Blog do Corredor André Savazoni 25 de abril de 2023 (0) (4112)

Boston sendo Boston – por André Savazoni

Dez anos após o atentado de 2013 na Finish Line e o surgimento do Boston Strong, o movimento popular de valorização do esporte e de união de toda a comunidade, a Maratona de Boston entregou tudo o que se espera de Boston na edição de 2023.

Dois pontos chamaram demais a atenção na prova realizada na segunda-feira, dia 17 (tradicionalmente, o evento ocorre toda terceira segunda-feira de abril, feriado do Dia do Patriota). Um deles, inclusive, tem total relação com a Contra-Relógio.

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Savazoni Running Team em Boston 2023



Vamos começar pelo primeiro. O envolvimento da comunidade. O clima no dia da prova misturou chuva fraca com vento e chuva forte em alguns momentos. Isso não impediu que as ruas estivessem lotadas, com bebês em carrinhos cobertos com capa de chuva, criancinhas nas calçadas ou acostamentos fazendo “high five”, adultos, idosos… todos fazendo uma festa incrível e impulsionando os corredores. Os relatos com alunos e amigos foram todos nesse sentido, unânimes: “quando pesava a prova, olhávamos para os lados e, vendo as pessoas ali, na chuva, no frio, gritando, aplaudindo, era impossível não fazer mais força!”. A festa foi incrível e mostrou como, realmente, a Maratona de Boston faz parte da história dos moradores. Foi a minha sexta Boston (a sétima contando com a virtual de 2020 que entrou nos resultados oficiais) e, sem dúvida alguma, a que mais senti o calor humano ao longo dos 42.195 m.

O segundo tema foi a maciça participação dos brasileiros. E por que o envolvimento da CR? Em 2012, já escrevendo para a revista, ao lado do editor Tomaz Lourenço, começamos uma série e uma movimentação com cobertura na prova de Boston. Foi a minha estreia por lá, no ano de calor e temperatura chegando a mais de 30 graus! Nessa edição, com base nos resultados oficiais, foram 58 brasileiros concluintes (pela estatística disponível, não dá para separarmos o total de inscritos por país, mas apenas quem completou o trajeto, mas não iria variar muito mais do que isso). 

De 2012 em diante, tivemos coberturas anuais e especiais de Boston nas edições impressas da revista (eu corri de 2012 a 2016, em 2020 na virtual e agora em 2023), Tomaz Lourenço também esteve fazendo a prova e ainda tivemos as coberturas da Fernanda Paradiso. Isso ajudou demais a popularizar Boston no Brasil e criar o desejo de obter o BQ, o Boston Qualifying, o índice de classificação, e viver a experiência na prova.

Assim, agora, nesta edição 127, foram 672 brasileiros inscritos (com base no país de nascimento, podendo ter alguns brasileiros a mais que tenham usado outra nacionalidade). Desses, 74 não largaram e 598 completaram a prova, nem precisamos citar a porcentagem para ver como foi absurdo o crescimento, mesmo com o câmbio pesado e os custos altíssimos de hospedagem em Boston. 

Ao longo do percurso, ficou nítida essa ampla participação brasileira e, com a bandeira na camisa da minha assessoria, logo depois de cruzar a finish line, vários integrantes do staff vieram dar os parabéns e citar o número grande de corredores do Brasil.

Falando especificamente da prova, tudo funcionando corretamente, apenas, senti uma involução na Expo… comparando com as que havia participado, de 2012 a 2016, está muito menor e sem comparação em termos de atrativos. Hoje, a maioria das compras nos EUA provém do comércio virtual, talvez isso tenha um grande impacto, mas havia estandes de todas as marcas de tênis (com exceção da Nike), de suplementos, de lojas multimarcas e de relógios GPS. Agora, nada, somente dos patrocinadores da maratona. Essa foi a única decepção, que apenas impactou para quem já conhecia. No restante, tudo ótimo, o transporte nos ônibus, a vila dos atletas, tapetes ao longo do percurso, horários, a rápida divulgação dos resultados, guarda- volumes, aplicativo, live tracking e, também, a estrutura nos 5 km no sábado. No geral, Boston entregou tudo o que se espera de Boston!

Para mim, pessoalmente, também tornou-se inesquecível. Foi a primeira Boston que pude correr ao lado de minha esposa e sócia, a Mari Savazoni, a maratona com a camisa de nossa assessoria, a Savazoni Running Team, e fechar no sub 3h, com 2:54:46, além de estarmos com mais 15 alunos nos 42 km (desses 17, com a gente, 15 refizeram o BQ para 2024) e outros três alunos nos 5 km. Que venha a edição 128.



André Savazoni é formado em Jornalismo e Educação Física. Atuou por anos como editor-assistente da Contra-Relógio, e agora comanda uma assessoria esportiva que leva seu nome, a Savazoni Running Team. Já correu sete vezes a Maratona de Boston e tem como melhor marca nos 42 km o tempo de 2:50:20, em Buenos Aires.

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