Hoje o texto é todo da Mari Savazoni. Principalmente, direcionado para as mulheres (e eu paro por aqui). A partir de agora, é com ela. Estamos fazendo essa série de posts sobre rotina, treinamento, expectativas e histórias sobre a Maratona de Boston. E de um “detalhe” não dá para fugir. Precisa ter o índice. Claro, há algumas outras possibilidades, como doação ou comprar com agência… Mas vamos ao que interessa. Conseguir o índice para Boston.

Serei bem sincera. Difícil, é. Mas nada impossível. Longe disso. Quer dizer, em se tratando de corrida, muita coisa é complicado. Para mulher, apenas o fato de correr é bem difícil. Precisa ter companhia. Se tiver filhos pequenos, necessita de uma ajudinha de alguém. Há ainda a compreensão da família, do marido, namorado… Esses fatores formam a parte mais difícil de treinar para uma maratona.
Surgem, então, alguns questionamentos. Por que você quer correr uma maratona? Por que você que corre maratonas quer fazer o índice pra Boston? As respostas são várias. Status, autoestima, superação, meta/objetivo pessoal etc.
Mas o ponto ainda não é esse? O ponto é: você realmente quer? Porque, se você quiser, minha amiga, você vai fazer. Dificuldades todo mundo tem. Em tudo na vida. Por isso que a corrida é tão democrática e justa. Todo mundo pode. E o que é mais justo: você vai colher exatamente aquilo que plantou.
Vai ter de treinar. Terá de fazer força. Um dia, você estará no parque em treino de ritmo e passará um grupo correndo todo alegre, conversando, rindo. E, para você, a corrida não estará tão divertida assim. São escolhas. As deles e a sua. Você quer algo mais do que diversão, alegria, risadas. Você quer índice para Boston. E, para fazê-lo, infelizmente, para a maioria, não dá para correr sorrindo. Qualquer que seja a idade, a faixa etária, será difícil. É difícil para quem tem 24, 40 ou 60 anos…
Eu nunca pratiquei esportes na vida. Comecei a correr com 35 anos. Decidi correr uma maratona com 38 e estreei com 40. O índice para Boston para minha faixa etária é de 3h45. Fiz 3h37. Mas todo o treinamento foi pensando nesse tempo. Muitas vezes aconteceu o que citei acima. A galera se divertindo com a corrida e, para mim, a diversão vinha quando acabava! E questionamentos. “Mas por que eu estava fazendo isso?” Porque queria. Só isso. Muitos treinos sozinha. Sozinha nos primeiros longões da vida. Por quê, gente? Porque queria. Ninguém pode fazer por você. Não tem empurrãozinho, ajudinha. Claro que você conhecendo pessoas que gostam de treinar forte, às vezes até na mesma equipe, terá uma ajudinha na motivação. Mas e se não tiver… Essa será sua desculpa?
Nesta semana publicamos aqui alguns números da Maratona de Boston. Foram 12.018 mulheres concluintes em 2015. É muita gente, muita mulher. Isso é fantástico. Neste ano, do Brasil, temos 39 inscritas. Claro que temos muito mais mulheres com índice que não irão correr em 2016 (até pela questão do custo da viagem com o câmbio bem desfavorável), mas eu desejo que esse número só aumente. E para todas as que dizem: “Eu sonho correr em Boston”, eu só posso responder uma coisa: “Seu sonho vai se transformar em realidade. Só depende de você. De você querer.”