A 34ª Maratona de Porto Alegre, disputada no dia 11 de junho, cresceu em número de inscritos, de concluintes e corrigiu pontos falhos registrados no ano passado, porém, apresentou novamente falhas na cronometragem (corredores sem aparecer nas primeiras listagens, outros com alguns minutos a menos no tempo que fizeram, entre outros problemas), e consequentemente na divulgação dos resultados e premiação por faixas etárias.
Em termos de números, a maratona contou com 3.036 concluintes (2.323 homens e 699 mulheres, além de 14 nas categorias especiais). Já na meia-maratona foram 2.529 corredores a completar o percurso (1.460 homens e 1.069 mulheres), segundo os resultados divulgados até o fechamento desta edição. Isso sem contar as provas rústicas de 10 km (1.022 corredores), 5 km (541) e 3 km (178). Totalizando todas as provas, o evento reuniu 7.306 concluintes.
Entre as mudanças para este ano, a primeira foi em relação ao ponto de largada/chegada, diante do Shopping Barra Sul (onde ocorria anteriormente e em uma região mais afastada da região central e de concentração dos hotéis). Nesse ponto, porém, se exigiu uma logística a mais dos corredores, devido ao trajeto mais distante (com ônibus sendo oferecidos pela organização a partir dos hotéis oficiais da prova); por outro lado, foi aprimorada a estrutura, toda montada dentro do estacionamento do shopping, com amplo espaço para carros e barracas de assessorias, assim como tenda médica, guarda-volumes, banheiros químicos e área de premiação.
A feira de entrega de kit foi realizada em uma enorme tenda também no estacionamento do shopping, de quinta a sábado, apesar de grande número de corredores apenas no último dia, quando chegam os inscritos de fora de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul, que são em grande número na maratona gaúcha.
TRAJETO E ABASTECIMENTO. O percurso da prova ficou bem parecido com o do ano passado, mudando um pouco no miolo e o sentido de direção no trecho inicial. Em tese, ficou um pouco mais lento na comparação com 2016, pelo acréscimo de algumas pequenas subidas no começo e mais curvas na parte central. O controle dos corredores também foi aprimorado, com tapetes de cronometragem nos pontos de vaivém, além de fiscais anotando números em alguns trechos nos 42 km. O asfalto deixou a desejar em várias ruas, com muitos buracos (três semanas seguidas de chuva em Porto Alegre contribuíram em muito para esse problema).
A hidratação esteve excelente (água, isotônico, banana e mexerica) até o km 32, porém, na reta final da prova, na beira do Rio Guaíba, faltou um posto, por volta do km 35, antes dos posicionados nos km 38 e 40.
O clima esteve perfeito. Temperatura de 8°C a 16°C entre 7h e 12h, dia de céu azul, com pouco vento. A largada atrasou 12 minutos, o que é sempre ruim, mas nesse caso foi informado pelo sistema de som e com um motivo justificado. Havia uma festa rave que atrapalhou o deslocamento, complicou o trânsito e gerou congestionamentos em ruas e avenidas até o shopping.
Com placas tímidas e escondidas das separações por ritmo na largada, o sistema não funcionou, mesmo porque não havia controle de entrada nas "teóricas" baias. Mas não chegou a ser um grande problema, pelo número de participantes (6 mil) e por já haver consciência de que o que vale é o tempo líquido, portanto contado apenas após a passagem pelo pórtico. E logo depois deste, a pista se abria um pouco mais, facilitando o escoamento.
A sinalização da prova foi correta, com as placas de quilômetro bem visíveis e avisos do pessoal do staff em cruzamentos e na separação entre os 21 km e 42 km. O medalhão para os participantes da maratona (diferenciado em relação aos 21 km e às outras distâncias) também agradou à maioria dos participantes.
"Saiu praticamente tudo bem, mas faço algumas ressalvas: a camiseta de finisher para os maratonistas já veio no kit, ao invés de ser entregue após a prova junto com a medalha, hidratação que não existiu do km 32 ao 37, poucos banheiros químicos pelo percurso e a já conhecida negativa da secretaria de transportes da cidade em permitir um trajeto menos repetitivo", disse Felipe Paranhos, de Porto Alegre.
