Sem categoria admin 19 de janeiro de 2017 (0) (76)

Jovem corre pelo mundo para entender as mulheres

Desde muito cedo, a francesa Maud Debs experimentou os mais diferentes tipos de esporte. Mas em novembro de 2012, sentindo a necessidade de ter uma atividade física regular, começou a correr. Para se motivar, se inscreveu em uma meia maratona. Apesar de sua experiência atlética, encarou os 21K como um grande desafio – que ela concluiu em 2h30, realizada e orgulhosa de si mesma. E então não parou mais.
"No ano seguinte comecei a pensar sobre o que eu realmente queria fazer da vida. A corrida estava me ajudando a fazer uma reflexão interior? Sim, definitivamente. Minha relação com a atividade teve início com a busca pelo bem-estar físico, mas depois descobri o bem-estar mental e espiritual. E eu seria a única sentir isso? Como outras mulheres encaravam o esporte?", conta a hoje blogueira viajante e corredora, de 29 anos.
A curiosidade em saber o que sentiam outras corredoras pelo mundo se aguçou pelo fato de um relatório europeu, desenvolvido pela Asics, apontar que 54% das entrevistadas começavam a correr para se manterem dispostas e em forma – e 63% continuavam pelo mesmo motivo. "E as mulheres da África, Ásia, Oceania e América do Sul pensavam da mesma maneira? Eu precisava descobrir isso!", diz Maud. Foi assim que surgiu o projeto World Wild Runneuze.

DOCUMENTÁRIO E AJUDA. A jovem deu início ao projeto em 2015. A ideia é participar de maratonas e provas insólitas ao redor do mundo e ouvir mulheres e sua relação com o esporte. "Escolhi conversar com atletas do sexo feminino porque 90% da cobertura esportiva é dedicada aos homens. Quero colocar luzes sobre as mulheres para falar do esporte", revela. Por onde passa, a blogueira grava entrevistas em vídeo para entender as semelhanças e as diferenças entre as corredoras dos mais diversos países. Com esse material, pretende lançar um documentário em 2017.
Mas além do desafio pessoal e da busca por informações, Maud também corre por uma instituição de caridade chamada La Fondation Motrice, que ajuda pessoas com paralisia cerebral e seus familiares. O problema, causado por diversas razões (desde parto prematuro, a traumas e tumores), afeta uma em cada 450 crianças. E leva a danos que comprometem o movimento e o desenvolvimento motor, impondo limitações dos mais variados graus.
"Procuro falar sobre o trabalho dessa fundação ao longo de todas as minhas corridas. Quanto mais conversarmos sobre isso, mais as pessoas vão se conscientizar sobre a doença e ajudar a levantar fundos para estudos a esse respeito. O meu objetivo também é angariar recursos durante minha viagem, com contribuições de 10 euros a cada quilômetro corrido. Assim, pretendo entregar 10 mil euros para La Fondation Motrice", conta.

A LOGÍSTICA DA ESTRADA. Ao decidir sair pelo mundo, Maud começou a fazer uma lista dos países que mais gostava e comprou um mapa. "Selecionei as corridas que tinha vontade de fazer e passei a trabalhar as rotas. Mas quis começar pela África, porque é o lugar de onde vem boa parte dos campeões de corrida e grandes maratonistas", diz. Então, seu primeiro destino foi o Quênia.
A logística passou a funcionar da seguinte maneira: ela planeja o que vai fazer alguns dias antes de chegar ao país, ajustando os planos de acordo com as pessoas que conhece e os conselhos que elas dão. "Tenho minhas corridas definidas e chego ao país pelo menos três dias antes. Gosto de ficar em albergues ou na casa de algum amigo. Também não abro mão de comer a comida local, para que eu possa descobrir ainda mais o país. Mas desde que deixei a França, me tornei vegetariana, então tenho apenas esse cuidado com a alimentação. Procuro sempre me manter bem nutrida, já que esse é um dos pilares para a performance na corrida."

AS DESCOBERTAS PELO CAMINHO. Maud ainda tem uma série de entrevistas para fazer durante sua viagem. Mas adianta um pouco do que já encontrou. "O que mais gostei nessas conversas é que todas as mulheres falam com paixão sobre sua relação com a corrida." Ela diz que também descobriu semelhanças em países que estão em um mesmo continente. "Por exemplo: as mulheres que correm na África Oriental querem ter um futuro, construir uma casa. Para elas, correr é mais uma questão de sobrevivência do que apenas manter a boa forma. Esta maneira de pensar é realmente diferente da minha. Enquanto as ouvia, percebi que eu estava longe de seus problemas. Poderia dizer até que não me sentia orgulhosa de mim mesma, pensando que estava correndo apenas 'por diversão'. Também encontrei outro modo de pensar na Ásia, principalmente no sudeste asiático e na Índia. Lá elas pensam que as mulheres não são feitas realmente para correr, mas ainda assim estão lutando para mudar isso. Finalmente, as mulheres entrevistadas na Oceania podem ser comparados às europeias. Elas querem correr para estar em forma."
A corredora viajante planeja voltar para a França em janeiro de 2017 e concluir seu projeto até o final daquele ano – a ideia é ouvir também as corredoras da Europa. "Nesse meio tempo, estou criando alguns vídeos sobre os países pelos quais passo para meu canal do YouTube."

 

O ROTEIRO DE MAUD
Por onde a corredora já passou e para onde ela vai:
• 100K Kimbia Kenya, Quênia
• Kilimanjaro Marathon, Tanzânia
• Loskop Marathon, África do Sul
• UTOP, Madagascar
• Laddak Marathon, Índia
• Empire Marathon AngkorWat, Camboja
• Vietnam Mountain Marathon, Vietnã
• Luang Prabang Half Marathon, Laos
• Penang Bridge Marathon, Malásia
• Two Bays Trail Run, Austrália
• Orewa Beach Half Marathon, Nova Zelândia
• The Great Wall Marathon, China
• São Paulo City Marathon, Brasil
• Buenos Aires Medio Maratón, Argentina
• Patagonian International Marathon, Chile
• Amazon Race Forest, Peru (previsão: 21 de novembro)
• New Balance Colombia 15K, Colômbia (previsão: 27 de novembro)
• Cancun Marathon, México (previsão: 2 de dezembro)
• Operation Jack 26th, Estados Unidos (previsão: 26 de dezembro)
• Hypothermic Run, Canadá (previsão: 15 de janeiro)

 

Passagem pelo Brasil
Em nosso país, a jovem francesa tinha duas corridas planejadas. "Infelizmente, a primeira, a Ultramaratona dos Perdidos, em Tijucas do Sul (PR), foi cancelada devido ao mau tempo. A outra foi a São Paulo City Marathon, em julho. A organização foi incrível e havia muita gente correndo, coisa que não encontrei tantas vezes na vida."

 

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• Doações para La Fondation Motrice: www.alvarum.com/worldwildrunneuze

 

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