Notícias admin 15 de junho de 2018 (0) (122)

Entre os “cem primeiros” na Maratona de Bologna

Pois foi assim com a 3ª Maratona Internazionale di Bologna e dei Castelli Medievali que aconteceu dia 25 de abril. Dia festivo na Itália, quando se comemora a libertação da nação do nazi/fascismo. Por isso a presença nas ruas de tantos senhores portando velhos uniformes e garbosas faixas, além de bandas e fanfarras.

Outra coisa que chamava a atenção era o clima de amizade que reinava na largada. Todos praticamente se conheciam. Quando descobriram que eu era brasileiro, fui alvo de olhares curiosos. "Cosa fai un brasiliano qua???" Não acreditavam que eu havia cruzado um oceano para correr aquela maratona. Nem eu.

Dada a largada, aquela balbúrdia típica de maratonistas no km 0, com uma diferença. A maioria se conhecia pelo nome. "Luigi, andiamo a fare em tre ore?", e o Luigi, um gordoto meio baixinho responde: "No! Só se io pegar un táxi!" E assim fomos, entre tapas e risos.

Solaço antecipando o verão italiano em um mês e temperatura de 25 graus. Para quem larga às 9h30 e pensa em fazer em 4 horas, nada bom. Menos mal que a organização da prova era impecável. A começar pela escolha do trajeto, praticamente plano – "La maratona piú veloce d'Italia!!" me disseram meus compadres italianos, – serpenteando uma planura bolognesa com uma paisagem belíssima onde eventualmente aparecia um castelo medieval cravado em alguma montanha.

Abastecimento perfeito de água, frutas, isotônico, chá gelado e esponjas com água a cada 5 km. Até dava a impressão de haver muito mais gente na organização do que correndo. Foi numa dessas baias de "ristoro" que resolvi fazer uma gracinha com uma senhora italiana que voluntariamente aguardava cada um dos loucos que teimavam em correr. Estava no quilômetro 40 e já havia perdido qualquer esperança em baixar meu tempo. Corria agora só pra terminar. Olhei aquela senhora com um ar de uma mamma italiana preocupada com seus bambini e encostei na tábua onde estavam os copos, como quem chega num balcão de boteco e pedi uma taça de prosecco. Olhei pro relógio e disse que tava mais do que na hora de um aperitivo. Tive que voltar a correr pra não tomar uns bofetes.

Pois bem, 4 horas e 13 minutos depois de partir da Comune de Vignola, cheguei mais pra lá do que pra cá no Giardino Margherita (estranho, àquela altura tudo me lembrava pizza e vinho!), um belíssimo parque. Lá estavam os 58 que chegaram na minha frente, as bagagens, local pra tomar um banho de mangueira, com direito a toalha e shampoo. Uma medalha tão chulé que nem em campeonato intersérie no colégio recebi, completava o kit italiano. Sem falar em pão, biscoito, cuca, suco de uva, chá e mais café em pó, dando a impressão que cada maratonista acabava de sair de um supermercado com uma sacola. Só faltou o vinho. Melhor mesmo ficou para o vencedor Andréa Bernabei, com o "temporal" de 2h38. O prêmio incluía um "trancio di prosciuto", um pernil, uma vasta peça de presunto. Haja fome.

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