Blog do Corredor Redação 29 de agosto de 2023 (0) (1165)

Maratona de Floripa: canetando a ilha dos recordes

POR THIAGO LIMA CANETA | @thiagocaneta

Final de semana eu tinha duas missões quase simples: fazer uma cobertura da Maratona de Florianópolis e aproveitar para fazer meu treino longo dentro dos 42 km. E completar a maratona, se desse.

Sexta-feira. Eu chego do trabalho sempre por volta das 19h em casa. O voo saía 21h15. No aeroporto, tomei meu tradicional café expresso.  Começaram a chamar meu voo. Era a liberação para entrar no ônibus que nos levaria para a aeronave. Após 20 minutos dentro do ônibus, tivemos que retornar para o aeroporto,  pois a aeronave não tinha ainda a permissão para decolar. O avião decolou por volta das 23h e tanto, uma hora depois do horário que deveríamos estar em Floripa. Mas chegamos. Fazia frio. No hotel, tomei uma “verdinha” pra relaxar e dormi.

Quatro horas de sono apenas. Eu tentaria ir correndo para largada da meia, que acontecia no sábado, às 5h15. Mas, com o cansaço da semana, mais voo e trânsito aéreo – vamos chamar assim –, estava muito cansado. E tinha uma maratona pela frente no outro dia. Dormi 30 minutos a mais e deixei pra fazer o trote lá no evento, enquanto acompanhava as chegadas e filmava alguma coisa. Encontrei o atleta e amigo de São Paulo Antônio Luiz, da Subelite. Trotamos juntos por 4 km, 2 indo e 2 voltando, enquanto ele me falava que queria ficar pelo menos no 5ª lugar do pódio da maratona. Falei que daria “bom” e conversaríamos “amanhã”. Na ida do trote, vimos a passagem da elite masculina, os 3 primeiros colocados, e na volta pegamos a chegada feminina.

Estrutura da arena estava legal, com vários banheiros químicos bem distribuídos, tanto na pré-largada, perto dos currais, e também pós-chegada e após a medalha. Utilizei alguns no sábado e no domingo, todos tinham papel, que é item de luxo (infelizmente) nas provas, e desinfetante.

Foram 5.150 concluintes na meia e consegui conversar com o carismático campeão da meia logo após a chegada, Maicon Mancuso, que fez 1:06:31 e por 8 segundos não bate o novo recorde da prova, deixando de embolsar mais R$ 5000,00. “Eu não sabia do prêmio”, argumentou o campeão, sorrindo.

Domingo consegui bater um papo com a campeã e nova recordista, Luisa Giampaoli, com 1:19:32, que dominou a prova e mais que dobrou a premiação com o novo recorde da meia. Também consegui conversar com a vice-campeã, a Rai Silva, de BH, que fez 1:20:00.

A arena do evento este ano estava no Trapiche da Beira-Mar Norte. Enquanto esperávamos o anúncio da premiação, fui com alguns amigos até a Praça dos Namorados, ali do lado, tomar um café na “padoka”.

Entregues os prêmios e finalizada a parte principal da meia. Dali mesmo, fui caminhando sozinho até o Pátio Milano, onde era a chamada Casa do Corredor, para a retirada dos kits. O espaço no estacionamento superior da galeria, apesar de apertado, foi compensado com a organização dos stands e atendimento rápido, uma “leva” legal de materiais e equipamentos esportivos de marcas diversas, e agilidade na retirada dos kits. Retirei o meu e de um amigo sem muita dificuldade, e para a retirada das camisetas entramos numa casa em estilo colonial. Com leitura do QR Code, o atendente já sabia o tamanho da camiseta e a saída logo ao lado. Tudo pronto.

Voltei ao hotel e ainda deu pra pegar o final do café. Depois fiquei trancado no quarto, onde almocei e jantei. Pela janela, a tarde estava sem nuvem e ensolarada. “Por que não aproveitar a Ilha da Magia um pouco e colocar o pé na areia”, pensei. Fui ao Campeche. Estava mesmo um dia lindo, mas não contava com o vento sul contínuo e gelado. Comprei mais uma verdinha para relaxar na areia, e não esquentava de tão frio que ventava. Até molhei o pé. Depois procurei umas dunas por ali para me proteger um pouco do turbilhão enquanto terminava a hidratação. Estava com o corta-vento de Boston, mas não ajudava muito. Decidi que não era dia de passar frio pré-maratona e voltei ao hotel.

Preparei as coisas para o domingo. Bandaid, vaselina, roupa, número de peito, tênis e meia. Jantei, assisti um trecho de um documentário que já tinha visto pelo menos umas três vezes e às 21h já estava dormindo.

O carro estava programado para me pegar às 4h45. Então eu levantaria às 3h50, faria o ritual e desceria para pegar o café em horário extraordinário aos maratonistas, às 4h30. Tomei um copo de café preto com açúcar, comi uma fatia de pão de forma, uma banana, ovo mexido. Parti para o carro, que já me esperava. Apesar das ruas e viadutos já fechados parcialmente, em 15 minutos já estava no Trapiche.


Foram mais de 3 mil concluintes na maratona. Tivemos boas disputas na prova masculina e feminina. Adilson Dolberth, novo bicampeão e bi-recordista da prova em 2023, com 2:20:44, disputou até o ultimo tiro com o queniano Justin Mose,

Já Jéssica Pereira passou o km 25 na 4ª colocação, mas venceu a Maratona Internacional de Floripa com 2:49:07, novo recorde.

Pude conversar um pouco com os campeões durante a premiação e sentir a empolgação deles num dia quase perfeito. Ventou um pouco durante a prova, principalmente nos trechos das pontes e túnel, mas nos últimos 12 km, quando a prova volta à Beira-Mar Norte, não atrapalharam tanto, digo por experiência própria.

Eu tinha 32 km progressivos a cada 8 km, iniciando a 3’50 de pace e terminando os 8 km a 3’35, como solicitado pelo treinador. Após a subida de volta do túnel, encaixei e deixei de ligar para o vento. Cheguei aos 32 km com 1h58 de prova. Até nisso a prova acertou. Tinha um banheiro ali, onde parei para o número 1. Estava apertado já desde a largada eu tinha a intenção de parar apenas nos 32 km.

Gostei das divisões no percurso, separando bem quem estava na frente da turma que vinha mais atrás nas curvas e retornos, hidratação e isotônicos a cada 3km, todas as placas bem visíveis. Voltei a correr após o banheiro, pensando que não conseguiria mais encaixar e, no fim, deu muito bom, mas essa é outra história.

Encontrei o Luiz, da Subelite: “Deu certo, mano, 4º lugar”! Comemorei muito com ele. Acompanhei a premiação e após toda a resenha e clima super agradável pós-maratona, ainda mais numa tão bem organizada e rápida, parti para terminar o domingo, tomar aquela ducha quente, e comemorar sozinho no mercado público mais uma “canetada” e dever cumprido na Ilha da Magia.


Thiago Lima, @thiagocaneta, é um atleta das palavras, escritor e corredor, autor do livro de poesias Antes da ilha, maratonista 2x vezes Bostoner, criador do Caneta Your Sports Story; 21 maratonas com seu PR 02:40:20 na Maratona de Buenos Aires 2022.

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