História admin 9 de agosto de 2016 (0) (361)

Na maratona olímpica de Roma, o surgimento da lenda Abebe Bikila

Num sábado, 10 de setembro de 1960, três maratonistas neozelandeses já tinham realizado todos os preparativos necessários para o evento que estava a minutos de acontecer. A ansiedade já os assolava e entre olhares de pernas nervosas e as dúvidas sobre suas reais possibilidades, Ray Puckett, um desse trio, começa a rir. Atônitos, Jeff Julian e Barry Magee se perguntam o porquê da risada, logo esclarecida: "Oh, bem, esse podemos vencer de qualquer maneira", apontando para um corredor negro de shorts verde e camisa laranja, alto, magro, mas, sobretudo, descalço.
Todos da roda começaram a zombar de tal figura esdrúxula. Só que a competição não era uma qualquer, já que estamos falando da Maratona Olímpica de Roma. Tampouco se tratava de um corredor qualquer, mas sim do etíope Abebe Bikila, que em pouco mais de duas horas e quinze minutos tornaria aquele evento um dos mais simbólicos da história das Olimpíadas. Seu nome foi tão reverenciado nos seguintes que o japonês escritor Yukio Mishima lhe chamaria de "Flecha de Ébano". Mas, até aquele momento, era somente um desconhecido para os outros competidores em Roma.
A bem da verdade, o fato é que Abebe Bikila era um desconhecido até para boa parte dos cidadãos do seu país. Nascido no mesmo dia da abertura dos jogos olímpicos em Los Angeles, 7 de agosto de 1932, seus primeiros anos se passaram na cidade de Jatto, a três horas da capital Adis Abebe. Localizada em um campo remoto, cercada por colinas, a cidade é, até hoje, de difícil acesso. E foi lá que ele, com apenas quatro anos, soube que as forças italianas, sob comando de Mussolini, tinham ocupado o país. No entanto, a dominação foi mais indireta, e, não obstante tenham saqueado os objetos mais valiosos do país e tomando alguns etíopes escravos, mantiveram o imperador Haile Selassie ainda no poder.
Aos 19 anos, mesmo sendo sempre muito ativo fisicamente, Bikila estava longe de ser um atleta. E com a separação de seus pais, tomou para si o papel de assumir as responsabilidades da casa e passou alguns anos se deslocando cerca de 20 km todos os dias para trabalhar. Após ficar mais de um ano desempregado, mudou-se para capital com sua mãe, e conseguiu se entrar na Guarda Imperial.
Apesar da situação política instável, com a subjugação à Itália, Abebe Bikila, assim como toda a Etiópia, vivia um período de tranqüilidade, podendo dedicar mais tempo a atividades esportivas, como o futebol, volei e a própria corrida. Nesse período de "paz", Haile Selassie aceitou a sugestão de um de seus conselheiros em organizar uma escola de cadetes para treinar oficiais para a Guarda Imperial e treinar futuros talentos na área esportiva, na qual o país possuía pouca representatividade.

