Notícias Redação 26 de setembro de 2017 (0) (97)

15ª Maratona do Rio passa de 6 mil concluintes

A marchinha de Carnaval "Cidade Maravilhosa", composta por André Filho, traz na tradicional e conhecida letra "Cidade Maravilhosa, cheia de encantos mil, Cidade Maravilhosa, coração do meu Brasil". Bem, pelo menos no mundo da corrida, foi realmente o que ocorreu no dia 18 de junho, com a realização da 15ª edição da Maratona Caixa do Rio de Janeiro. Como a cidade é conhecida pelas belezas naturais e admirada mundialmente, o evento contou neste ano com estrangeiros de 47 países e representantes de todos os estados brasileiros. Trata-se de nossa prova mais internacional e nacional (nesse quesito, ao lado da Corrida de São Silvestre).
Outra música também poderia ter o refrão como lema do evento, na voz marcante de Tim Maia: "Do Leme ao Pontal, não há nada igual". Por coincidência, a largada dos 42 km ocorre na Praça do Pontal do Tim Maia, no Recreio dos Bandeirantes, com os corredores fazendo então um tour pelas belezas da orla carioca, passando pelas praias do Recreio, Reserva, Barra da Tijuca, São Conrado, Leblon, Ipanema, Copacabana e Botafogo, tendo a chegada no Aterro do Flamengo.
Quem vai ao Rio de Janeiro, independentemente da época do ano, o que procura? Sol, calor, belos dias de luminosidade, claridade e céu azul, certo? Bem, quase todo mundo. Os maratonistas torcem contra esse senso comum, pelo menos no domingo da corrida, mas desta vez não tiveram sorte, pois foi realmente o que ocorreu no dia 18 de junho. Um belo dia de sol, tipicamente carioca.
Se por um lado judiou dos corredores com 21°C já na largada às 7h30 (esse, por sinal, é um dos problemas da maratona carioca, que poderia largar bem mais cedo), deixou o visual ainda mais lindo. Na altura do km 9, até golfinhos homenagearam os corredores, saltando na água e sendo vistos por quem tirou o olhar do asfalto ou das longas retas e virou para em direção ao mar!
Esse caráter nacional e internacional da Maratona do Rio pode ser observado tanto na largada (uma área com bom espaço, acesso à praia, surfistas e um belo visual) quanto na longa dispersão no Aterro do Flamengo, pela quantidade de barracas de assessorias e de grupos de corrida de diversas regiões do país, pelas camisas com bandeiras da Argentina, Uruguai e Chile, especialmente, e pelos diversos sotaques inconfundíveis do Norte, Nordeste, Sul…
Dentro desses grupos, a já tradicional Acorja, os Corredores da Jaqueira, com sede no Recife, que esteve no Rio de Janeiro com 45 representantes, comandados pelo presidente Lula Holanda, assinante da Contra-Relógio. "Uma prova fantástica e sempre emocionante, oferecendo um dos percursos mais bonitos do mundo. São 42 km de pura natureza e muita energia do povo carioca. Foi a minha quarta maratona no Rio, sempre com muita alegria", disse Lula, com a experiência de 83 maratonas/ultramaratonas no currículo e a meta de chegar a 100 até o mês de abril de 2019.

