Blog do Corredor Tomaz Lourenço 16 de novembro de 2022 (0) (482)

Depois de NYCM, a de Curitiba, para confirmar (ou não) ser viável fazer duas maratonas em seguida

Como está em outro post aqui no site, corri a Maratona de Nova York no dia 6 deste mês e neste domingo encaro a de Curitiba. As duas são semelhantes em termos de percurso e mesmo de clima, uma vez que na NYCM as temperaturas estiveram excepcionalmente altas. Em termos de participantes, os números são bem distantes, com quase 48 mil concluintes na primeira, enquanto na segunda talvez passem de 3 mil (foram 2.775 em 2019).

Mas a grande, pra não falar enorme diferença, está no público pelos 42 km, já que lá em cima ele é até barulhento demais, enquanto na capital paranaense (como em todas as nossas maratonas…) ele é escasso. Aliás, durante muitos anos a revista Contra-Relógio insistiu junto aos organizadores para que as largadas das provas longas fossem bem cedo, para que os corredores mais lentos não sofressem tanto e para que o evento não atrapalhasse muito a cidade.

Demorou muito para que a proposta se efetivasse, não por conscientização da organização e sim por pressão das autoridades de trânsito. No caso de Curitiba, por várias vezes constatei a irritação dos motoristas com as ruas e avenidas travadas pela corrida, o que me levou a sugerir ao Iotti a produção de uma CHARGE, aliás excelente, como se pode ver na arte que ilustra este post.

Agora, quase todas as maratonas por aqui largam corretamente, como é o caso desta neste domingo, com saídas em torno das 5 horas para os 42 km. Estarei por lá, para tentar entrar no Ranking da CR, o que na minha faixa etária (75/79 anos) significa fechar em menos de 5h25. Vamos ver como se comporta o clima em Curitiba, se vai jogar a favor ou contra os participantes, especialmente os amadores mais lentos.

Há muitos anos corri essa prova e estava indo tudo bem, com uma temperatura amena, até o km 30. Então o sol saiu e pelo fato da capital paranaense ser um pouco alta, ele veio forte. Acabei abandonando e segui para a chegada caminhando, o que representou quase uns 10 km…

DUAS EM SEGUIDA. A razão do título deste artigo tem a ver com certa polêmica sobre quantas maratonas se deve fazer no ano, ou qual o intervalo adequado entre elas. Não sei o que os treinadores estão atualmente sugerindo, mas nos anos 1990 e 2000, a palavra de ordem era para se restringir a apenas duas, uma no primeiro e outra no segundo semestre.

Eles repetiam a recomendação que valia para os atletas de elite, que entram nas provas para tudo ou nada (enfim é a sobrevivência financeira deles que está em jogo) e, dessa forma, terminam as maratonas absolutamente esgotados, necessitando de alguns meses para uma correta recuperação. Entre os amadores isso não corresponde à realidade, com exceção talvez para os extremamente competitivos.

Assim, também há vários anos atrás, decidi correr a Maratona de Paris pra valer (em menos de 3h30) e no domingo seguinte a de Londres numa boa (em torno de 4 horas), para aproveitar a viagem à Europa. Confirmei, então, a viabilidade dessa programação, que repeti outras vezes.

Mas em 2022 tenho 25 anos a mais do que quando fazia essas dobradinhas, então não sei se vou me sair bem em Curitiba, ainda mais que estarei correndo contra o cronômetro, para me ranquear. Mais notícias na próxima semana!

FORMALISMO. Finalizado este post, me lembrei de uma história curiosa, acontecida nas primeiras edições em que a Prefeitura de Curitiba tinha assumido a prova, ou seja, anos 2000, depois de uma fase inicial sob responsabilidade de um clube de campo local.

A maratona passou a ser feita integralmente por funcionários das várias secretarias municipais, contratando-se alguns poucos serviços, como o de cronometragem. A entrega do kit começava na sexta, em um ginásio na área central da cidade.

Montamos (eu e Cecília) nossa mesa para divulgar a revista e fazer assinaturas, enquanto se formavam filas de corredores, a maioria chegando depois de longa viagem de ônibus, já que avião naquela época era bem caro. Eu sempre pedia aos organizadores para que realizassem entregas rápidas de kit, de modo que os participantes não sofressem um desgaste na véspera da maratona, o que era raro de acontecer, por desleixo ou incompetência.

Então, preocupado com as filas no aguardo do começo da entrega dos kits, reparei que parecia estar tudo pronto e fui perguntar a uma pessoa do staff municipal porque não abriam os trabalhos. Ele me respondeu que estava tudo absolutamente arrumado e completou: “A entrega foi divulgada que começaria às 14 horas e ainda são 13h50…”

Já conhecia o formalismo, assim como a educação, dos curitibanos, mas achei demais. Argumentei que os corredores estavam cansados etc, contudo não teve jeito de convencê-lo para que fosse sensível à situação.


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