O COMEÇO DE TUDO. Muito bem relacionado com o governo sueco desde sua juventude, quando era apenas o jovem Ras Tafari, o imperador contrataria o ex-atleta finlandês, nacionalizado sueco, Onnis Niskanen. Este era um oficial da reserva e instrutor desportivo reconhecido e renomado na Suécia. Em suas memórias, já à frente do trabalho com os cadetes etíopes, viu que, na falta de infraestrutura para lhes dar condicionamento físico, se valeria da corrida de longa distância. Rapidamente ele tinha percebido que era um esporte "natural" (ou mais fácil) para os etíopes como um todo, não somente por uma imposição genética, mas pelo fato de que era a única maneira de muitos ali se deslocarem de uma cidade a outra, uma vez que os transportes públicos eram quase inexistentes.
Mesmo não tendo conseguido muito sucesso no treinamento dos atletas que foram às Olimpíadas em Melbourne, em 1956, com resultados pífios, Niskanen insistiu no projeto e, em 1958, inclusive, levou para a Suécia três jovens cadetes para aperfeiçoar sua técnica. Entre eles estava Abebe Bikila, à revelia de sua mãe, que mesmo com o argumento de que seu filho era uma promessa esportiva, mostrou-se relutante e contrária a carreira esportiva do filho.
Numa primeira leitura, podemos nos precipitar e dizer que Bikila tinha um talento "natural" para correr; observemos que o próprio treinador gastou um bom tempo aplicando técnicas de corrida ao etíope, para que ele corresse o mais descontraído possível, pois nos primeiros tempos o fazia de forma engessada, mais como um soldado marchando em alta velocidade do que um corredor de longa distância. Este, segundo Niskanen, deveria que uma das chaves do sucesso, ou seja, "se concentrar em correr com uma perda mínima de energia".
O outro segredo, segundo a metodologia do sueco, era o controle sobre o ritmo de prova. Assim, valeu-se das idéias dos fisiologistas da "escola natural" da década de 1930, no qual o bom maratonista deveria correr os primeiros 30 km em alta velocidade, mas sem se esgotar. E nos últimos 12 km usar toda sua força mental e fisiológica de resistência, pois é onde a capacidade de continuar torna-se essencial.
E foi nesse ponto que Abebe Bikila destacava-se dos demais, pois tinha uma capacidade de "extrema resistência", ao ser capaz de manter-se focado para executar seu ritmo por todo o percurso. E além de tudo isso, o fato de ter trabalhado como pastor de gado nas montanhas do Riff na sua infância, a mais de 2.000 metros acima do mar, lhe proporcionava um lastro fisiológico superior, que atletas de lugares mais baixos em altitude não possuíam.

NA SEGUNDA, RECORDE OLÍMPICO. Porém, mesmo assim, Bikila só viria a se tornar um nome comentado entre os próprios conterrâneos apenas um mês antes dos jogos olímpicos em Roma. O então maratonista mais rápido da Etiópia, Wami Biratu, foi batido por Bikila durante os Jogos Militares em julho de 1960. Bem distante do recorde olímpico de Emil Zatopek, de 2h23, mas, no entanto, deve se relativizar pelo fato de ter sido a sua primeira maratona e sob o efeito de 2.408 metros de altitude da capital Adis Abeba.
Semanas depois, no dia 25 de julho, numa das baterias para se disputar uma vaga para as olimpíadas, ele foi além: completou os 42 km em incríveis 2h21, desta vez a apenas 250 metros acima do mar. Assim, não somente baixou seu tempo em 18 minutos, como também pulverizou o recorde de Zatopek. Onnis Niskanem tinha motivos para estar em êxtase com seu prodígio.
Há uma controvérsia histórica sobre a ida de Abebe Bikila a Roma. Por um lado, alguns acreditam que Bikila só foi aos jogos olímpicos porque Wami Biratu tivera complicações de saúde. Abebe Bikila não tinha sido cotado pois, aos 27 anos, era considerado "velho" para disputar uma maratona. No entanto, um segundo grupo de historiadores tem observações críticas a essa hipótese. Afinal, um atleta que superou o melhor corredor até então e bateu o recorde olímpico em uma seletiva, e era, além de tudo, produto do diretor de atletismo para o Ministério etíope da Educação e fruto de um projeto no qual o imperador foi o idealizador, não seria alguém passível de ir aos jogos?
Que Wami Biratu tivera problemas médicos que o vetaram de ir aos jogos parece bem claro, no entanto o maior beneficiado não foi Abebe Bikila, mas sim Abebe Wakjira, que completou a equipe etíope para a maratona olímpica. Ambos eram altos e muito magros (Bikila tinha 1,77 m e 57 kg), o que gerava desconfiança das suas reais capacidade atléticas. Inclusive o de Selassie, que saudando os atletas antes de irem a Roma, perguntou à comissão técnica, a boca pequena, "como essas pessoas magras podem ganhar?".

