Sem categoria admin 6 de janeiro de 2017 (0) (127)

Usain Bolt, mas pode chamá-lo de lenda

Usain Bolt afirmou, após a Olimpíada de Londres há quatro anos, que buscaria mais três medalhas de ouro na Rio-2016 para se tornar uma lenda. Foi um ciclo olímpico de incertezas, contusões e dúvidas sobre o desempenho do jamaicano. Faltando 40 dias para os Jogos, nem a presença dele na pista do Engenhão estava garantida. Isso sem falar do crescimento dos adversários. Porém, tudo isso ficou para trás nos 100 m, nos 200 m e no revezamento 4×100 m. Após o tricampeonato, Bolt entrou definitivamente para a história, igualando-se ao norte-americano Carl Lewis e ao finlandês Paavo Nurmi, com nove ouros.
Um dos maiores corredores de todos os tempos, Paavo Nurmi disputou três Olimpíadas: Antuérpia-1920, Paris-1924 e Amsterdã-1928. Foi ouro nos 10.000 m (duas vezes), 1.500 m, 8.000 m cross-country, 8.000 m cross-country por equipes (duas vezes), 5.000 m e 3.000 m com obstáculos. Tem ainda três pratas: 5.000 m (duas) e 3.000 m com obstáculos. Já Carl Lewis competiu em Los Angeles-1984, Seul-1988, Barcelona-1992 e Atlanta-1996. Foi ouro nos 100 m (duas vezes), 200 m, salto em distância (quatro vezes) e revezamento 4×100 m (duas), além de uma prata nos 200 m.
A expectativa era de que Bolt tivesse a competição mais difícil das três Olimpíadas em que brilhou (na primeira, em 2004, machucado, acabou eliminado antes da final nos 200 m), porém, se ficou distante dos recordes mundiais (9.58 nos 100 m e 19.19 nos 200 m), não encontrou adversários pela frente. Dominou amplamente as provas, a ponto de ter brincado nas semifinais, principalmente dos 200 m, quando chamou o canadense André de Grasse para correr mais rápido, em uma imagem que percorreu o mundo na mesma velocidade em que o jamaicano apresentou na pista de atletismo do Engenhão.
A história começou a ser escrita nos 100 m. Mesmo não largando bem, Bolt mostrou a aceleração habitual para vencer com 9.81, garantindo o primeiro tricampeonato inédito. O norte-americano Justin Gatlin foi prata com 9.89 e de Grasse bronze com 9.91. Nos 200 m, a vantagem de Bolt foi ainda superior. Ganhou com 19.78, seguido do canadense (20.02) e do francês Christophe Lematre (20.12). Largou bem e fez força o tempo todo, sem "soltar" nos metros finais. Queria o recorde mundial, mas o clima no dia, chuvoso e com vento contra, atrapalhou os planos, além do cansaço pelas provas em sequência.
Assim, faltava "apenas" mais um ouro para a história olímpica de Bolt ficar completa. E era a prova mais fácil, segundo os analistas, o revezamento 4×100 m, devido ao nível técnico dos velocistas jamaicanos. Nenhuma surpresa. O favoritismo veio no ritmo de um raio, o apelido do tricampeão. Ao lado dos parceiros Asafa Powell, Yohan Blake e Nickel Ashmeade, Bolt venceu pela nona vez em nove finais olímpicas. Bolt fechou o revezamento e abriu enorme vantagem para os adversários, fazendo festa com a torcida e desfilando pelo Engenhão com a bandeira do Brasil. A prata foi da equipe japonesa e o bronze do Canadá.
Assim, Bolt encerra a carreira literalmente com chave de ouro. Descartou na entrevista coletiva qualquer possibilidade de disputar Tóquio em 2020 e que seguirá correndo por apenas mais um ano devido aos compromissos contratuais. Uma história olímpica de vitórias. Isso sem falar nas 11 medalhas de ouro em Campeonatos Mundiais – a única derrota ocorreu nos 100 m em Daegu, na Correia do Sul, em 2011, quando queimou a largada, sendo eliminado na final.

 

Mo Farah é bicampeão nos 5.000 m e 10.000 m
Depois das vitórias em Londres-2012 nos 5.000 m e 10.000 m, por quatro anos, houve a expectativa: alguém seria capaz de bater o britânico Mo Farah na Olimpíada do Rio? Principalmente porque ele vinha do tricampeonato mundial nos 5.000 m e do bicampeonato nos 10.000 m. A resposta veio literalmente na pista: ninguém! Mais dois ouros com vitórias categóricas.
Mo Farah entrou na galeria dos bicampeões olímpicos dos 10.000 m, que tem os finlandeses Paavo Nurvi e Lasse Viren e os etíopes Haile Gebrselassie e Kenenisa Bekele. A prova na Rio-2016 repetiu o que temos visto nos últimos anos. Etíopes e quenianos a deixaram lenta, melhorando um pouco na metade final, mas com a decisão ficando para o sprint na última volta. Nessa aceleração, ninguém ganha do britânico há muito tempo. Ele venceu com 27:05.17, seguido pelo queniano Paul Tanui (27:05.64) e pelo etíope Tamirat Tola (27:06.26). Com um detalhe: ele levou um tombo no começo, levantou e se guardou para a vitória.
Assim, o "gran finale" ficou para o último dia de provas na pista olímpica do Engenhão. Um enredo aguardado e com um desfecho mais do que esperado. Nada de reviravoltas, sem surpresas. Com 13:03.30, Mo Farah sagrou-se bicampeão olímpico dos 5.000 m. A prata ficou com o norte-americano Paul Kipkemoi Chelimo (13:03.90) e o bronze com o etíope Hagos Gebrhiwet (13:04.35).
Com o resultado, o britânico entrou em uma galeria ainda mais restrita. Igualou o feito de Lasse Viren. Até a Olimpíada do Rio, o finlandês era o único bicampeão consecutivo dos 5.000 m e 10.000 m (Munique-1972 e Montreal-1976). Agora, após 40 anos, tem a companhia de Mo Farah, que está invicto desde 2011 nas duas distâncias nas principais competições: Mundiais e Olimpíadas.
Agora, surge outra expectativa: teremos, definitivamente, Mo Farah partindo para as maratonas, pensando inclusive em Tóquio-2020?

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