A assinante Regiane Sperandio, de Jundiaí, concordou com o bom nível do evento. "Entrega do kit muito melhor organizada do que no ano passado. Ter estacionamento do shopping disponível para o dia da prova também foi bacana. Hidratação muito boa e percurso bem demarcado. A medalha é linda e a camiseta de bom material. Mas foi difícil chegar ao shopping pela manhã; acredito que precise de uma parceria com policiais para facilitar o acesso e não que eles fiquem tentando apenas faturar, multando quem invadia os corredores de ônibus. Na concentração para a largada estava estreita a passagem, dificultando entrar nas baias", disse a corredora.
CRONOMETRAGEM – Até o momento da chegada, com alguns pequenos erros já citados, a prova estava "redonda", porém, as falhas na cronometragem e divulgação dos resultados se repetiram. Algo que já havia ocorrido em 2016 e, agora, mesmo com mudanças na empresa responsável pelo trabalho, voltou a ser registrado. Tanto nos 21 km quanto nos 42 km. No próprio domingo houve um atraso pela definição dos cinco primeiros no geral masculino porque dois corredores (Luis Felipe Leite Barboza, com 2:25:09, e Antonio de Sousa Dias, com 2:27:24) chegaram em segundo e quarto lugares, porém, não estavam inscritos como elite, o que é obrigatório conforme o regulamento da prova e de competições oficiais, para que os resultados sejam homologados.
As falhas da cronometragem prosseguiram com a divulgação dos resultados no site oficial do evento, principalmente nos 42 km. Corredores que não apareceram na listagem e outros, com tempos de 2 a 15 minutos menores do que haviam feito. O interessante, nesse caso, é que a maioria entrou em contato com a empresa responsável pelo serviço para que fossem corrigidos os tempos, porém, não é possível saber se houve também quem tenha ficado quieto e aceitando o "presente". Todo o sistema estava sendo verificado, de acordo com a organização, para que fossem acertados antes da homologação dos resultados, que valem para o ranking de maratonistas da Contra-Relógio e podem ser usados como índice para a Maratona de Boston.
Na elite, os primeiros colocados foram Conceição de Maria Carvalho Oliveira com o alto tempo de 2:52:55, enquanto no masculino vitória do queniano Elijah Chebonei com a igualmente fraca marca de 2:20:48, seguido do brasileiro Michael de Paula Passos (2:25:53). Os resultados completos estão disponíveis no site oficial e podem ser acessados em www.maratonadeportoalegre.com.br/resultado2017/
A opinião de quem correu os 42 km em Porto Alegre
"Como pontos positivos: a época da prova (clima favorável), a tentativa de marcar áreas na largada por ritmo previsto, a distribuição de água até o km 32 e o desenho da medalha. Já em relação aos negativos, destaco a entrega de camiseta finisher no kit.
No regulamento estava que haveria água a cada 2,5 km, mas por vezes o que encontrávamos era isotônico; e o pior foi do km 32 para o 38: nada de água! Naquela parte da prova que deveria ter água a cada quilômetro, pelo desgaste de uma maratona.
A divulgação dos resultados foi complicada, mais uma vez, como ocorrido no ano passado. Muitos corredores não apareceram na lista de concluintes; outros (como meu caso) com um tempo muito menor do que realmente fizeram. Apareci na lista com 2h55 e completei em 3h08! Para terminar, por que uma medalha daquele tamanho (e consequente peso)?"
Mário Ernesto Chaves, de Caxias do Sul
"A prova foi top, bem organizada, desde a recepção no aeroporto e o traslado para pegar o kit, até a medalha, que por sinal é muito bonita. Única mudança para o próximo ano poderia ser, ao invés de copinho, que o isotônico fosse distribuído em saquinho, ficando mais fácil para tomar. E, finalmente, consegui ser sub 3h, com 2:59:32."
Elias Campos Júnior, de Americana
"Entre os pontos positivos, destaco o relevo plano na maior parte do trajeto e temperatura baixa em quase todas as edições (uma união ideal para bons resultados). Por isso mesmo, a prova atrai cada vez mais participantes. Para melhorar, falta divulgação em Porto Alegre, pois a cidade praticamente não se envolve e ainda critica o bloqueio do trânsito.