MAGRO E DESCALÇO. De volta aos minutos que antecederam a maratona em Roma, Abebe Bikila também era motivo de estranhamento e escárnio por estar descalço. Não apenas ele, como também seu colega de equipe. Pela atual "febre" por tênis minimalistas tendemos a crer que se trata de algo inédito, fruto de pesquisas que só com a tecnologia atual foi possível realizar. Entretanto, e não é nosso objetivo aqui, um breve recuo no tempo e veremos que nem o próprio Bikila foi pioneiro acerca de tal minimalismo, pois inúmeros maratonistas já usavam calçados de drop quase inexistentes.
Abebe Bikila começou a correr com sapatos dentro da escola de cadetes da Guarda Imperial. Contudo, diz-se que ele, certa vez, para não atrapalhar o pelotão de cadetes, prestes a treinar 25 km, resolveu voltar às origens e correu descalço. Não foi visto pelos seus colegas como uma aberração: alguns também corriam descalço. Era um hábito comum numa terra onde seus habitantes não tem poder aquisitivo e as estradas de terra batida. Além disso, Onnis Niskanem percebeu que Bikila corria biomecanicamente melhor daquela forma, com os pés tocando de forma bem suave o solo. E recomendou que continuasse a treinar de tal maneira.
Ao chegar a Roma, levando consigo 150 dólares para sobreviver cerca de duas semanas, e com um par de tênis extremamente gasto, sua primeira opção não foi correr descalço: a organizadora do evento e que também confeccionou os uniformes etíopes, a alemã Adidas, ofereceu a Abebe Bikila e seu colega alguns pares de tênis para disputar a prova. Aqui logo se impõe a proposição de que se compete da mesma forma que se treina.
Porém, correr descalço, por mais confortável que fosse para eles, poderia soar aos outros que a Etiópia era um país pobre, sem condições para comprar um mísero sapato a seus atletas. Uma questão de orgulho nacional. O problema foi que nenhuns dos tênis oferecidos deu certo: se eram bons, não eram do tamanho correto. Se eram do tamanho apropriado, eram desconfortáveis. Chegaram a treinar com um par específico, mas com menos de 10 km, seus pés já estavam cheio de bolhas.
Nesse dilema de qual tênis usar, Bikila e Wanjiru resolveram fazer, algumas horas antes do evento, um trote descalços na pista do estádio, como faziam nas ruas em Adis Abeba. O conforto foi tamanho que sua dúvida foi solucionada: nem desconfortáveis ou fora do tamanho ideal, eles iriam correr descalço. Contudo, não foi o primeiro a fazer isso. Na maratona olimpica de 1904, na cidade americana de St. Louis, Len Tau, um membro da tribo tswana representando a África do Sul, foi o primeiro homem a correr com os pés totalmente desnudo numa olimpíada, terminando em nono lugar.

