A Maratona das Flores, no dia 17 de setembro, em Medellín, Colômbia, contou neste ano com a presença da Contra-Relógio, em uma viagem idealizada pela revista, depois do acidente com a Chapecoense no final de 2016, e organizada pela EC Tavares, de São Paulo. O grupo (foto) foi formado por 14 corredores, entre leitores e assinantes. A experiência foi ótima.
Antes de falarmos especificamente da maratona, que teve 1.348 conluintes (com opções também de três outras distâncias, 21, 10 e 5 km), é necessário explicar o contexto atual que vive Medellín, cidade que há cerca de 15|20 anos era dominada pela violência (narcotráfico principalmente) e que nesse curto período transformou-se completamente, tendo o esporte (e a educação) como um dos pilares desse movimento de renascimento, com um longo e eficiente trabalho do poder público.
O esporte faz parte do dia a dia dos moradores de Medellín, que hoje conta com 2,5 milhões de habitantes (5 milhões na Grande Medellín). A principal instalação esportiva é o complexo Atanasio Girardot, cujo estádio principal de futebol é dividido entre o Atlético Nacional e o Independiente Medellín, campos de treinamento, pista olímpica de atletismo, ginásios de vôlei, handebol, ginástica, basquete, entre outros, piscina de 50 metros, pista de bike e skate, além de um amplo espaço verde. Aos domingos e feriados, as ruas ao redor do complexo são fechadas e se tornam uma enorme ciclovia. Detalhe: o espaço é público e liberado para o uso. Claro que todo esse envolvimento reflete diretamente na maratona.
A PROVA. Feita essa introdução, o foco passa a ser a Maratona das Flores. Os pontos positivos da corrida começam pelo site oficial, completo e de fácil navegação, com todas as informações necessárias, além de mapas dos percursos e outros dados. Este ano, a organização lançou um aplicativo para celular, gratuito, com um sistema de acompanhamento online dos corredores no dia da prova e que funcionou perfeitamente. Também pelo APP, logo na tarde de domingo foi possível conferir os resultados oficiais das quatro distâncias.
A inscrição custou entre 70 e 80 dólares para os estrangeiros, dependendo do período em que foi feita. Medellín investiu muito no transporte público na última década, contando com um metrô de superfície, o Metrocable (teleférico com cabines para oito pessoas que transportam os moradores para os morros, já que a cidade está localizada em um vale e boa parte da população vive nas encostas) e ônibus, todos interligados. Inclusive, para ir ao complexo Atanasio Girardot, para a expo, e para a largada e chegada da prova, o metrô é a melhor opção, assim como para se locomover pela cidade.
A feira funcionou por dois dias, na sexta e sábado, com horário estendido. Ainda é tímida, com poucos estandes, mas bem ágil. O grupo da Contra-Relógio retirou o kit no final da tarde de sexta e em 5 minutos todos estavam com o número de peito em mãos. Um dado interessante é que as camisas tinham cores diferentes, dependendo da distância. Além disso, era possível marcar o nome na camisa gratuitamente na feira. Mesmo com o patrocínio esportivo da Nike a partir deste ano, havia poucos produtos oficiais da maratona.
Outro fator de diferença do evento é a largada cedo, às 6h30 para os 42 km e 21 km, com as outras distâncias partindo um pouco mais tarde. Por sinal, o local da feira e do início e chegada da corrida é o mesmo, com estandes de patrocinadores espalhados pela praça. O sistema de guarda-volumes mostrou-se bem eficiente, sem filas nem antes nem depois. Porém, devido ao grande número de participantes da meia-maratona e da ausência de baias separadas por tempo, os primeiros cinco quilômetros da prova são bem lotados.
EXCELENTE ABASTECIMENTO. No dia da corrida, tudo funcionou perfeitamente. A hidratação foi de 2 em 2 km nos primeiros 28 km e, depois, a cada quilômetro (com a água entregue em sacos plásticos, transparentes, muito fáceis para carregar, beber e jogar no corpo). Nem em Majors há tanta abundância de água! Houve ainda isotônico (em copo aberto) a partir do km 6, sendo espaçados de 3 em 3 km a partir daí.
O abastecimento foi completado por um posto de goiabada, um de gel de carboidrato, um de espuma molhada e um de frutas. Na fiscalização, quatro tapetes de controle ao longo da maratona e outros quatro pontos com fiscais anotando o número de peito. Na chegada, água a vontade, frutas, isotônico, café e suplementos. As medalhas foram diferenciadas nas quatro distâncias, com a da maratona sendo a maior e mais bonita.
Realizada tradicionalmente em setembro, a Maratona das Flores é uma prova quente, mas neste ano o céu estava nublado, com a temperatura entre 17 e 25°C. Como choveu nas noites anteriores, a umidade foi bem alta, superior aos 85%. O trajeto é bem duro, principalmente nos primeiros 28 km da maratona (quanto se atinge o ponto mais alto). Há longas subidas, com as maiores inclinações da largada ao km 5 e depois do km 19 ao 28. Porém, deste ponto até o final, a descida é constante e suave, com maior presença de público, principalmente nos quilômetros finais.
MUITOS ESTRANGEIROS. Neste ano, a Maratona das Flores contou com representantes de 39 países, sendo o Brasil dono da maior delegação estrangeira, com cerca de 40 corredores. Na elite, a dobradinha foi dos quenianos nos 42 km, com vitórias de Mike Kiptum (2:21:34) e da bicampeã Carolyne Chemutai (2:49:43).
Quatro dias são suficientes para fazer alguns passeios e visitar pontos turísticos da cidade, como a Praça Botero, com as esculturas de Fernando Botero, o Metrocable e a Praça das Luzes. Não há voos diretos atualmente do Brasil, com as principais rotas sendo via Lima ou Bogotá. Medellín está localizada em média a 1.500 m acima do nível do mar, então, a altitude não é um problema. O fuso é de 2 horas a menos do horário de Brasília.