RESULTADOS – Em termos de números, a Maratona do Rio de Janeiro segue crescendo, sendo atualmente a maior do Brasil e a segunda da América do Sul, atrás somente de Buenos Aires. De acordo com os dados disponibilizados pela Chiptiming (www.chiptiming.com.br), responsável pela cronometragem, o total nos 42 km chegou a 6.286 concluintes (4.552 homens e 1.734 mulheres), contra 5.518 registrados no ano passado.
Como comparação com duas das principais maratonas brasileiras já realizadas neste ano, São Paulo teve 4.745 corredores completando o trajeto e Porto Alegre, 3.036 (leia a cobertura da prova gaúcha nesta edição). Já Buenos Aires, em outubro, contou com 9.583 concluintes no ano passado, ou seja, mais de 50% acima do Rio, sendo que se trata de uma maratona "pura", ou seja, só existe a opção dos 42 km, como acontece nas principais e maiores do mundo, categoria que talvez um dia o Rio participe, como fazia na década de 1980 (motivo de matéria na seção "História" do mês passado).
Já na Meia-Maratona Olympikus, realizada simultaneamente com a maratona, a supremacia feminina foi evidente (uma tendência mundial e que pela segunda vez se repete na prova), com 4.910 mulheres completando o belo percurso carioca, entre a Barra da Tijuca e o Aterro do Flamengo, contra 4.015 homens, além de 13 atletas nas categorias especiais. Nos 21 km, o total de corredores foi de 8.925 (uma pequena queda, já que foram 9.522 terminando em 2016). As mulheres também dominaram a Family Run Smart Fit, com 3.158 concluintes nos 6 km e 1.856 homens, além de 20 atletas nas categorias especiais. A prova reuniu 5.034 corredores (4.004 no ano passado).
Dessa forma, todo o evento da Maratona Caixa Cidade do Rio de Janeiro teve 20.245 concluintes, com base nos resultados disponíveis até o fechamento desta edição, contra os 33 mil inscritos anunciados pela organização e durante a transmissão ao vivo dos 42 km no canal SporTV. Assim, o total foi pouco acima do ano passado, quando chegou, nas três provas, a 19.044.
Na elite masculina, os vencedores dos 42 km foram os quenianos Ednah Mukhwana (2:38:34) e Godfrey Kipkosgey Kosgey (2:17:41). Para alegria da torcida no Aterro do Flamengo, o Brasil conquistou o 2º lugar no feminino e no masculino, com Mirela Saturnino de Andrade (2:39:02) e Edmilson dos Reis Santana (2:21:01). Já a Meia-Maratona Olympikus do Rio de Janeiro foi dominada pelos atletas do Brasil. Joziane Cardoso ganhou com 1:18:09 e Giovani dos Santos comemorou a primeira colocação em 1:04:42.

A PROVA – De acordo com dados da organização, o evento disponibilizou 558 mil copos de água, 210 mil frutas, 2,8 mil colaboradores no staff, 250 profissionais de saúde e mais de 250 ônibus para transporte dos inscritos, além dos postos com saquinhos de isotônico e de gelo para resfriar tanto as bebidas quanto os corredores.
E nesta 15ª edição foi tudo muito necessário, principalmente na segunda metade da maratona, entre a Barra da Tijuca e o Aterro do Flamengo, com quase nada de sombra (apenas um "refresco" nos túneis e uma ou outra área com árvore ou sombra de prédios) e muito calor. Esse foi um ponto positivo, pois mesmo para os mais lentos, havia água gelada e várias mesas nos postos. Devido ao calor, inclusive, se o intervalo fosse menor entre os locais com água, teria sido ainda melhor.
Neste ano, o staff estava realmente animado, com a maioria incentivando os corredores, entregando copos e saquinhos na mão, procurando os mais gelados… A população carioca aos poucos vai aprendendo a conviver com uma grande maratona e houve pouca gente ignorando os avisos e cruzando no momento em que os corredores estavam passando. Somente na região do Leblon/Ipanema e Copacabana que houve um ou outro caso, sem falar no trecho próximo do Aterro do Flamengo (com caminhantes entrando na frente ou ciclistas jogando a bicicleta, como observou a reportagem da Contra-Relógio, mas logo sendo criticados pelos próprios pedestres ou ciclistas que estavam nos mesmos locais).
O percurso da maratona realmente é muito bonito, com longas retas, o que em algumas vezes, acaba exigindo mais do preparo mental, pois qualquer desconcentração pode representar uma quebra no ritmo. Em termos de dificuldades da altimetria, são duas subidas, ambas na segunda metade dos 42 km, no acesso ao complexo do Túnel Joá e, depois, na Avenida Niemeyer, com a descida na sequência e algumas curvas. No restante, tudo absolutamente plano.
"Me surpreendi com essa prova! Desde a inscrição, pelo fato de ser intransferível, o que inibe várias coisas. A opção de pegar os ônibus oficiais na área da chegada e ser transportado até o ponto de largada é bem interessante, porém o sistema ainda é um pouco bagunçado, mas isso ocorreu mais pelo fato de os próprios corredores ficarem furando a fila e tentando entrar sem o tíquete de embarque, o que foi muito bem explicado no site e na retirada do kit", afirmou o assinante Júnior Azevedo, de Jundiaí.
"Outro aspecto que vem melhorando é a feira. Ainda longe das expos de grandes maratonas internacionais, claro, mas gostei do atendimento geral e das opções. A organização poderia trazer mais expositores com preços promocionais. Começo a mudar a minha opinião de que provas aqui no Brasil não tão legais como as lá de fora", completou Azevedo.
O assinante sugeriu, entre as melhorias, um controle das baias de ritmo na largada, o que não existe atualmente. "Deveriam separar os atletas em ondas e currais. Vi muitos corredores lentos bem lá na frente, enquanto outros rápidos acabaram largando no grupo de trás por não conseguirem chegar mais próximo do pórtico. E outro ponto muito importante em provas, ainda mais com altas temperaturas e umidade relativa do ar igualmente elevada, os pontos de hidratação com água e isotônico deveriam ficar menos espaçados na segunda metade, a não mais do que 2 km", disse o assinante.