À LUZ DE TOCHAS. A maratona olímpica de 1960 é provavelmente a mais incomum na história olímpica. É a única que nem começou, nem acabou no estádio Olímpico. A largada foi dada no final da tarde e terminou no escuro, com o percurso iluminado por tochas.
Iniciada às 17h30 na Praça do Capitólio, seu percurso era constituído por um "loop" triangular, passando ao lado de inúmeras maravilhas da Roma Antiga, tais como a Via Ápia e as Termas de Caracalla, terminando sob o Arco de Constantino, já com a iluminação de tochas. Passava também, e, ironicamente, pelo Obelisco de Axum, um tesouro antigo da Etiópia, levado a Roma pela Itália fascista em 1937.
Para a "Flecha de Ébano", havia pouco com que se preocupar. Não incomodava mais o escárnio do público pelos pés desnudos. Tampouco passar em frente a um símbolo nacional dos primeiros séculos usurpado. Nem mesmo o desconhecimento completo de quem ele era para a imprensa e as outras delegações, que se referiam a ele como "o etíope" e que não levaram a sério quando o técnico finlandês disse que se tratava de um atleta de "primeira classe" e que tinha 2h21 no currículo, o incomodava. Sua preocupação, a partir do momento que entrou na área da largada, era apenas reconhecer quais eram seus reais adversários.
Niskanem o tinha alertado para tomar cuidado primeiramente com o corredor de número 69. Tratava-se do russo Sergei Popov, então recordista mundial, com 2h15, conquistado em Estocolmo dois anos antes. Contudo, a maior preocupação do técnico de Bikila era o número 26, do marroquino Rhadi Abdesselam. Era um corredor que possuía o mesmo histórico que Bikila, morando em altitude e tendo uma juventude como pastor de gado, portanto, correndo vários quilômetros desde sua infância.
Há uma contradição nos relatos sobre Rhadi Ben, onde nos é informado que ele, querendo despistar Abeba Bikila, que não o conhecia, não pegou o número de sua inscrição, correndo com o numerário 185, número que usou na disputa dos 10.000 metros, onde foi apenas o 10º lugar. No entanto, o próprio marroquino, em suas memórias, conta que ele e Bikila foram chamados para serem avaliados por médicos antes da prova e como ele tinha ficado maravilhado com as solas dos pés do etíope, que "mais pareciam pneus de caminhão". Não resistiu, tocou nelas e Abebe Bikila se assustou e se olharam. Sendo assim, Bikila já sabia de quem se tratava e não seria um número de peito que o despistaria. E o uso de um numeral que não corresponde a sua inscrição configuraria um desvio passível de desclassificação, o que não houve.

QUEM É ESSE ETÍOPE? Sob os olhos da estátua do imperador Marco Aurélio, na Praça do Capitólio, os 69 participantes se reuniram para o tiro de largada. Enquanto o russo Sergei Popov, com sua camisa estampada com o desenho da foice e do martelo aparecia risonho e brincalhão, Abebe Bikila, trajando seus shorts laranja e sua blusa verde, alfinetada pelo número de peito 11, aparece diante das câmera com semblante pesado, sério, em uma palavra, focado.
O comentário "Quem é esse etíope?" feito pelo locutor diante a imagem de Bikila, mostrava o completo desconhecimento para com atletas da África subsariana. É compreensível, pois, se hoje estes figuram como favoritos em toda em qualquer maratona (junto com os quenianos), naqueles tempos ainda não tinham conquistado uma medalha de ouro em toda história dos Jogos.
Com o final de tarde ensolarado e quente, eles passariam não somente pelo Capitólio, como também pelo Coliseu, o Palatino e o Circus Maximus. A estratégia de Bikila, arquitetada por Niskanem era bem simples: ao invés de Sergei Popov, Bikila deveria única e exclusivamente procurar e acompanhar o marroquino Abdesselem até o final.
Logo nos primeiros quilômetros, já se haviam separados os pelotões de participantes, e Bikila encontrava-se no segundo bloco, assim como Popov. Pelas lentes capturadas pelo câmera na época, via-se um etíope extremamente concentrado em seus pés, onde estava pisando, reconhecendo o terreno. A partir do quinto quilômetro, gradativamente foi se posicionando atrás do primeiro pelotão, capitaneado por Rhadi e mais quatro maratonistas.
Ao encostar no pelotão com facilidade, o locutor avisava aos 12 mil espectadores que esperavam no Arco de Constantino, que "com o inglês Kiley, há o irlandês Messitt, o belga Van der Blicher, os marroquinos Rhady e Saudy, e também o desconhecido etíope que vimos anteriormente". Mas o seu maior espanto veio em sequência, como se tivesse, enfim, encontrado os papéis referentes ao etíope: "e ele se chama Abebe Bikila e está descalço!".
Com o primeiro pelotão se desfazendo, a partir do quilômetro 18, iniciou-se o duelo. Rhadi e Bikila estavam sozinhos, sincronizados, como se fossem um único animal de quatro patas. A partir do quilômetro 30 e a noite chegando, o etíope já tinha começado a perceber os primeiros sinais de que seu rival estava cansado: sentia a respiração dele ofegante e suas passadas descoordenadas, mas não se precipitou: sem olhar para o lado, simplesmente esperou até a hora certa.
Os espectadores não foram autorizados e se posicionar em lugares muito distantes, e, assim, Rhadi e Bikila corriam pela Via Ápia sob as luzes das tochas de soldados que os acompanhavam. E a justiça, para muitos, se fazia naquele momento de forma tão silenciosa quanto aquela maratona: os soldados que outrora dominaram os antepassados africanos, agora os conduziam para conquistar a cidade na prova mais esperada dos jogos olímpicos.
Retornando à cidade, a multidão esperava. A imprensa fazia projeções e aguardava pelo russo Popov, o inglês Keily ou mesmo o belga Vandendriessche. No entanto, chegando um pouco mais cedo do que se esperava, eles se deparavam com o marroquino e o etíope em alta velocidade. E nem sinal de Popov: o terceiro colocado era o neozelandês Barry Magee. Surpresa geral.

