A Asics apostou no marketing bem feito no lançamento do MetaRun, um tênis conceito que engloba as novas tecnologias desenvolvidas no laboratório da marca no Japão.
Não gosto de entrar nesse mérito do valor. Claro que R$ 1.200,00 é extremamente caro. Eu, particularmente, não compro um tênis por esse valor. Nem próximo. Se fizermos uma conta básica, daria para levar para casa 4 modelos de R$ 300,00 e teria tênis por dois anos. Mas a Asics pode, sim, cobrar esse valor e, quem quiser (e tiver condições de comprar), está no direito dele também. Dito, isso, vamos ao que interessa, a análise nas ruas.
Recebi o MetaRun da Asics para testar. Veio em uma daquelas malas “007”. Claro que chama a atenção. Ao pegar na mão, a impressão foi de muito bem acabado (não poderia ser diferente, claro), pesado (301 g no pé direito do tamanho US 9,5, ou 41, na balancinha de casa) e alto.
Ao colocar no pé, tudo foi confirmado. Nenhum ponto de atrito e extremamente confortável. O tecido “abraça” o pé, deixando mais justo, porém, não impede de mexer os dedos, por exemplo. Ao correr (aqui, um adendo, pois estou acostumado há anos já com tênis bem leves, de 160 g em média e até de 80 g na última maratona que corri, em Buenos Aires). Então, claro que posso sentir esse incômodo do peso mais do que outras pessoas, mas tive de fazer mais força para levantar os pés a cada passada (com uns 50 g a menos, algo em torno de 250/260 g, acredito que a sensação seria melhor para todos.
Mesmo, nas passadas, pelo drop de 10 mm e por ser alto, você tem de “pensar” mais para não iniciar a pisada com o calcanhar. Para entrar com o médio-pé, por exemplo, a concentração acaba sendo mais exigida do que com modelos mais baixos e com um drop menor. Também, nesse caso, caimos novamente na individualidade de cada pessoa.
Agora, o ponto que ao mesmo tempo mais chamou a atenção e me incomodou, foi exatamente o que muitos gostam: a maciez e o amortecimento extremos. Acredito que seja o tênis mais macio que já calcei. Para mim, isso gera uma “dormência” na sola do pé e atrapalha. Na pista de atletismo emborrachada, então, ficou ainda mais macio. Em trechos de asfalto e terra, ele diminui a sensibilidade ao chão, pequenos desníveis e buracos não são sentidos.
Um ponto positivo é que o solado aderiu bastante, mesmo em piso molhado e com muita chuva. Aproveitando esse dado, em um dos treinos, durante 10 minutos, caiu uma chuva daquelas, intensa, de encharcar tanto a rua quanto o corredor. Não tive nenhum escorregão, o MetaRun molhou, ficou mais pesado (mas não machucou o pé) e, depois, rapidamente, acabou ficando mais seco. Mostrou uma boa “drenagem” da água.
Voltando à maciez, como me incomodou, fiz um teste a mais. Fui fazer também musculação com ele e, em exercícios que exigem também equilíbrio, como afundo com alteres, ele se mostrou instável. No início, foi complicado me “ajustar” e acabou exigindo mais força nas pernas. Porém, ao correr com ele, não tive essa sensação de instabilidade.
A tendência é de que a Asics utilize as tecnologias desenvolvidas em outros modelos de linha da marca. Fica, apenas, a sugestão de focarem no peso e, também, de alguma forma, reavaliarem a maciez, que, a meu ver, pode mais atrapalhar do que ajudar.
Clique aqui e veja a ficha completa do modelo, com as tecnologias desenvolvidas pela Asics.