A Maratona de Santiago, no Chile, disputada no dia 2 de abril, segue crescendo e atraindo bom número de brasileiros. Na edição deste ano, foram 4.619 concluintes nos 42 km, além de 9.988 nos 21 km e 8.898 nos 10 km. No total, o evento reuniu 23.505 corredores dos anunciados 30 mil inscritos, de acordo com os dados disponibilizados pela organização no site oficial (http://pt.maratondesantiago.com/).
O evento, que conta com selo bronze da IAAF nos 42 km (o único da América do Sul com tal classificação), pode ser dividido em duas partes distintas: foi excelente para quem participou da maratona, mas na meia e nos 10 km apresentou diversas falhas, algumas que vêm se repetindo ao longo dos anos, como a falta de medalhas para os mais lentos.
José Maria Júnior, assinante de Atibaia, treinou para Santiago com a planilha elaborada pelo fisiologista da Contra-Relógio, Fernando Beltrami. "Classifico a prova em dois pontos distintos. A feira continua incrível, uma tradição, com bons produtos e diversidade de empresas do mundo da corrida, em espaço grande e bem distribuído, sem qualquer fila. No dia da prova, organização para a maratona bem feita, com bastante tranquilidade e controle no acesso às baias. Percurso mais difícil do que imaginava, com falsos planos, mas o clima (média de 9°C de temperatura) esteve perfeito e o final, em leve descida, ajuda bastante quem vai em busca de desempenho. Não atingi o objetivo da planilha, pois na metade senti muita dor na coxa e, por isso, deixei o ritmo de lado e segui correndo até o final; mesmo assim baixei o meu recorde pessoal em 1 minuto e 40 segundos", disse José Maria.
O corredor também gostou do público no percurso e da chegada, recebendo medalha e lanche sem qualquer problema. Já os participantes das duas outras distâncias, com o grupo de corredores que viajou com ele de Atibaia, vivenciaram inúmeras falhas (há diversos comentários sobre o tema inclusive no Facebook da Maratona de Santiago).
"Nos 10 km, faltou água e nos 21 km, não havia mais copos nos postos de abastecimento na segunda metade (o pessoal chegou a beber diretamente no gargalo dos galões) e, ao completar a distância, quem ficou mais para trás não recebeu medalhas. Como não havia qualquer controle na entrega, vimos gente saindo com duas, três medalhas, e outros quem completaram a prova, retornaram para casa sem ela. Além disso, no pós-prova também não tinha água, nem isotônico nem frutas. A organização falhou bastante nesse quesito, sendo 100% eficiente somente na maratona e, por isso, os corredores dos 10 km e dos 21 km retornaram ao Brasil com uma impressão bem ruim."
O lado positivo é que a organização entrou em contato com os corredores por e-mail e se prontificou a encaminhar pelos Correios as medalhas para todos que concluíram as duas distâncias, principalmente os 21 km, e retornaram sem o merecido prêmio. Além disso, também no Facebook da maratona, há muita reclamação de corredores sobre a cronometragem da prova, mas com os brasileiros ouvidos pela Contra-Relógio, o tempo dos relógios bateu com o divulgado oficialmente no site de Santiago.
SEGUNDA INTERNACIONAL – Paulo Santos, assinante e treinador de Vargem Grande Paulista, participou da Maratona de Santiago com um grupo de 20 alunos (sete na maratona, dez na meia e três nos 10 km) e aprovou sua segunda experiência internacional, após ter corrido em Buenos Aires 2010. "Fiquei impressionado com a organização para a largada, dividindo os corredores da meia, dos 10 km e da maratona, com as baias sendo respeitadas, ou seja, tudo muito bem feito."
De acordo com Paulo Santos, o percurso da maratona, além de passar por pontos turísticos e ser bem agradável visualmente, destaca-se por uma leve descida na parte final. "A população apoiando durante todo o percurso também ajuda muito na motivação dos corredores."
A hidratação de 5 km em 5 km até a passagem do km 15 e, depois de 3 km em 3 km, sempre com água (em copo aberto, como é tradicional em provas no exterior) e isotônico também recebeu elogios de Paulo Santos. "Já o pós-prova me chamou a atenção pelo suporte nutricional e médico, incluindo a atenção especial ao maratonista, o que, segundo alguns alunos que fizeram os 21 km, não ocorreu na chegada deles", comparou o treinador, reforçando a opinião de José Maria Júnior e levantando outro ponto negativo. "Houve dificuldade de acesso das famílias ao ponto de chegada, que precisaram esperar em um ponto longe da visão do pórtico ou da prova, causando certa frustração", completou.
MAIS RÁPIDOS. O melhor brasileiro na disputa da maratona foi José Luiz Camarero Neto, em 20º lugar, com 2:39:58, seguido de perto pelo assinante Farnese da Silva Borges, 22º com 2:41:01. Prestes a completar 48 anos, o mineiro Farnese tem uma ótima relação com Santiago, onde conseguiu os dois melhores tempos da vida. E tudo sem treinador. "Não uso planilha e só obedeço ao meu corpo. Corro quando estou descansado e, se cansar, paro até dois dias seguidos. Geralmente, faço rodagens de 12 a 20 quilômetros todos os dias e um longo que varia de 30 a 50 km. Não faço intervalado, tiro, essas coisas, somente rodo", explica Farnese. "
Desta vez, ele disse ter feito todo o possível em Santiago. "Não economizei energia. Antes da largada, falei aos amigos que iria para matar ou morrer. A chance de dar errado era maior, mas no final, deu tudo certo. Consegui negativar (fazer a segunda metade mais rápida do que a primeira) em dois minutos. Essa prova em Santiago é fantástica", afirma Farnese, que na semana seguinte completou a Maratona de São Paulo em 2h53, tudo como preparação para participar mais uma vez da Comrades, a ultramaratona mais famosa do mundo na África do Sul (dia 4 de junho).
Na elite da Maratona de Santiago, o clima ajudou na quebra do recorde do percurso, com vitória do queniano Luka Lobowan em 2:09:35. Entre as mulheres, a peruana Inés Melchor garantiu sua segunda vitória, desta vez com 2:34:09.