A 23ª Maratona de São Paulo foi disputada no dia 9 de abril, com largada e chegada ao lado do Parque do Ibirapuera. As baias estavam muito bem identificadas por cor, de acordo com o número de peito de cada um, e de forma geral as pessoas seguiam para o curral respectivo. Mas a estrutura de grades montada não facilitava o fluxo, nem havia indicações para o rumo a ser seguido, dependendo da cor. O resultado foi uma entrada lenta e confusa nas baias, mas desta vez sem o agravante da presença de "pipocas", que eram em número inexpressivo, comprovando o que a CR defendia há muito tempo, ou seja, de que bastaria haver uma postura de restrição e desestímulo a essa burla, que ela naturalmente refluiria.
De qualquer forma, ao que tudo indica, a organizadora Yescom dividiu corretamente os corredores por ritmo previsto (e não provas, como acontecia em anos anteriores) e montou um controle efetivo na entrada das baias, e o resultado foi uma largada bem fluida, agradando a todos. Apenas uma falha, no início: a instalação de um posto de água na altura do km 2 (sem nenhuma necessidade), em rua estreita, quando poderia ser montado 500 metros depois, em uma larga avenida.
Depois, muita água e gelada, com abastecimento dos dois lados da via, além de pontos de Gatorade em saquinhos. Dois sachês de carboidrato em gel foram entregues junto com o kit, com um aviso informando aos atletas para os carregar e utilizar da forma que estavam acostumados no dia da corrida. O dia nublado e com a temperatura mais baixa em relação às duas edições anteriores (2015 e 2016) facilitaram todo esse trabalho.
A Yescom repetiu as ações que tiveram início na Meia de São Paulo, com eficiência. O controle de acesso às baias de largada foi bem mais rígido em comparação a outros anos do evento e os informes sobre os "pipocas", com frases nas camisetas dos staffs e faixas/cartazes ao longo de todo o trajeto, completaram o projeto.
Na questão da largada, a reportagem da Contra-Relógio demorou dez minutos para entrar na primeira baia (de cor laranja), pois realmente os fiscais estavam verificando os números e barrando quem estava em local errado (nesse período, presenciamos mais de 20 pessoas sendo informadas que não deveriam estar ali e encaminhadas ao setor correto). Nesse caso, a organização está fazendo a parte dela, porém, ainda há problemas que deixam o início da prova lento: pessoas que se inscrevem e colocam para largar em baias que não condizem com o ritmo que irão fazer, o que acaba travando tudo. Como não há uma exigência de comprovação de tempo por parte dos organizadores no ato da inscrição (fica a sugestão de mudança para 2018), esse problema persiste, com grande parcela de culpa dos próprios corredores. Assim, muita gente trotando e outras caminhando logo ao passar pelo pórtico de partida, mesmo saindo na primeira e segunda baia, onde já deveriam largar correndo em um bom ritmo. E estamos falando do primeiro quilômetro da corrida!
LARGADA MAIS CEDO – Os corredores ouvidos pela Contra-Relógio e que também se manifestaram nas redes sociais da revista, em sua maioria elogiaram a organização e as melhorias no evento, ao mesmo tempo em que se destacou apenas uma crítica: quanto ao horário da largada (7h30 para o pelotão geral) que realmente não condiz com uma maratona no Brasil e em abril. Essa é uma antiga bandeira da CR e o evento deveria começar, pelo menos, uma hora antes, às 6h30, com as outras distâncias partindo às 7h30, o que daria maior fluidez nas largadas, reduziria o trabalho no controle das baias e faria o evento terminar mais cedo, ou seja, ganhariam tanto os corredores quanto a cidade.
Uma última sugestão dos corredores ouvidos pela Contra-Relógio trata do tema da animação, com a colocação de bandas e grupos culturais já que a presença de público nas ruas é quase zero, com exceção dos staffs, sempre muito animados, e dos integrantes de assessorias ou grupos de corrida.
Medalhas bonitas e boa dispersão tanto na Politécnica (com o funcionamento correto dos ônibus levando os corredores para o Ibirapuera) quanto no próprio Ibirapuera, além do espaço para a confraternização no pós-prova e muitos banheiros químicos, completam os pontos positivos da Maratona de São Paulo neste ano.
ELITE – Na disputa das primeiras colocações, com tempo altos entre os homens e mulheres, a Maratona de São Paulo registrou nesta temporada o primeiro bicampeão, o queniano Paul Kimutai, que completou os 42.195 m em 2:17:56, repetindo a vitória obtida em 2016. O que chamou a atenção foi a expressiva presença de brasileiros no pódio, com Edson Amaro Arruda dos Santos em segundo lugar, seguido por Franck Caldeira, Wellington Bezerra da Silva e Francisco Ivan da Silva Filho.
Edson Amaro festejou ser o melhor brasileiro. "Fiz um trabalho específico para essa prova. Em 2015 fiquei em quinto lugar, ano passado não vim para a prova e, agora, retornei bem. Estou muito feliz", comemorou o maratonista de 32 anos, natural de Juazeiro (BA).
Entre as mulheres, a queniana Leah Jerotich dominou completamente a disputa feminina, conquistando o primeiro lugar com o tempo de 2:41:58, quase dez minutos de vantagem para a segunda colocada. As melhores brasileiras foram Marizete Moreira dos Santos, quarta colocada, e Simone Ponte Ferraz, na quinta colocação. "Me sinto lisonjeada de chegar aos 42 anos e ainda estar correndo neste nível. É muito gratificante. Foi uma prova muito boa. No km 21 já estava em quarto e fui só mantendo. Esse ano a prova aconteceu mais cedo no calendário, então minha preparação teve de ser acelerada. Também passei pela perda do meu pai e o emocional acaba interferindo um pouco", disse Marizete, bicampeã da Maratona de São Paulo em 2009 e 2010.
Confira os resultados completos em www.maratonadesaopaulo.com.br.
RESULTADOS
Masculino
1) Paul Koech Kimutai (Quênia), 2:17:56
2) Edson Amaro Arruda (Brasil), 2:21:40
3) Franck Caldeira de Almeirda (Brasil), 2:21:53
4) Wellington Bezerra da Silva (Brasil), 2:22:37
5) Francisco Ivan da Silva Filho (Brasil), 2:24:54
Feminino
1) Leah Jerotich (Quênia), 2:41:58
2) Priscilla Lorchima (Quênia), 2:51:04
3) Christine Chepkemei (Quênia), 2:52:33
4) Marizete Moreira dos Santos (Brasil), 2:55:51
5) Simone Ponte Ferraz (Brasil), 2:56:58