EDIÇÃO DE 2018 – Desde o ano passado, a Maratona do Rio tem sido realizada junto com o Feriado de Corpus Christi, o que será repetindo em 2018 e deixa a data móvel. Assim, a prova ocorrerá no dia 3 de junho e as inscrições para os 42 km já estão abertas pelo site oficial (www.maratonadorio.com.br). O preço do primeiro lote é de R$ 150, com a Elite Vip (com largada e kit diferenciados) custando R$ 290. Lembrando que, para a prova de 2017, as vagas acabaram com dez meses de antecedência.
Em relação às outras duas provas, a organização informou que divulgaria os dados futuramente, o que não havia ocorrido até o fechamento desta edição. Existe a possibilidade da de 6 km ser realizada no feriado da quinta e os 21 km, no sábado, criando um desafio nos moldes da Disney (leia mais no box).

 

 

Depoimentos de assinantes
"O percurso dispensa comentários, a paisagem é realmente impressionante. A população marca presença, principalmente a partir do Leblon, dando bastante apoio. Abastecimento correto, em todos os pontos tinha água gelada. O único porém fica para o horário de largada, muito tarde, considerando a temperatura na capital fluminense, mesmo no final de outono."
Carlos Cardoso, de Ponta Grossa

 

Para comemorar meus 61 anos, decidi fazer minha primeira maratona e escolhi o Rio de Janeiro. Seis meses de treinamento com planilhas elaboradas pelo excelente treinador e colaborador da CR, Fernando Beltrami, que conheci através da revista. A organização da prova foi perfeita, desde a entrega dos kits, aos pontos de hidratação e até na retirada dos pertences no guarda-volume. Apesar do sol quente, no final da prova ver o Cristo Redentor valeu demais! Agora também sou maratonista!
Bernadete de Queiroz, de Uberlândia

"Foi a minha sexta participação na prova. Apesar de ter feito a de Porto de Alegre uma semana antes, acho que senti mais o calor do que o cansaço. Gosto da maratona carioca, mas com o crescimento do número de participantes algumas modificações precisam ser feitas. Aquela largada ‘para trás' está a cada ano mais complicada e até perigosa, vi um corredor caindo ao pisar em falso na calçada. O horário de largada também poderia ser antecipado para tentar fugir um pouco do calor. Organizar por baias seria uma solução, principalmente se a organização sonha em ser uma Major…
O abastecimento foi muito bom até o km 28, no alto da Niemeyer, a partir daí achei que ficou meio errático, salvo engano chegamos a ficar quase 5 km sem qualquer hidratação. Em compensação, em todos os postos tinha agua gelada, pelo menos na hora em que passei. O trecho de Copacabana sempre acho complicado, com muitas pessoas atravessando a pista na frente dos corredores. No funil de chegada, não sei se a pista estava muito estreita pela divisão com a meia-maratona, mas senti ‘apertado' demais para os maratonistas. Fechei a prova em 4h12 e senti a área de dispersão bem pouco convidativa a permanecer por mais tempo no local. Peguei as minhas coisas rapidinho no guarda-volumes e segui para o hotel."
Carlos Teixeira, de Londrina

