Antes de responder à pergunta do título, a explicação para a presença da conhecida expressão em espanhol. É uma homenagem à participação de sul-americanos nessas duas provas, na primeira pela grande proximidade, notadamente para uruguaios, argentinos e paraguaios, e na segunda pela atração turística da “cidade maravilhosa”.
Como todos sabem, o evento gaúcho e o carioca estão espaçados de apenas uma semana, no segundo e terceiro fim de semana de junho. E ambos oferecem outras distâncias, além dos 42 km, sendo 8,5 e 21 km no próprio domingo, em PoA, enquanto no Rio uma meia no sábado e provas de 5 e 10 km largando depois da maratona.
Por essa razão, a provocação da chamada desta matéria não é tão absurda como inicialmente parece, na medida em que se pode correr os 42 km em Porto Alegre e uma distância menor no Rio, ou vice-versa, apesar de o motivo maior do artigo ser mesmo mostrar que é absolutamente viável fazer as duas maratonas, em sequência.
Naturalmente que elas têm que ser encaradas de forma diferente, ou seja, se faz a primeira pra valer e a segunda apenas “para completar”, ou na forma inversa, em que PoA teria mais a função de último longão antes dos 42 km do Rio.
DOBRADINHA PARIS E LONDRES
Aqui cabe um parênteses. Em 2000, aos 53 anos, decidi correr a Maratona de Paris (3h28) e no domingo seguinte a de Londres (em torno de 4 horas). Era uma forma de aproveitar a longa e cara viagem aérea, para já fazer duas belas provas. Mas também tinha um lado jornalístico, que era desmitificar um conceito comum na época (continua?), defendido por vários treinadores, de que não se podia fazer mais que duas maratonas por ano, muito bem espaçadas.
Esta era uma prática dos atletas de elite, que entram nas competições para tudo ou nada, em busca da premiação em dinheiro, com uma preparação especial de 4 meses, geralmente.
Dessa forma, acabam absolutamente extenuados, precisando de um ou dois meses para se recuperarem e começarem novo ciclo de treinamento. Já para a maioria dos amadores não é essa a realidade, porque participam pelo desafio de superar a longa distância, além dos aspectos turísticos, confraternização com amigos e colegas de equipe, emagrecimento/saúde, entre outras razões para se tornar e continuar maratonista.
Assim, ao se completar uma maratona e não chegar “absolutamente morto”, como acontece com os profissionais, uma semana de descanso (com um trotinho no meio) já permite certa recuperação muscular para curtir um novo desafio. Lembro também de no domingo seguinte a ter corrido, aos 60 anos, a Comrades (89 km na África do Sul), fui convidado para uma meia-maratona, que fiz numa boa e muito bem, confirmando que todo o condicionamento adquirido permanece por um bom tempo.
As duas maratonas brasileiras (oficiais!) de junho continuam com inscrições abertas. Eu vou fazer a do Rio porque não corro essa prova há muitos anos e, portanto, não conheço o novo percurso, mas também estimulado pelo fato das largadas começarem a partir da 5h da manhã, garantindo um clima ameno, mesmo para quem vai completar em torno de 5 horas, como eu.
E por que não uma dobradinha, como defendido aqui? Aos 75 anos, encarar os 42 km requer um planejamento mais cuidadoso, o que inclui um período de descanso muito bem feito, daí estar fora de cogitação essa proposta. Estou mais para atleta de elite, talvez correndo Nova York, em novembro…