Completar as seis Majors é um sonho de consumo para muitos maratonistas (Berlim, Tóquio, Nova York, Chicago, Londres e, claro, Boston). Envolve anos de planejamento, treinos e também uma organização financeira, ainda mais com o câmbio desfavorável no Brasil e viagens longas, como para o Japão ou com valores altos, no caso principalmente de Londres e da libra esterlina. Ainda mais agora que há uma medalha especial, além do diploma. E esse é o sonho de Guilherme Gaia, que se prepara para conquistar a sexta estrela e fechar as Majors no dia 18 de abril em um lugar especial, Boston. Se bem que, para ele, que odeia subidas, será um desafio a mais. Conheça a história desse “louco por Majors”.
Gaia vive hoje no interior do Paraná, mas é paulista e integrante do Esporte Clube Pinheiros. Maratonista amador, tem 16 provas de 42 km completadas no currículo. Ele comenta, entre outros pontos, porque essa paixão pelas Majors e faz uma análise de cada uma das cinco provas que já correu (algumas, mais de uma vez).
“Berlim, Tóquio, Londres, Nova York, Chicago e Boston. Essas provas têm uma importância destacada pois, além de uma organização e estrutura diferenciadas, reúnem os melhores corredores de elite do mundo, com prêmios atrativos e uma cobertura de toda imprensa mundial. Porém, completar as seis provas que compõem a World Marathon Majors não e uma tarefa das mais simples.
Devido ao destaque e importância delas, são as mais concorridas do mundo e conseguir se inscrever depende de ser sorteado em loterias, pois o número de inscritos pode chegar a ser dez vezes maior que a lotação máxima.
Tem a questão do calendário propriamente dito, de se programar, treinar e se inscrever com mais de um ano de antecedência para cada uma delas (e ter a sorte de ser aceito) já torna a tarefa demorada, sem dizer que Boston, a única delas que exige índice técnico, requer um nível de performance que a maioria dos corredores não atinge, portanto, mesmo que você seja persistente e complete as outras cinco Majors, Boston pode te barrar do sonho.
Vou falar agora um pouco de cada uma das Majors:
Nova York
A organização das provas nos Estados Unidos, em conjunto com o requinte dos norte-americanos em promover os maiores eventos do mundo, fazem das maratonas americanas provavelmente as mais espetaculares em termos de evento. A Maratona de NY é uma das mais charmosas e glamourosas provas, porém traz uma altimetria desafiadora e um grau de dificuldade maior do que as outras Majors. Vale pela tradição e festa.
Chicago
Essa maratona, alem da extrema organização e percurso plano e veloz, compete para mim com Berlim pelo título de melhor para performance, porém, o clima pode ser uma loteria. Em alguns anos chegou aos 30 graus e em outros anos, abaixo de zero, o que estragou com a prova de vários colegas que correram nessas edições. Se o tempo colaborar, Chicago se torna a segunda melhor major para perfortmance!
Londres
O charme inigualável da capital inglesa, aliado a um percurso super-rápido e clima perfeito, torna essa prova incrível. A mim não traz boas lembranças pois foi a única das Majors em que eu quebrei e fiz o pior tempo da minha vida, mas por culpa 100% minha. A prova é incrível e linda.
Berlim
Ahhhhhhhhh, Berlim…. Essa é a ‘Rainda das Rainhas’. Já a corri por três vezes e tenho lá os meus dois melhores tempos da vida!. Indiscutivelmente e a melhor das Majors para performance. Percurso rápido, nível de corredores excelente, multidão torcendo, perfeita. Se o meu depoimento não é suficiente, um dado concreto: os últimos sete recordes mundiais foram quebrados lá. Ainda tem dúvidas?
Tóquio
A última prova a ser inserida no circuito das Majors. Essa prova afasta os brasileiros pela dificuldade de inscrição, distância e pelo alto custo, mas sem dúvida trata-se de uma das mais marcantes! Confesso que mais pela cidade do que pela prova em si. A prova é ótima, plana e rápida. Larguei com neve e assim corremos por 5 km! Porém os japoneses ainda não estão no nível de Nova York e Berlim em termos de promoção do evento. Largada espremida, perde-se mais de 1 minuto no primeiro quilômetro e chegada ainda super sem graça. Ainda precisa evoluir em termos de Majors, mas a cidade de Tóquio é incrível e vale a viagem demais!
Boston
Finalmente, a minha última Major! Tive o privilegio de conseguir o índice por muitas vezes, mas sempre a evitei devido às famosas subidas. Mas agora chegou a hora de encarar. Ouvi de quase todos que correram trata-se de uma prova inesquecível e a mais vibrante de todas. Quem faz, quer voltar, sempre! Quanto à dificuldade, tenho uma grande dúvida, pois, apesar das fortes subidas, vejo muita gente bater recordes pessoais lá, então, estou treinando forte para isso!
A expectativa está grande. Será a minha 17ª maratona, duas delas sub 3h e algumas outras muito perto disso… Quem sabe fecho esse ciclo de Majors com uma grande performance!”