ESPORÃO OU FASCIITE?
Eu treino muito e surgiram dores debaixo do meu pé. Fiz uma radiografia e deu esporão. O médico já passou vários medicamentos, mas continuo com dor.
José Carlos de Freitas, Natal, RN

Seu quadro clínico é típico de uma fasciite plantar, ou seja, aquela inflamação sob a planta do pé que acomete a porção inserida no osso do calcanhar, responsável pela formação da espícula óssea visualizada ao RX e muitas vezes erroneamente chamada de esporão de calcâneo, que seria uma ponta de osso muito maior.  Muito alongamento, fisioterapia no local, massagens com gelo, e uso de calcanheira para elevar a parte de trás do pé são medidas que normalmente dão resultado, porém o tratamento é longo.

CARTILAGEM NO JOELHO
Fiz uma cirurgia nos dois joelhos há 4 meses (menisco e cartilagem). Eles ainda não estão bons e pior é o esquerdo, que está mais fraco porque o quadril desse lado apresenta um tipo de bursite. Fiz uma ecografia, mas apesar de nela nada aparecer, sinto um incômodo muito grande no quadril esquerdo, muitas vezes mais do que nos próprios joelhos. O que posso fazer para me recuperar? Já passei por mais de 50 sessões de fisioterapia.
Muniz Canoense, via email

A recuperação da cirurgia envolvendo a cartilagem de qualquer articulação realmente é lenta. A bursite do quadril representa uma inflamação de uma pequena bolsa que existe sobre a saliência óssea do quadril, que também é tratada com fisioterapia. Discuta com seu médico para ver se vale a pena realizar uma ressonância magnética dos joelhos para averiguar o estado da cartilagem.  Outra tentativa é o uso de substâncias condroprotetoras, como a glicosamina e a condroitina, para auxiliar na recuperação da mesma.

RUPTURA DE ANEL
Comecei a correr em fevereiro de 2007, seguindo as orientações desta revista. Em outubro passei a sentir fisgadas na perna esquerda; procurei um neurologista que solicitou uma ressonância e um raio-x, que acusaram ruptura radial do anel fibroso, comprimindo a face ventral, e diferença de 1cm de uma perna para outra. A recomendação foi: 20 sessões de cinesioterapia, um sachê ao dia de condroflex durante 6 meses e nenhuma atividade física nesse período. Não parei de treinar, pois meu objetivo era correr a São Silvestre, que inclusive completei com sucesso. As dores não me incomodam muito, mas tenho medo de piorar. Estaria correta a recomendação do médico em me pedir para ficar 6 meses sem nenhuma atividade física?
Antonio Luiz Rabello Clemente, Rio de Janeiro, RJ

Pelo que entendi, a ressonância diagnosticou uma ruptura do anel fibroso de algum disco intervertebral da sua coluna lombar, o que por si só inspira cuidados. Passada a São Silvestre, seu grande objetivo, agora você pode alternar algumas atividades mais leves do que a corrida para que a lesão não progrida, mas o fator determinante será o seu quadro clínico, seus sintomas. Vale a pena compensar a diferença de 1 cm no comprimento de seus membros inferiores com alguma órtese, ou seja, palmilha. Peça ao seu médico uma receita para mandar confeccioná-la.  

FORMIGAMENTO
Tenho 60 anos, já fiz uma artroscopia de menisco no joelho esquerdo, com ótima recuperação e com trabalhos de fortalecimento em academia. Há algum tempo surgiu uma dor na musculação traseira na coxa esquerda, dor que aparecia e era amenizada com aplicação de gelo. Porém, quando corri a Meia do Rio, no ano passado, a dor aumentou e só consegui correr a Integração de Campinas, sob efeito de antiinflamatórios. Juntamente com a citada dor, começou um formigamento na perna esquerda e uma sensação de inchaço no pé. O formigamento tem aumentado muito e já está acometendo também a perna direita. O desconforto é indescritível, uma mistura de formigamento, dor e queimação, sendo que em certas situações não consigo ficar em pé. Em março fiz um exame de eletromiografia, a pedido do ortopedista. Em outubro, a pedido do neuro, foi feita tomografia computadorizada de coluna lombar. Foi recomendado que eu fizesse fisioterapia e acupuntura, porém não procurei essas opções. Consultei outro ortopedista, que me receitou antiinflamatório e vitamina-B, sem efeito. Estou fazendo trabalhos leves em academia e alongamento lombar. Gostaria de ter uma opinião sobre o meu caso, e aproveito para parabenizar a coluna e a CR pela amplitude de orientações a este esporte tão popular como o nosso.
Waldemar Vinha, Santa Bárbara D' Oeste, SP

O dado importante do seu relato sobre seu quadro clínico é a dor e formigamento na região posterior das coxas esquerda e direita, o que leva a crer em alguma alteração neurológica acometendo a coluna lombar. Tanto a tomografia computadorizada quanto a eletroneuromiografia comprovaram a existência de uma compressão no final da coluna lombar, afetando os nervos que por lá passam para suas pernas, ou seja, uma saliência do disco intervertebral que invade o canal medular e é chamado de "bulge" pelos radiologistas. Algo parecido como uma hérnia. Vamos por partes antes de qualquer medida intempestiva: comece com a fisioterapia e/ou acupuntura, atividades físicas na água, alongamento da musculatura ao longo da coluna vertebral e inicie um programa de condicionamento muscular para a região. Utilize um colete para uma melhor contenção desta musculatura lombar, e veja se isto dá resultado. E muita paciência, pois seu tratamento será longo.

JOELHO DE CORREDOR
Apesar do assunto "joelho de corredor" ou síndrome da banda ílio-tibial já ter sito abordado pela seção inúmeras vezes, a verdade é que essa banda tem atrapalhado o ritmo de muitos de nós corredores, não é mesmo? Mas que bom que podemos contar com suas considerações e dicas. Será que poderia informar como e/ou quais os tipos de alongamento para a face lateral da coxa?
Henrique Canedo Xavier, Patos de Minas, MG

Realmente o encurtamento da banda ílio-tibial tem incomodado o ritmo de inúmeros corredores, como você bem disse, causando uma condição clínica chamada de síndrome da banda ílio-tibial, ou "joelho do corredor", caracterizada por dor na face lateral da coxa e joelho, dificuldade para dobrar o mesmo, e diminuição do ritmo de corrida. Os alongamentos preconizados envolvem esta mesma região: na posição deitada, devemos passar uma coxa sobre a outra, com os joelhos esticados, e direcionar a coxa que está por cima na direção do chão. Ou então, em pé, passar uma perna por trás da outra, com os joelhos esticados, e dobrar o quadril lateralmente para sentir o alongamento de toda a face lateral da coxa. Portanto, estiquem-se!