Sem categoria André Savazoni 25 de fevereiro de 2016 (10) (192)

Rumo a Boston: a arte de treinar para uma maratona

Crédito: BAA (Boston Athletic Association)
Crédito: BAA (Boston Athletic Association)

Muitos treinadores podem ficar bravos com a afirmação a seguir, mas completar os 42 km não é nada fora do normal. Muito longe disso. Possível para a maioria das pessoas. Basta ver, por exemplo, a “turma do fundão” nas maratonas de Nova York e da Disney. Ou em muitas das mais de 500 provas organizadas anualmente nos Estados Unidos. Agora, treinar para uma maratona, ainda mais para amadores, com o foco e a vontade de um corredor de elite (e até a mesma dedicação), dentro de sua realidade fisiológica e de vida, ah, isso, é uma verdadeira arte. Essa relação fica muito clara em Boston, como podemos ver ao longo do texto.

Enquanto escrevia esse texto, por coincidência, recebi por e-mail o vídeo (que publico junto com o texto) da nova campanha mundial da Asics, a “WANT IT MORE”, que segue a linha da empresa de valorizar a performance, o desafio pessoal. Esse lema “casa” muito bem no ambiente que temos em Boston. É disso que falamos ao citar o ambiente da maratona. Quem está lá, treinou muito. Quem está lá, dentro de cada faixa etária, se destacou e se esforçou.. Quem está lá, abriu mão de muitas coisas, pessoais, familiares e até financeiras para juntar o dinheiro da viagem. Quem está lá, em toda a essência, viveu a arte de treinar para uma maratona. Só um detalhe: há muita gente que opta por não ir, por preferência ou por uma questão de impedimento econômico (ainda mais para nós, brasileiros). Não estou dizendo que apenas lá estão todas as pessoas que amam e se dedicam à maratona. Mas quem está lá, ama e se dedica à maratona. É o oposto (basta observar na imagem o olhar e foco dos corredores na largada).

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Digo uma arte pois treinamos por opção, por vontade, por desejo, por prazer. Mas para fazer bem feito, há uma dose extra talvez de loucura, mas podemos trocar por paixão, por determinação. Psicologicamente falando, ao terminar a periodização de 4, 5, 6 meses para uma prova de 42 km como Boston, podemos dizer que a maioria está mais forte, que se torna um melhor profissional dentro dos diferentes ramos de atuação.

Separado, ao analisar algumas possibilidades de treinamento intervalado (extensivo e intensivo, ritmo, contínuo e longo) pode não parecer tanto esforço assim. Por exemplo, fazer 15 x 600 m, 5 x 2.400 m, 18 km de rodagem, 9 x 1.200 m e 28 km em ritmo de 42 km, sozinhos, não assustam tanto, não é? Mas e quando você coloca tudo isso na mesma semana e em sequência. Na segunda, terça, quarta, quinta e sábado? Além de musculação mais duas ou três vezes? E na semana seguinte, você tem 16 x 500 m, 6 x 2.000 m, 19 km, 9 x 1.000 m e 2h50/3h de longo? Para complementar, você joga isso por semanas e meses…

A tudo isso, ainda juntamos alimentação, descanso, abrir mão de algum evento familiar e social. Só não podemos deixar o vinho de lado! Brincadeiras ou preferências à parte, ninguém é obrigado a correr uma maratona (você não será melhor ou pior que seu amigo corredor, longe disso), agora, fazendo ou não o índice de Boston, querendo ou não participar da prova norte-americana, se decidiu em fazer os 42 km, faça direito, se esforce, se dedique, viva em toda a intensidade a arte de treinar para uma maratona dentro desse espírito. Aí, sim, garanto, não irá se arrepender e terá uma história e um aprendizado para toda a sequência da vida!

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10 Comments on “Rumo a Boston: a arte de treinar para uma maratona

  1. Ótimo texto André! Penso exatamente assim… e tá chegando Boston!!!!Abraços!

  2. Perfeito. gosto muito de treinar para a uma maratona..a maratona em si será consequência do seu treinamento e dedicação.

  3. Muito legal, entretanto não adianta só treinar pra Boston e pronto se qualifica. Se vc não tem uma fisiologia que ajuda, se não tem um gene “rápido”. O corredor pode melhorar a velocidade até um limite com treinos, o resto é DNA, duvido que se eu treinar com o melhor treinador, ter o melhor nutricionista vou entrar em Boston

  4. Penso assim também. Se for para fazer mal feita, melhor nem correr. É o que estou fazendo agora. Tenho preguiça de treinar para maratona e, por enquanto, fico nas meias.

    Uma dúvida: no seu treino são 3 intervalados por semana? Eu só aguento 2 e olhe lá.

  5. Cara.explica aí melhor esse treino.qual o intervalo entre as séries?

  6. Excelente texto e muito motivador…com certeza estou vivendo esse momento, pois em Abril será minha primeira Maratona…5 treinos semanais, musculação, etc…é desgastante, mas imagino já a linha de chegada, e como será gratificante conseguir!!!

  7. Oi André, adorei o texto e me identifico muito com ele. O objetivo é a primeira coisa que precisa estar claro para o corredor, pois é a partir dele que ele define o que vai fazer. Eu também gosto de treinar corretamente e impor metas, desde quando comecei a correr, ainda quando não conhecia muitas coisas a respeito de treinamento, seguia uma rotina regrada, e tudo sempre pensando na corrida.Isso é o que me motiva.
    Parabéns pelo texto!

  8. Rodolpho, depende de cada estímulo e “tipo” de treinamento. Os intervalos e ritmos mudam em cada um. Inclusive com base na distância do treino de ritmo, por exemplo, de 1.600, 2.000 m e 4.000 m… e nos outros também.
    Abraço
    André

  9. Enio, boa tarde, tudo bem?
    Sim, atualmente, tem sido três treinos. Na verdade, são dois intervalados (intensivo e extensivo) e um de ritmo (mas em ritmo fracionado, mais forte que o da maratona, não chega a ser de ritmo tradicional), um contínuo longo e um longo. Basicamente, 5 dias por semana, além da musculação e algum outro complemento, como bike (natação não estou conseguindo).
    Agora, tem as aulas práticas da faculdade também, rs

    Abraço
    André

  10. Claro, Sérgio
    Mas o texto não foi pensando exatamente em Boston. Claro que está dentro da série e tem essa característica também, mas o treinar para a maratona para buscar um desafio pessoal seria o tema principal. Esse desafio, como comentou, pode incluir Boston ou não. Não é uma regra nem deve ser.

    Abraço
    André

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