Sem categoria admin 6 de janeiro de 2017 (0) (101)

Domínio africano

Os quenianos e etíopes vêm dominando amplamente as maratonas nos últimos anos. Como esperado, tivemos uma repetição dessa supremacia na Olimpíada do Rio de Janeiro. Vitória do favorito Eliud Kipchoge (Quênia), com Feyisa Lilesa (Etiópia) com a prata e o norte-americano Galen Rupp, o "estranho no ninho", garantindo o bronze. Entre as mulheres, primeiro lugar de Jemima Sumgong (Quênia) com Eunike Kirwa (queniana que corre pelo Bahrein desde 2013) e Mare Dibaba (Etiópia) completando o pódio.
Atualmente, os corredores de elite estão partindo mais cedo para a maratona, devido à premiação e à divulgação na mídia das provas de 42 km. Muitos surgem, conseguem tempos excelentes e depois somem. Principalmente os etíopes. Mas Kipchoge foge a essa regra, o que é uma das explicações tanto para o ouro no Rio como para o desempenho na carreira, com um aproveitamento de quase 100%: tem oito maratonas na carreira, com sete vitórias e um segundo lugar.
Kipchoge, como corredores famosos do passado recente, com destaque para Paul Tergat e Haile Gebrselassie, veio tanto do cross-country quanto das pistas de atletismo. Foi medalha de bronze nos 5.000 m em Atenas-2004 e Pequim-2008, além de ouro na mesma distância no Mundial de Paris-2003 e prata em Osaka-2007. Tem 12:46.53 como recorde pessoal nos 5.000 m. Na meia-maratona, sua melhor marca é 59:25, além de 26:49.02 nos 10.000 m.
A estreia nas maratonas veio com a vitória em Hamburgo, em 2013, com 2:05:30, aos 28 anos. Agora, prestes a completar 32 anos (em 5 de novembro), acumula vitórias consecutivas em Roterdã e Chicago-2014, Londres e Berlim-2015 e Londres (quando fez 2:03:05) e Rio-2016. A única "derrota" foi o segundo lugar em Berlim-2013, quando marcou 2:04:05 e viu o compatriota Wilson Kipsang vencer, batendo o recorde mundial na época, com 2:03:23. A marca atual é do também queniano Dennis Kimetto, 2:02:57, conseguida na capital alemã em 2014.
Na Olimpíada, Kipchoge fez o tempo mais alto da carreira, o que comprova que correu com tranquilidade. Até por volta dos 21,1 km, o primeiro pelotão tinha mais de 50 corredores. Diminuiu um pouco, mas seguiu "embolado" até o km 30, quando Kipchoge aumentou o ritmo, acompanhado pelo norte-americano Galen Rupp (o primeiro a perder fôlego) e o etíope Feyisa Lilesa. O queniano chegou a brincar com o adversário, chamando com gestos o etíope a segui-lo. Mas não teve jeito. Kipchoge partiu para a vitória com extrema tranquilidade.
Já Feyisa protestou após a chegada, cruzando os braços no alto, para denunciar a perseguição que seu povo, os oromos, vem sofrendo no país. E não sabia se ia voltar para lá, com medo de represálias.
Dos 155 que largaram, 141 corredores completaram. O melhor resultado dos brasileiros foi de Paulo Roberto de Almeida Paula, 15º colocado com 2:13:56. Ele tinha sido o oitavo em Londres-2012 e sétimo no Mundial de Moscou-2013. A maratona olímpica marcou a despedida de Marilson Gomes dos Santos, 59º lugar, com o tempo de 2:19:09. Já Solonei Rocha da Silva acabou na 78ª colocação, com 2:22:05.

MULHERES – A prova feminina, disputada uma semana antes dos homens, foi completamente diferente. Com um belo dia de sol, céu azul e calor no Rio de Janeiro. Isso complicou o desempenho da maioria das atletas, menos do pelotão de frente, pois os tempos foram excelentes e a disputa muito forte. Tanto que a diferença da primeira para a quinta colocada foi de apenas 48 segundos, todas sub 2h25. Até o final, as quenianas Jemima Jelagat (ouro com 2:24:04) e Eunice Kirwa (que corre pelo Bahrein desde 2013 e foi prata com 2:24:13) disputaram passada a passada, observadas um pouco atrás pela etíope Mare Dibaba (bronze com 2:24:30). No total, 133 completaram a prova e 25 pararam.
O Brasil teve três representantes na prova. A melhor colocação foi a de Adriana Aparecida da Silva, em 68º lugar, com o tempo de 2:43:22. Já Marily dos Santos foi a 78ª colocada, com 2:45:08, e Graciete Moreira Santana completou em 3:09:15, na 128ª posição.

 

Aos 41 anos

Aos 41 anos, o norte-americano Meb Klefezighi disputou sua quinta maratona olímpica. Prata em Atenas-2004 (na frente de Vanderlei Cordeiro) e tendo no currículo vitórias em Boston e Nova York, Meb sofreu com a alta umidade carioca, chegou a caminhar algumas vezes e terminou na 33ª colocação, com 2:16:46. Escorregou em uma poça quase na linha de chegada, mas não perdeu o bom humor: aproveitou e fez algumas flexões de braço, antes de levantar-se e completar os 42 km. Também aos 41 anos, nos 10.000 m, o norte-americano Bernard Lagat foi o quinto colocado nos 5.000 m, com 13:06.78, a dois segundos da medalha de bronze.

A emoção de Vanderlei
O maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima foi o responsável por acender a pira olímpica na abertura dos Jogos do Rio de Janeiro, no dia 5 de agosto, em um Maracanã lotado. Medalha de bronze em Atenas-2004, quando foi agarrado no momento em que liderava a maratona (em história contada na edição de agosto da Contra-Relógio), Vanderlei viveu uma emoção única. "Foi uma surpresa muito grande. O meu grande momento nos Jogos, sem dúvida, era conduzir a tocha olímpica, como conduzi (em Brasília). Os deuses do olimpo, mais uma vez, me presentearam. Tenho uma enorme gratidão", afirmou.

Gêmeas e trigêmeas
A maratona feminina dos Jogos Olímpicos do Rio teve gêmeas e trigêmeas na disputa. Pela Alemanha, as irmãs idênticas Anna e Lisa Hanner terminaram em 81ª e 82ª posição, com 2:45:32 e 2:45:33, cruzando a linha de chegada de mãos dadas. Já as trigêmeas da Estônia Leila, Liina e Lily Luik competiram juntas nos 42 km pela primeira vez. Liina não completou, Leila fez 2:54:38 (116ª colocada) e Lily 2:48:29 (97ª). Quem se destacou foram as gêmeas da Coreia do Norte Kin Hye-Song e Kim Hye-Gyong, que concluíram a prova em 10º e 11º lugares, com o mesmo e excelente tempo de 2:28:36.

Melhores resultados a América do Sul
A marca de 2:08:44 do queniano Eliud Kipchoge na vitória na Olimpíada do Rio se tornou a mais rápida em uma prova de 42 km no Brasil e na América do Sul. A anterior era de 2:10:24 do também queniano Simon Kariuki em Buenos Aires 2011. Já no Brasil, o recorde pertencia a Vanderlei Cordeiro na de São Paulo 2002: 2:11:19. Vale o mesmo para os 2:24:04 de Jemima Jelagat, um tempo que dificilmente será batido na região.

 

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