Extremamente demorada a premiação, principalmente devido aos erros na apuração dos resultados. Pessoas reclamando posteriormente que seus tempos estavam errados. A premiação da meia-maratona, para as categorias, foi sair quase às 14h. A hidratação não estava ruim, só que na parte crucial da prova houve falha. Poderia ser intensificado o número de postos na parte final."
Evandro Lírio, de Porto Alegre
"Não sou de criticar, mas foi muito bagunçado. Atraso na largada, baias inexistentes (consegui passar pelo pórtico com quase 5 minutos de prova). Foi difícil correr os dois primeiros quilômetros, pois havia um monte de gente em ritmo muito lento. Para fechar, não saiu meu nome na listagem final e de uns conhecidos também, mas corrigiram após entrar em contato com os responsáveis pela cronometragem. Quanto aos fatores positivos, hidratação eficiente, bom suporte médico, feira legal (melhorou bastante em relação aos anos anteriores)."
Leandro Benini, de Jundiaí
"Uma das melhores maratonas de Porto Alegre dos últimos anos. O tempo nos brindou com um clima muito favorável para a corrida: seco e uns 8°C na largada. Organização quase impecável, só acho que colocaram a largada muito na frente do portal de saída do estacionamento do shopping, o que acabou afunilando o acesso e complicando a separação por ritmos, que não foi respeitada, até por desconhecimento.
A colocação da feira e das tendas das assessorias, além da estrutura da prova, no estacionamento do shopping ficou show. É uma pena, porém, as marcas esportivas não usarem o espaço para lançar produtos."
Fabrício Oyarzábal, de São Leopoldo
"Hidratação excelente e o percurso foi bem melhor do que eu esperava. Aquele momento de cruzarmos com os outros atletas nos vaivéns não me atrapalhou como eu suspeitava que ocorreria. O ponto negativo foi a largada ser tumultuada; após passar o pórtico comecei a correr, mas logo em seguida estava indo para a calçada, porque havia muita gente lenta pela frente. Não sei se seria difícil, porém um controle realmente efetivo das baias talvez ajudasse bastante. Afinal, é uma prova procurada por atletas do Brasil inteiro, muitos em busca de um recorde pessoal ou mesmo de fazer uma boa estreia em maratona. Em relação ao shopping, é muito longe da área dos hotéis para quem é de fora de Porto Alegre, porém, isso é administrável."
André da Silva Mendes, de Brasília
"A mudança no local de largada, em relação ao ano anterior, que era mais centralizada na cidade, pode a princípio parecer que mais prejudicou do que favoreceu o evento. Mas acredito que tenha sido uma decisão acertada. O local anterior não tinha a estrutura necessária para dar suporte ao número de inscritos que se esperava. Em caso de chuva, seria bem mais complicado, devido ao tipo de piso do local anterior, que certamente ficaria todo enlameado.
Outro acerto da organização foi fazer a entrega de kits, juntamente com uma feira, e ainda mais acertado no local da largada e chegada, proporcionando certamente mais facilidade para todos.
A estrutura de circulação a partir do estacionamento para a largada também ficou bem melhor do que no ano anterior, assim como a área após a chegada, com o "caminho" para a hidratação e alimentação, bem como a entrega de medalhas e o guarda-volumes.
O que ficou muito prejudicado foi o acesso à largada, onde os atletas acabavam dividindo o percurso com espectadores, tendo de se deslocar por uma calçada muito estreita, dificultando a entrada em suas respectivas áreas de ritmo. A estrutura para guarda-volumes e os banheiros na área de largada estava a contento, mas poderiam existir mais banheiros químicos no percurso. A hidratação e sinalização da prova foram perfeitas.
Na minha opinião, a largada poderia ser às 8h, pois, com isso, estaria mais claro no momento de início da maratona, favorecendo as ‘filmagens' e também a participação de mais espectadores. A largada com atraso é sempre ruim, mas pelo menos foi explicado o motivo. A concentração dos espectadores na chegada, formando um corredor para os atletas, dando apoio e incentivando, foi também algo muito legal."
Jorge Ferrari Freitas, de Porto Alegre
"Pela primeira vez, participamos da Maratona de Porto Alegre e foi uma experiência muito boa. Entre os destaques, citamos a facilidade e organização na entrega do kit; a estrutura montada na arena de largada e chegada, com as tendas organizadas, guarda-volumes, banheiros e acesso ao pórtico; percurso sinalizado, plano, e com excelente hidratação, além da ajuda que o tempo proporcionou com sol e temperatura agradável; e a medalha muito criativa e bonita.
