Notícias admin 4 de outubro de 2010 (0) (129)

Em Chicago, minha mais sofrida maratona

A Maratona de Chicago deste ano (30ª edição) foi inusitada e merece um relato. Foi a minha 18ª (e mais sofrida) maratona.

O domingo de 7 de outubro amanheceu ensolarado com uma temperatura de 24 graus às 7 da manhã; às 10h30 horas já tínhamos 31 graus e 98% (pasmem) de umidade relativa do ar. Larguei no pelotão D, na turma das 4 horas (previstas) de prova. Passei pelo tapete da largada com 13 minutos de prova, mas, a partir dali não tive mais problemas, pois, como mágica, todos começaram a correr já no seu ritmo.

Lá pelo km 8 eu estava literalmente ensopado e com muita sede. Achei estranho, pois estava num ritmo confortável (5:30 p/km). No km 10 comecei a ver algumas pessoas andando, o que me surpreendeu. A sensação de calor ia aumentando, pois não havia o famoso vento de Chicago, vindo dos grandes lagos. Resolvi reduzir o ritmo para 5:50 p/km e fui correndo, ou melhor, derretendo.

Passei a marca da meia-maratona com 2h05 no meu relógio e mais ou menos 2h15 no oficial. Pensei, tudo bem, no final dou uma apertadinha e fecho em 4 horas. Ledo engano. No km 25 já não agüentava o calor intenso, agravado pela quantidade de pessoas correndo juntas. Havia, felizmente, postos de água e Gatorade a cada duas milhas (3,2 km) o que, creio, salvou algumas vidas. O problema é que quanto mais devagar eu ficava, menos água fresca encontrava pela frente, sendo que depois do km 30 a água era escassa e quando tinha estava quente.

BOLHAS. Desde o km 25 comecei a andar, porque estava com uma bolha em cada pé (nunca tive bolha em maratonas), creio que devido ao excesso de água dentro do tênis (suor e água mesmo, pois em cada parada era um banho). Aliás, creio que um dos motivos de faltar água foi o fato de cada corredor praticamente tomar um banho com os copinhos que eram servidos.

Procurei andar o mais rápido possível, até para não demorar muito. Estava fazendo entre 8:30 a 9 minutos por km. No km 30 havia uma concentração de ambulâncias que eu jamais havia visto em provas, e todas em atividade. Os postos de água e as tendas de ajuda médica pareciam um cenário de guerra com muita gente deitada nas macas ou sentadas pelo chão, aguardando atendimento.

A partir das 11h30, notei que vários hidrantes estavam abertos, para refrescar os participantes, mas deixando nossos tênis e meias encharcados, favorecendo as bolhas. Meu ritmo subiu para 13 p/km e com dificuldade. Fiz um lanchinho rápido com umas bolachinhas que a população que assistia a prova oferecia gentilmente aos soldados, digo, aos atletas. Nessa hora eu lamentei não ter levado uns dólares para poder comprar uma água gelada, uma Coca ou, porque não, uma cervejinha.

Vários carros de polícia com seus megafones ligados pediam para os corredores pararem de correr e irem andando até a chegada. Todo mundo obedeceu (me dê motivo…), pelo menos quem ainda estava correndo. Após 5:52:32 (meu tempo) 6:03:24 tempo oficial eu consegui cruzar (correndo para sair na foto) a linha de chegada. Valeu pela inusitada experiência. E o lado bom é que, como optei por andar a me arrebentar, na segunda-feira já estava batendo pernas por Chicago, que é uma cidade maravilhosa.

* Marcos Antonio Mendes de Oliveira, 55 anos, é assinante de São Paulo

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