
Muitos treinadores podem ficar bravos com a afirmação a seguir, mas completar os 42 km não é nada fora do normal. Muito longe disso. Possível para a maioria das pessoas. Basta ver, por exemplo, a “turma do fundão” nas maratonas de Nova York e da Disney. Ou em muitas das mais de 500 provas organizadas anualmente nos Estados Unidos. Agora, treinar para uma maratona, ainda mais para amadores, com o foco e a vontade de um corredor de elite (e até a mesma dedicação), dentro de sua realidade fisiológica e de vida, ah, isso, é uma verdadeira arte. Essa relação fica muito clara em Boston, como podemos ver ao longo do texto.
Enquanto escrevia esse texto, por coincidência, recebi por e-mail o vídeo (que publico junto com o texto) da nova campanha mundial da Asics, a “WANT IT MORE”, que segue a linha da empresa de valorizar a performance, o desafio pessoal. Esse lema “casa” muito bem no ambiente que temos em Boston. É disso que falamos ao citar o ambiente da maratona. Quem está lá, treinou muito. Quem está lá, dentro de cada faixa etária, se destacou e se esforçou.. Quem está lá, abriu mão de muitas coisas, pessoais, familiares e até financeiras para juntar o dinheiro da viagem. Quem está lá, em toda a essência, viveu a arte de treinar para uma maratona. Só um detalhe: há muita gente que opta por não ir, por preferência ou por uma questão de impedimento econômico (ainda mais para nós, brasileiros). Não estou dizendo que apenas lá estão todas as pessoas que amam e se dedicam à maratona. Mas quem está lá, ama e se dedica à maratona. É o oposto (basta observar na imagem o olhar e foco dos corredores na largada).
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Digo uma arte pois treinamos por opção, por vontade, por desejo, por prazer. Mas para fazer bem feito, há uma dose extra talvez de loucura, mas podemos trocar por paixão, por determinação. Psicologicamente falando, ao terminar a periodização de 4, 5, 6 meses para uma prova de 42 km como Boston, podemos dizer que a maioria está mais forte, que se torna um melhor profissional dentro dos diferentes ramos de atuação.
Separado, ao analisar algumas possibilidades de treinamento intervalado (extensivo e intensivo, ritmo, contínuo e longo) pode não parecer tanto esforço assim. Por exemplo, fazer 15 x 600 m, 5 x 2.400 m, 18 km de rodagem, 9 x 1.200 m e 28 km em ritmo de 42 km, sozinhos, não assustam tanto, não é? Mas e quando você coloca tudo isso na mesma semana e em sequência. Na segunda, terça, quarta, quinta e sábado? Além de musculação mais duas ou três vezes? E na semana seguinte, você tem 16 x 500 m, 6 x 2.000 m, 19 km, 9 x 1.000 m e 2h50/3h de longo? Para complementar, você joga isso por semanas e meses…
A tudo isso, ainda juntamos alimentação, descanso, abrir mão de algum evento familiar e social. Só não podemos deixar o vinho de lado! Brincadeiras ou preferências à parte, ninguém é obrigado a correr uma maratona (você não será melhor ou pior que seu amigo corredor, longe disso), agora, fazendo ou não o índice de Boston, querendo ou não participar da prova norte-americana, se decidiu em fazer os 42 km, faça direito, se esforce, se dedique, viva em toda a intensidade a arte de treinar para uma maratona dentro desse espírito. Aí, sim, garanto, não irá se arrepender e terá uma história e um aprendizado para toda a sequência da vida!