Por ser uma maratona tida como de nível internacional, deveria ter uma feira melhor estruturada, com mais produtos para oferecer aos corredores (souvenires da maratona e outras opções de fornecedores de material esportivo). Além disso, como parece ser uma péssima tradição de Porto Alegre, as bicicletas que acompanham alguns corredores também atrapalham o fluxo de corrida. É lamentável que assessorias da cidade utilizem desse recurso.
A divulgação dos resultados de faixa etária esta se tornando uma marca negativa da maratona gaúcha, com erros grosseiros, demora na entrega de troféus etc. Melhor seria verificar e garantir o resultado final, enviando depois a premiação pelos Correios. Seria interessante também organizar o fluxo de entrada de táxis no estacionamento após o termino da corrida, para atender os corredores que dependem de transporte."
Francisco e Rosely Apoloni, de São José do Rio Preto
"A distribuição dos kits desde a quinta-feira deve ter ajudado um pouco a diminuir a fila no sábado, mas mesmo assim houve. Local escolhido foi bom, além do retorno da expo em um formato mais interessante do que o das duas últimas edições. Poderia haver uma melhor divulgação/comunicação no site e mídias sociais sobre as informações da prova.
A chegada até o local da largada foi bem complicada por causa da distância dos hotéis e do trânsito bloqueado. Logística um pouco conturbada da área de concentração no estacionamento do shopping até o pórtico. Percurso excelente, todo demarcado e com o tráfego fechado, além de fiscais de trânsito muito zelosos. Hidratação perfeita até o km 28, depois senti falta de um ou dois postos, que deveriam ser a cada 2,5 km. Isotônico e frutas no percurso excelentes. Como sempre, quase nenhum público nas ruas. Clima perfeito: temperatura, vento etc.
Boa estrutura no pós-prova; por ser em um shopping, acabou facilitando em alguns aspectos. Houve problemas na cronometragem e premiação, novamente, algo inadmissível. Penso que poderiam deixar a premiação por categorias de fora, no dia, e adotar o que fazem na Maratona do Rio, com a divulgação após a checagem e a entrega dos troféus pelos Correios."
Clayton Lenz, de Lajeado
"Acredito que Porto Alegre tem tudo pra se firmar como a maior e melhor maratona do Brasil. Percurso plano, temperatura fria (este ano estava ótima), largada cedo, boa hidratação, ruas largas, ótimo nível técnico, o que ajuda quem quer fazer uma prova rápida. Sempre tem gente próxima a você buscando tempos parecidos. Corri o tempo todo com um grupo de 5 ou 6 que também buscavam o sub 3h, por exemplo.
Porém, alguns pontos precisam ser melhorados, se quiserem continuar aumentando o número de participantes. O trânsito para chegar ao shopping, onde foi a largada, estava caótico, o que atrasou muita gente, tanto que retardaram a largada em cerca de 10 minutos na intenção de esperar os que estavam nos congestionamentos.
A maneira com que direcionaram os atletas do estacionamento para a largada precisa melhorar também; muita gente para pouco espaço. Um ponto que melhorou consideravelmente em relação ao ano anterior foi a entrega dos kits. No geral a prova foi muito boa."
Rogério Mateus, de Jundiaí
"A maratona foi algo incrível, a minha primeira depois de várias meias e distâncias menores. Como pontos positivos, o fato de ser plana, com subidas bem leves, quase imperceptíveis, além da temperatura favorável. A hidratação também estava muito boa, assim como o horário de largada acertado.
Como pontos negativos, cito o acesso para a largada, com um corredor estreito e muito apertado, para que todos chegassem no local de partida. As placas de marcação no percurso estavam um pouco confusas, algumas com as setas para o lado contrário das curvas.
Como positivo, cito a medalha diferenciada e maior para quem completou a maratona, em relação à das outras provas. O que pode melhorar é o incentivo à presença de mais expositores na feira, além de um acerto para que fosse liberado o pagamento do estacionamento para os corredores no dia da maratona."
Clayton Moch, de Porto Alegre