O QUILÔMETRO FINAL. Na porta das Catacumbas de São Sebastião, voltando à área urbana da cidade, A "Flecha de Ébano" começou a esboçar uma fuga de Rhadi, mas sempre devolvidos a altura. Um jornalista descrevia que o etíope corria "de forma tão leve que seus pés parecem quase não tocar o chão. E a um quilômetro do fim da prova, eis que estes avistaram sob as luzes das tochas o Obelisco de Axum, o principal simbolo histórico da Etiópia pilhado pelos italianos, que data do século 4 e que foi repatriado somente em 2008.
Não há, como pensam alguns, nenhuma indicação de que o técnico finlandês tivesse orientado Bikila a acelerar a partir daquele ponto, mas sendo fato ou não, ele aumentou o ritmo ao passar pelo Obelisco, em direção ao Arco de Constantino, numa cena simbólica. E os locutores, que duas horas antes se perguntavam quem era aquele etíope, agora gritavam que ele que vinha para a vitória "tem a camisa verde, é o número 11, é o homem da passada de pantera".
Dessa forma, sob aplausos dos 12 mil espectadores, Abebe Bikila, pisando sobre as ruas de paralepípedos, cruzava a linha de chegada com o tempo de 2:15:16, batendo, para todos os olhos incrédulos, o recorde de Emil Zatopek e a marca mundial de Sergei Popov. O marroquino Abdesselam chegaria vinte e cinco segundos depois e o neozelandes Magee, aquele que estava na roda dos que zombavam de Abebe Bikila antes da prova, completaria o pódio.

PRIMEIRA MEDALHA DE OURO. Se a História nos mostra que os primeiros maratonistas olímpicos chegavam em colapso à linha de chegada, o mesmo não pode se dizer da "Flecha de Ébano". Aliás, o que chamou atenção foi sua extrema calma depois da prova, alongando-se, abraçando seu técnico e falando a este que poderia correr mais 10 ou 15 quilômetros naquela velocidade, o que não parecia um blefe. Era a primeira medalha de ouro um atleta da África subsaariana desde então. Bikila voltava para sua terra como um conquistador.
Mas a sua vitória representou muito mais que uma inédita medalha. Ela simbolizou a entrada definitiva da África no mundo do atletismo. E sua imagem foi largamente usada por aqueles que lutavam por uma África independente da neocolonizacao européia, que vingava desde os meados do século. Os ventos de mudança já sopravam naquele continente e só no ano de 1960 dezesseis países africanos conseguiram sua independência. Voltou para Etiópia com conderação de rei, e reforçou tal imagem ao ser o primeiro bicampeão da maratona olímpica quatro anos depois, em Tóquio.
Abebe Bikila foi o símbolo não somente de que os etíopes (e por que não os africanos?) eram iguais em todos os aspectos aos europeus, bem como de que as adversidades da vida não eram motivo para admitir a inferioridade. Pobres, sim; com os pés descalços, sim. No entanto, vitoriosos.

 

Veja também

Leave a comment