal)

Boston é Boston por causa das pessoas. Dentro e fora das ruas. Na organização ou não. Os corredores, o público, os moradores, o staff, os voluntários… todos fazem da prova uma experiência inesquecível. Assim, nada melhor do que contar as histórias dos atores principais. Dessa forma, nessas três semanas que faltam para a edição de número 120, teremos ainda mais espaço para esses personagens, a começar por Horácio Fernandes, morando hoje em Brasília, administrador hospitalar, pai de Amanda e Sarah, um dos 154 brasileiros inscritos. E Horácio, apaixonado pelos 42 km, mostra também um outro lado de Boston pois a prova norte-americana também abre a possibilidade para inscrição por agências, além de programas de caridade.

“Final do terceiro trimestre do ano de 2005, os dias agradáveis da primavera de Porto Alegre caminhavam em direção ao forte calor do verão. Um grupo de colegas de trabalho aproveitava o intervalo do almoço para fazer musculação e outros para correr no Parque Marinha do Brasil, bem próximo ao hospital em que trabalhávamos no bairro Menino Deus. Eu, particularmente, achava aquilo uma loucura e não participava daquele momento esportivo.

Aos poucos fui convencido que a prática de exercícios era saudável e no início de 2006 resolvi matricular-me em uma academia próximo de casa e encarar o desafio dos exercícios físicos. A orientação era começar com um aquecimento na esteira e depois a série de exercícios nos aparelhos. Posto que olhei para o colega da esteira ao lado e vi que ele estava correndo na velocidade de 10 km/h, digitei 10 na velocidade e comecei a correr. Acho que não fiquei dois minutos naquela velocidade e o coração parecia saltar pela boca.

Maratona de Roma 2014
Horácio Fernandes com o Coliseu ao fundo, na Maratona de Roma (Arquivo Pessoal)

Progressivamente, fui adquirindo condicionamento físico e o gosto pela corrida a ponto de utilizar os 60 minutos da academia somente na esteira, esquecendo definitivamente o exercício da musculação nos aparelhos (somente mais tarde me dei conta que ambos são importantes). Ainda neste ano viajei para São Paulo a fim de comemorar o aniversário de 40 anos de um amigo, mas antes do almoço no domingo o aniversariante tinha uma prova de 8 km do Circuito Caixa na Hípica Santo Amaro, fui convidado a participar.

Dessa forma a paixão pela corrida foi aumentando, assim como a participação em corridas de rua em Porto Alegre, interior do Rio Grande do Sul,, Florianópolis, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Montevidéu e Santiago. Inicialmente 10 km, depois 16 km, 18 km (Volta da Pampulha), meia-maratona e os incríveis 80 km em revezamento da TTT (Travessia Torres Tramandaí no litoral do RS).

Em 2013, já morando em Brasília, aquele mesmo amigo de São Paulo incentivou a nossa primeira participação em maratona: “’uem sabe Berlim e depois comemorar em Munique?’. Aceitei na hora, sem mais condições de realizar a inscrição pelo site compramos o pacote de uma agência de turismo credenciada para garantir a participação em uma das principais maratonas do mundo.

Foi então que busquei informações sobre treinamento específico para maratona e comecei a treinar com a assessoria da Evolua Multisports em Brasília. A preparação foi adequada, cumpri à risca a planilha dos treinos intervalados e dos longos até 32 km. A meta de concluir a primeira maratona sub 4h foi atingida e no dia 29 de setembro de 2013 concluí a prova em 3h58. A sensação de concluir uma maratona é incrível e muito difícil traduzir em palavras aquele momento de consagração depois de um longo período de treinamento, às vezes abrindo mão de outros compromissos em razão da disciplina necessária para uma preparação física adequada.

Surgiu, portanto, a paixão pelos 42.195m e seis meses depois já estava em Lisboa aquecendo as canelas na meia-maratona lusitana visando, na semana seguinte, encarar a maratona em Roma. A performance não foi a mesma (dificuldades do percurso e a chuva ocasionaram a conclusão em 4h10) e resolvi me dedicar ainda mais nos treinamentos para fazer uma bela prova na minha cidade natal e, quem sabe, conseguir índice/qualificação para a Maratona de Boston.

No dia 14 de junho de 2015 atingi minha melhor participação ao concluir a Maratona Internacional de Porto Alegre em 3h35. Esse tempo de conclusão não foi suficiente para garantir a qualificação necessária exigida pela organização da Maratona de Boston, entretanto o desejo de comemorar 10 anos de corridas de rua participando da 120ª edição da mais tradicional maratona do mundo foi maior do que o entrave da falta de índice e novamente a agência de turismo credenciada foi acionada para assegurar a inscrição na prova.

Como maratonista sempre pensa nos próximos 42 km, ainda houve tempo para a inscrição na Maratona de Buenos Aires em outubro de 2015, mas por motivo da febre na pequena Amanda (com apenas 10 meses de vida na época), tive que abortar o projeto Buenos Aires. Como estava com o condicionamento físico preparado para os 42 km, pesquisei alternativas das maratonas mais próximas e consegui inscrição para os 42 km de Curitiba em novembro. A prova foi dura, sendo a segunda metade muito desafiadora em virtude das fortes subidas e, desta forma, concluí a Maratona de Curitiba em 3h42.

Agora o foco total está em Boston-2016, embora uma pequena luxação no pé, seguida de uma sinusite no início do ano tenham prejudicado a minha rotina de treinamentos, eu, o amigo Luciano Jeske e a acelerada Fernanda Almeida (estreante nos 42 km) estamos preparados para este grandioso desafio. Que venha a Maratona de Boston 2016! Até lá!”

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