20 de setembro de 2024

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Sem categoria André Savazoni 7 de março de 2016 (3) (537)

Rumo a Boston: As mulheres na maratona – Valery Mello

Nessa terceira entrevista das homenagens às mulheres no mês de março, a personagem é Valéria Mello Cattaruzzi, mais conhecida como Valery Mello, que se prepara intensamente para estrear na Maratona de Boston, em 18 de abril. Será a quarta maratona dela. Mas nada melhor do que a própria corredora para contar a história.

“Meu nome é Valéria, tenho 34 anos, sou contadora, mãe, esposa e também maratonista, como esses loucos que correm 42 km por aí. Hoje meu tempo é dividido entre diversas horas de trabalho, estudos, zelo à minha família e, toda a parte livre, à corrida. Sou decidida, esforçada, dedicada e amo tudo o que construí.

2015.07.26_maratona_meia_maratona_e_family_run_rio_janeiro_JOR15MRJ24728Eu me considero um trator! Sou sócia de um escritório de contabilidade, trabalho em média 44 horas por semana e preciso estar atenta, o tempo todo, para não perder prazos. Além da minha rotina de trabalho, faço periodicamente cursos para me manter atualizada, cuido da minha família e, fora tudo isso, dedico a maior parte do meu tempo livre à corrida. E corro muito. Amo esse esporte!

Comecei a correr depois de engravidar, durante a gestação tive algumas complicações, quase perdi o meu bebê e precisei ficar de repouso. Para manter a calma, eu comia muitos doces, quando estava nervosa comia 1 chocolate e quando estava feliz, 1 bolo. Resultados: engordei 20 quilos, fiquei chateada e com vergonha do meu corpo.

Na virada de 2012 para 2013, decidi que queria mudar, emagrecer e melhorar minha autoestima. Em abril entrei em uma assessoria de corrida e em outubro já estava encarando a minha primeira maratona. Aos poucos, exatamente como é aprender a correr, o esporte assumiu uma boa parte da minha vida e se tornou uma grande paixão. Na verdade, correr é algo único e pessoal, cada corredor tem o seu motivo, o meu é me superar.

Foram três maratonas até agora: São Paulo em 2013 e 2014 e Rio de Janeiro, no ano passado, quando obtive os 3:25:07 que me levaram a Boston. O índice aconteceu. Corro há pouco tempo (três anos) e Boston parecia apenas um sonho. Um amigo comentou na largada que eu poderia conseguir o tempo e uma boa colocação na Maratona do Rio, então corri com isso na cabeça. Fui muito bem até o km 37, quando senti câimbra na perna direita e precisei parar. Um outro amigo passou e me incentivou a continuar. Consegui ir até o fim e ter índice, apesar de ter perdido pelo menos 10 minutos entre parar e diminuir o ritmo.

Com minha filha e um marido que não corre, preciso concluir os treinos bem cedo e/ou na hora do almoço. Treino todos os dias, inclusive aos domingos. Faço musculação, bike indoor e natação, além da corrida. Na questão da alimentação, para Boston resolvi levar a dieta a sério. Tirei doces, frituras, refrigerantes e chocolate, que eu amo! Uso suplementação com orientação da minha nutricionista e como a cada 2 horas, no máximo.

Mas essa rotina não é fácil! Muitas vezes fico cansada, com muitas dores no corpo, sem vontade de levantar, falta ânimo, falta energia, então penso nos meus resultados e objetivos e vou logo treinar. E sim, cada treino conta. Hoje estou totalmente dedicada à Maratona de Boston, a mais velha maratona do mundo.

Boston é um sonho. Um sonho grande! E todo grande sonho pede grandes esforços. Meus treinos não tem sido os mais fáceis, por que estou passando por um momento tumultuado na minha vida pessoal e no trabalho, com muitas mudanças, o que me obrigou a ter dedicar mais tempo ao trabalho e menos aos treinos. De qualquer forma, não deixo de realizar a planilha e me empenhar em cada atividade, apenas aprendi a otimizar o tempo para dar conta de tudo. Isso nos torna mais forte, principalmente a nossa cabeça. Algumas coisas que antes eram um problema, hoje são apenas um detalhe.

Falar sobre corrida me emociona, faz meu olhar brilhar. E eu amo o que construí, amo minha história, meus quilômetros corridos, a sensação de cruzar a linha de chegada. O esporte me ensinou a ter fé, confiança, planejamento e estratégia, hoje não vivo sem. Corro para ter melhores resultados, alcançar o meu menor índice, já ganhei prêmios, medalhas, troféus, mas a minha maior felicidade está na superação.

À noite não abro mão de estar com a minha filha, ela é a minha prioridade. Durante a gestação achei que fosse perdê-la, então valorizo muito. Aliás, cada abraço que recebo dela na linha de chegada, independentemente do resultado, para mim já é uma vitória. Faço isso por mim, faço isso por ela, faço pelos meus objetivos e, com certeza, quero fazer para a vida inteira.

Sempre que começo um treinamento para uma maratona sei que aquela que começa, nunca é a mesma que termina. A Valéria de hoje é com certeza mais forte que a de ontem. E assim, é toda mulher que corre… Forte!”

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3 Comments on “Rumo a Boston: As mulheres na maratona – Valery Mello

  1. Parabéns por tudo que construiu Valery! Tenha certeza que você inspira muitas mulheres. Estou na torcida por você!

  2. Parabéns Guerreira!!! Cada uma de nós tem histórias de luta e perseverança para conciliar todos os afazeres e encontrar tempo pra treinar
    Quero te desejar boa prova!!!

  3. Que orgulho de vc Valéria! Realmente acompanhando de perto sua rotina que vemos o quanto vc é decidida e firme nos propósitos. Porque muitos pensam que a gente só treina, esquecem que às vezes matamos um leão por dia nas outras atividades e o treino é feito na raça. Feliz em fazer parte desta sua história tão bela. Parabéns Val guerreira!

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