Sem categoria admin 31 de janeiro de 2017 (0) (136)

Organizadores fiquem atentos!

Nos primeiros anos da revista, muitas foram as matérias publicadas, em que chamávamos a atenção dos organizadores de corrida da época para as inúmeras falhas técnicas de seus eventos e da displicência (para não dizer falta de respeito) para com os participantes. Depois de alguns entreveros, fomos conseguindo, ao longo do tempo, convencê-los de que trabalhar corretamente era bom não apenas para os participantes, mas igualmente para eles, que conseguiam ter mais inscritos e maior arrecadação.
As corridas passaram a ter banheiros químicos, atendimento médico, trânsito controlado, chegadas organizadas (sem filas antes da linha final), abastecimento no percurso e todas essas coisas que já algum tempo são comuns nas nossas provas. Foi então cunhada a expressão, que muito nos honra, de que "as corridas brasileiras se dividiam entre antes e depois da CR".
Nos últimos dez anos, constatamos uma gradativa evolução na organização das provas e o resultado foi a chegada de um novo público, de maior renda, mas com menor espírito competitivo, em que a palavra de ordem passou a ser "o importante é completar", ficando em segundo plano os resultados alcançados. Um exemplo dessa mudança foi que, enquanto lá no surgimento da CR (em 1993) provas de 10 km tinham menos de 10% dos participantes chegando depois de 1 hora, hoje eles são mais da metade!

DIVERSÃO OU COMPETIÇÃO? O crescente interesse pelas corridas levou organizadores a caprichar cada vez mais na estrutura das provas, com o correspondente aumento no valor das inscrições, mesmo porque são empresas "normais", ou seja, com fins lucrativos. As corridas ficaram mais festivas, agradando aos participantes, deixando em segundo plano a preocupação com a parte técnica, já que a maioria está lá mais para se divertir do que para transpirar.
Assim, as organizadoras tem sido um pouco displicente com o lado competitivo do evento e com os que lá estão para correr de verdade (e devidamente inscritos), que se sentem desvalorizados. Algumas provas até entregam numeração de cores diferentes, em função do tempo de conclusão previsto, mas o controle na entrada das baias não é rigoroso; aliás, até sem número de peito se entra… Então, as largadas são confusas porque os participantes ficam todos misturados, entre eles os que já saem caminhando…
Depois, na chegada, não há qualquer restrição para os "pipocas" finalizarem em grande estilo, e os inscritos se sentem meio idiotas por terem pago uma alta taxa para receber camiseta e outro brinde, que não costumam valer nem 20% da inscrição.
Se não bastasse tudo isso, muitos correm com número de outros (homem no lugar de mulher, jovem no lugar de idoso), acarretando pouca credibilidade à classificação e mais uma vez os chamados corredores dedicados aos treinamentos acabam por se sentir desestimulados a se inscrever, na medida em que, se é para ser bagunça, então é melhor fazer um bom treino, com a vantagem de nada gastar.
Para os problemas aqui apresentados, existem soluções, ou seja, baias com controle rigoroso, números de peito diferentes para homem, mulher e idoso, chegada restrita a inscritos e desclassificação imediata no caso de "incompatibilidade" do número com o corredor.
Mas os organizadores pouco têm feito nesse sentido, talvez pelo raciocínio de que o pessoal preocupado com esses aspectos é minoria, e dá um certo trabalho colocar em prática, além de ser antipático e talvez desestimular as inscrições dos demais. Na opinião da CR, tal postura é o chamado "tiro no pé", para não falar outra coisa.
Isto porque, se não são bem competições, mas apenas eventos festivos com apelo esportivo, muitos começaram a se perguntar sobre qual o sentido de se inscrever, se podem participar numa boa, sem qualquer restrição. E o número absurdamente crescente de "pipocas" confirma essa situação.
Em resumo, a postura dos organizadores, por um lado, desestimula quem corre seriamente e, por outro, estimula a não inscrição. É verdade que entre os dois grupos está o da maioria, isto é, dos que se inscrevem e não estão muito preocupados com os problemas aqui levantados, mas do jeito que as coisas vão, é provável que a curto prazo eles se tornem a minoria nas corridas brasileiras.

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