“Pensei muito antes de escrever este texto, mas em consideração ao trabalho feito pela revista Contra-Relógio, através de seu editor, no sentido de evolução das corridas durante décadas, não me permiti ficar omisso ao assunto “Maratona Monumental de Brasília”. Então vamos lá. Estivemos no evento, realizado em 27 de novembro. Eu e minha mulher Regina não conhecíamos Brasília e então a prova seria uma grande oportunidade para esse contato e também participar de uma maratona, que é a prova que nos dedicamos há décadas.
Sabíamos das dificuldades que essa competição nos apresentaria, pois tínhamos a informação de que a temperatura, aliada à umidade relativa do ar, seria o “bicho”. A altimetria da prova igualmente não ajudava.
Soubemos que em edição anterior a organização tinha deixado a desejar, inclusive faltando água para os participantes mais lentos. Contudo, a esperança de corredor é algo que não acaba nunca e imaginamos que os responsáveis aprendem com os erros e que procuram realizar eventos que valorizem o participante. Este era nosso espírito ao embarcar para Brasília e participar da “Monumental”.
Ao buscar nosso kit no Shopping Venâncio, já tivemos o primeiro “desagrado” com relação à camiseta, pois apesar de o regulamento informar que o atleta não poderia alterar o tamanho escolhido, não especificava que a organização poderia não ter a que escolhemos. Reclamamos, anotaram nosso telefone e prometeram nos enviar o tamanho solicitado pelo correio posteriormente, vamos aguardar!
Acreditando que aquele seria apenas “um pequeno detalhe”, fomos para o tão esperado dia, com esperança e contentes, pois o dia prometia ser nublado e com temperatura amena, e assim saímos do hotel para embarcar no ônibus, cujos tíquetes tínhamos comprado, mas aí a falta de “organização”continuou.
Ninguém tinha munhequeira para indicar se a pessoa tinha comprado ou não a passagem, o motorista esperava da organização uma lista de passageiros e o primeiro ônibus, que sairia às 4h30, saiu às 4h45 e foi neste que embarcamos.
A largada estava anunciada para 5h30, mas aconteceu com 30 minutos de atraso. Soltaram os maratonistas 5 minutos antes dos da meia, e então os mais rápidos dos 21 km foram atropelando os participantes da maratona nos primeiros quilômetros.
Logo no início percebi que havia algo errado, pois no km 4 notei que tínhamos uma defasagem de aproximadamente 400 metros em relação ao meu GPS. Imaginei que haviam colocado a placa em local errado, mas logo constatei que não, na medida em que as outras placas estavam dando a mesma diferença. O que aconteceu? Soube que os batedores erraram o percurso e retornaram antes do correto, de maneira que a maratona não teria nem 42 km.
A desorganização do evento não parou por aí. O regulamento informava sobre 3 pontos de isotônico + 1 ponto de gel + 1 ponto de frutas, além de água. O que encontramos: um de isotônico, que estava em comum ao percurso da meia, onde serviram em garrafas lacradas de 500 ml, em que bebíamos uns 200 ml e jogávamos o resto fora. Pior não foi este desperdício, mas sim saber (depois) que os mais lentos não receberam nada. E água apenas para quem estava no ritmo para completar em até 5h30, embora a “desorganização” anunciasse no regulamento que o tempo limite era de 7 horas, com corte nos 21 km.
Entre o km 32 e o 33 tínhamos um retorno em um canteiro central sem sinalização e sem ninguém para orientar, e aí muitos entraram em desespero. Dessa forma, a prova não teve o percurso de 42.195 metros, sem contar os que se perderam; nem o campeão correu a distância oficial.
Como boa lembrança ficou termos conhecido a capital federal, a medalha que é linda e a atenção e simpatia do povo brasiliense que se mostrou gentil, desde as deslocações, acomodações e também os staffs e apoiadores que trabalharam na prova.
Me senti obrigado, pela minha consciência, a fazer este depoimento, pois não é aceitável que pessoas que se dizem “organizadores” serem tão insensíveis aos que se preparam para correr uma maratona. Queremos apenas ser respeitados! E não custa lembrar que os participantes pagaram para correr e a organização ganha para realizar o evento.
Fui assinante da revista Contra-Relógio por 25 anos, desde 1996, até a última edição em 2021. Durante todo este período sou prova da dedicação de editor Tomaz Lourenço e do seu empenho em colaborar para a evolução das corridas, com análises e críticas construtivas neste sentido.
Esta foi a segunda vez que fiquei “chateado”, nos mais de 26 anos de participações em maratonas. A primeira havia sido em 1996, quando na Maratona de Blumenau imaginava conseguir meu primeiro registro no RANKING DOS MARATONISTAS, e apesar de ter corrido 42,195 km e conseguido o tempo para ingresso no mesmo, a prova não foi considerada, pois a organização naquele ano não havia pedido a medição oficial do percurso e por essa razão os resultados não foram oficializados, como aconteceu agora com os de Brasília, conforme decisão do editor da CR.”
Edemilton Santana completou os estimados 41,8 km em 4h41 e Regina de Cássia em 6h09.