Blog do Corredor Tomaz Lourenço 12 de junho de 2023 (0) (458)

ESPN transmite a Maratona do Rio sem imagem alguma dos corredores amadores!

POR TOMAZ LOURENÇO

Quem costuma assistir a transmissão das principais maratonas pelo mundo (ou da nossa São Silvestre) já sabe que a TV contratada vai focar nos atletas de elite, mesmo sendo uma imagem pouco interessante e monótona, uma vez que são raras as disputas, com exceção geralmente dos metros finais.

Foto: Guilherme Leporace / Sandra Guedes

Mas sempre dão um espaçozinho para os outros 99,99% dos participantes, com pequenos flashes, e aí a transmissão ganha vida e alegria, pois é a multidão que faz a festa esportiva, mostrando que muito melhor do que assistir esporte é praticá-lo.

Mas neste domingo (11), a ESPN exagerou na transmissão da Maratona do Rio. Se não bastasse a prova largar no escuro (às 5h) e assim se manter por uma hora, pouco dando pra ver os corredores, a TV conseguiu NADA mostrar dos corredores amadores, focando apenas nos atletas africanos de elite, que ficaram na ponta desde o início até o final.

Ao que tudo indica, a ESPN não tinha autorização para mostrar a prova de verdade, porque mesmo depois de chegarem os primeiros colocados, a imagem era da cidade, da praia, do Corcovado etc. A única outra aparição foi de uma dupla com camiseta do patrocinador Adidas, da prova e da transmissão, falando coisas óbvias e sem graça.

Nunca tinha visto algo igual. Irritante! Para que essa “não transmissão”? Pra se ficar com raiva da ESPN e/ou da Adidas?

Após a postagem acima, li na internet que a Maratona do Rio tem planos de virar uma “major” e entre as exigências para tal estaria o televisionamento da prova, daí que aquela terrível transmissão teria sido só uma experiência. Mas será que o Rio vira “major” e entra no grupo das maiores e mais importantes maratonas do mundo, junto com Nova York, Londres, Boston, Berlim, Chicago e Tóquio? Para isso ela teria que se tornar “pura”, ou seja, oferecer apenas a distância de 42 km, o que significaria perder os 23 mil inscritos que fizeram os 5, 10 e 21 km, neste domingo, o que não é pouca coisa em termos de arrecadação.

De minha parte, adoraria que isso acontecesse, para uma valorização ainda maior dos maratonistas e não como agora em que eles são apenas coadjuvantes nos eventos denominados maratonas.


Tomaz Lourenço é jornalista, 76 anos; lançou a revista Contra-Relógio em outubro de 1993, sendo seu editor até a última edição em abril de 2021. Correu mais de 60 maratonas no Brasil e exterior, além de 2 Comrades; seu recorde nos 42 km foi ao estrear na distância, em Blumenau 1992, com 3h04.

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