POR ANDRÉ SAVAZONI
Em sua 38ª edição, realizada no final de semana de 3 e 4 de junho, a Maratona de Porto Alegre vai atingindo uma interessante maturidade, em um processo constante de crescimento e melhoria anuais.
Neste ano, a principal novidade foi a “divisão” do evento, com a meia maratona e a rústica de 7 km ocorrendo no sábado e a maratona, “pura”, no domingo, com todo o destaque para os 42,2 km. Além disso, surgiu o Desafio Gaúcho, com 21,1 km + 42,2 km. Essa medida já aprimorou um dos “problemas” da prova, o acesso dos corredores para a largada, que fica distante da maioria da rede hoteleira da cidade.
Minha primeira edição de Porto Alegre foi em 2011 e, desde lá, foi, sem dúvida, o ano de maior tranquilidade no trânsito tanto no sábado quanto no domingo, com o sistema de ônibus oferecido pela prova também funcionando. A saída do shopping após as provas ainda segue truncada, mas esse é um problema viário local ampliado pelas vias fechadas.
Essa divisão também gerou uma maior tranquilidade nas largadas (todas extremamente pontuais). Aqui, porém, dois pontos a observar. Um tem a ver com a organização. Apesar de inúmeras placas informativas e do staff orientando, muitos corredores confundiram o local de largada dos 7 km. Precisa de correções para 2024, apesar de que, também, não custa aos participantes lerem os informes, pois estava tudo bem claro.
Outra questão tem a ver totalmente com os corredores brasileiros. Na inscrição, você coloca o ritmo pretendido e, com base nele, é dividido pelos currais de largada por letras. A, B, C… Tanto no A, quanto no B, os mais “rápidos”, muita gente que não deveria estar naquele ponto, alinhou-se para largar. Isso raramente você vê em provas no exterior, mas é extremamente comum nas nacionais.
A expo manteve a estrutura de anos anteriores, com um bom espaço, estandes de produtos relacionados ao mundo da corrida, mas ainda faz falta uma linha de produtos oficiais da Maratona de Porto Alegre, com camisetas, gorros, jaquetas, bonés, bermudas, shorts, entre outros itens. Muitos guichês para a entrega dos kits e agilidade no processo na maior parte do tempo.
Sobre a estrutura no dia da prova, é preciso acertar os banheiros químicos. Tanto em maior número como também espaçar mais os banheiros ou colocar em outros locais (as duas medidas juntas seriam ainda melhores). Houve longas filas tanto no sábado quanto no domingo. A distância entre o guarda-volumes (na garagem do hipermercado no Barra Shopping, o local da Expo e de concentração para a prova) e o local dos banheiros e de montagem das tendas da assessoria é grande, porém, fica fácil o acesso. Uma sugestão para 2024 são dois vestiários na garagem para a troca de roupas, ainda mais pelo fato de Porto Alegre ser no final de semana de 15 e 16 de junho no próximo ano, o que traz quase uma garantia total de frio..
Sobre os dias dos eventos. Os dois “novos” percursos deixaram a prova ainda mais plana (a meia maratona praticamente não tem variação alguma na altimetria e as pequenas mudanças na maratona também foram bem positivas). Muita hidratação nos dois dias, com mesas no meio das avenidas, o que facilitava demais para os corredores, além de isotônico em saquinhos. Este ano, o clima não foi um aliado em Porto Alegre. Foi um final de semana quente para os padrões e expectativa da prova, mesmo assim, não houve problema nesse quesito de água.
Na meia maratona, havia dois pontos de controle no trajeto, além da largada e chegada (uma sugestão para 2024, um terceiro tapete para deixar tudo ainda mais fiscalizado). Na maratona, foi excelente. Sete pontos de controle nos km 5, 10, 14,7, 17, 27,5, 34,2 e 37,5, além, claro, da largada e chegada. Rápida e eficaz divulgação dos resultados complementou o bom trabalho neste ano (sendo que em edições passadas, esse foi um problema em Porto Alegre e que, agora, parece estar superado). Fica uma sugestão antiga, agora, apenas, de destacar a cultura musical de Porto Alegre e ter atrações ao longo do percurso e na arena de chegada.
Com a rede hoteleira e restaurantes/bares cheios, a cidade parece também, finalmente, ter entendido a importância do evento na valorização do turismo, incluindo os órgãos públicos e privados. Assim, mesmo com São Pedro não colaborando (foram dois dias lindos de céu azul e pouco vento, o que deixou o pré e o pós prova muito agradáveis, porém, para correr, principalmente nos 42,2 km, não foi o ideal), podemos dizer que, na 38ª edição, muito provavelmente, Porto Alegre está perto da maturidade, entregando a melhor edição da história do evento e, com isso, cresce a expectativa para que, em 2024, seja mantido e aprimorado esse nível. Inclusive, as inscrições já estão abertas no https://www.esportif.com.br/evento/MARATONAPOA.
André Savazoni é formado em Jornalismo e Educação Física. Atuou por anos como editor-assistente da Contra-Relógio, e agora comanda uma assessoria esportiva que leva seu nome, a Savazoni Running Team. Já correu sete vezes a Maratona de Boston e tem como melhor marca nos 42 km o tempo de 2:50:20, em Buenos Aires.