 

 

Novo percurso?
Além da possibilidade de se desmembrar a maratona da meia, que aconteceria no sábado, enquanto a Family Run no feriado de quinta, o evento carioca está avaliando a possibilidade de arrumações no percurso dos 42 km, para evitar o congestionamento na parte inicial. Como a CR foi a responsável por uma pequena alteração do percurso na 3ª edição, em 2006, repetimos aqui novamente nossa sugestão.
Em 2005, ao correr a Maratona da Cidade do Rio, e chegar perto do final já "quebrado", constatei uma situação bastante desagradável, que era alcançar o km 39, tendo ao lado, na outra pista, o pórtico de chegada, ou seja, era necessário ir mais 1,6 km à frente no Aterro do Flamengo e voltar. Então, propus à organizadora Spiridon, para que esticasse o percurso na largada, de forma a que os maratonistas chegassem direto ao pórtico no Aterro, o que foi aceito e tem sido desde então.
Mas com o crescimento da prova, aquele primeiro trecho de vai e volta, na largada, acabou ficando estreito demais, daí os estudos para uma alteração em 2018. O mais racional e prático é se fazer o que ocorre nas grandes maratonas pelo mundo, ou seja, estabelecimento de baias por ritmo previsto, com efetivo controle de entrada nessas áreas, que pode ainda ser aperfeiçoado por saídas em 2 ou 3 ondas. Dessa forma, o fluxo seria fácil, uma vez que os mais rápidos estariam à frente.
(Tomaz Lourenço)

 

Duas em uma semana
Há alguns anos, depois de ler o relato do Tomaz Lourenço aqui na Contra-Relógio e conversado com ele quando correu duas maratonas seguidas, com 7 dias de intervalo, em Paris e Londres, eu tinha a vontade de vivenciar essa experiência. Neste ano, surgiu a oportunidade da dobradinha, com Porto Alegre e Rio de Janeiro. Na verdade, seriam três maratonas em seis meses, pois ainda corri Los Angeles no dia 19 de março.
Dessa forma, me preparei para Porto Alegre, aliando o fato de a temperatura estar sempre excelente e conhecer o percurso. Não fui ao meu limite, mas corri forte, procurando manter um ritmo constante do início ao fim, fechando em sub 3h (2h57). De segunda a quarta-feira, fiquei com muitas dores na panturrilha, talvez pelo fato de ter corrido com um tênis bem baixinho (Mizuno Universe 5), que gosto muito, mas que ‘judia' da musculatura, principalmente da parte inferior da perna.
Descansei de segunda a quarta, sem correr, procurando me alimentar e me hidratar bem. Na quinta, fiz um intervalado em pista de atletismo e na sexta apenas 6 km bem leves.
Corri nos últimos três anos a Meia do Rio, mas faltavam os 42 km cariocas (muitos sonham com as Majors, mas eu quero fazer todas as oficiais brasileiras que entram no Ranking de Maratonistas da Contra-Relógio). Até comecei em ritmo forte, mas sentindo o calor, resolvi relaxar e curtir a prova e o visual do Rio, para fechar em 3h24.
Nessa segunda maratona, como "proteção", usei um tênis com mais amortecimento e drop, aproveitando a prova para testar o Olympikus Rio 5, lançado na expo da maratona carioca. Pude comprovar o que o editor já escreveu aqui na CR: estando treinado, é possível e bem tranquilo fazer duas maratonas em uma semana, desde que apenas uma pra valer, e descansando entre elas. Caso tenha essa meta, pode correr atrás que será bem mais tranquilo do que imagina. 

André Savazoni

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