Completei hoje a minha quinta São Silvestre seguida. A primeira ao lado de amigos de vida, companheiros de faculdade que se tornaram irmãos de afinidade. Mas esse é o tema especial para o texto de quarta-feira. O deste post é a grande festa pelas ruas de São Paulo, o réveillon da corrida. Que também pode ser classificada como um programa de índio.
Alto astral. Pessoas felizes. Gente por todo o percurso interagindo. Staff animado. Sotaques de diversos cantos do país. Bandeiras e mais bandeiras do Corinthians. Camisas do Fluminense. Até algumas do Palmeiras. Fantasias de todos os tipos… A São Silvestre é diferente de qualquer outro evento por isso. Vou evitar a palavra corrida e vocês vão entender o motivo.
O percurso deste ano considero o melhor dos cinco que já percorri. Seletivo, técnico, difícil, mas ao mesmo tempo facilita na recuperação pelas várias descidas também. Porém. Sempre tem um porém, passa por ruas mais estreitas, mais travadas, do centro paulistano. O que reforça a caminhada/trote da São Silvestre. Correr? Mas precisa isso numa corrida?
A largada segue a bagunça total, irrestrita, zoneada, confusa e mais qualquer adjetivo que você queira colocar. Este ano, fui para me divertir, fiquei mais atrás e superei meu recorde de 15 minutos para passar pelo tapete de largada. Foi algo em torno de 16/17 minutos (falta o tempo oficial para checar).
Em uma prova muito cheia, travada, como já mencionei, quatro postos de água, curtos. Sendo o primeiro após o km 4 (já com água quente) e o último depois do km 14 (para que mesmo?). Resultado: foi impossível parar no segundo posto para pegar água. Até dava, era só parar e esperar. Ah, havia uma placa enorme: Posto de Hidratação e o posto… não estava lá…
Por mais que os “(des) organizadores” digam que não é possível acertar a largada, sabemos que claro que dá. Vai aumentar um pouco o trabalho? Claro que sim. Mas como profetizou o Felipão, quer moleza… Tenho algumas sugestões de melhorias, escreverei sobre elas (novamente) nos próximos dias.
Agora, fora isso, tem a (des)educação do povo. Pessoas completamente fora de ritmo querendo largar no cangote dos quenianos. Gente que passa pelo tapete de largada após ter caminhado/trotado de leve por 10 minutos e com 500 metros está andando. Ou que tem fôlego para chegar no km 2 ou 3 no máximo. Ou que querem fazer paredões no ritmo de 7:00 por km (no direito deles ou delas, claro), mas o que estão fazendo lá na frente? Na fila do gargarejo?
E o que falar de um imbecil (isso mesmo, imbecil) que pegou a garrafa de água, deu dois goles e a jogou para cima e para trás? Não sabia, coitadinho, que tinha 15 mil pessoas vindo ainda? Ou até mais? Só para citar um exemplo…
Um destaque deste ano: a medalha. Só faltou a data ou o ano. Tudo bem, tem a edição, mas daqui a um tempo, ninguém relaciona sem pesquisa a edição com o ano.
Corri fantasiado de índio. Me diverti demais, dei risadas, ouvi gritos de “vai índio”, “olhe o indiozinho”, “a indiazinha”, “vai cacique”, “ele está pelado”, nada de desrespeito, brincadeiras sadias. Elogios dos amigos, “como você está ridículo”, “vou te ignorar”… Legal demais.
A São Silvestre tem qualidades enormes, uma prova imperdível e que deve ser incluída no mínimo uma vez no currículo de todo corredor. Mas pode ser também um grande programa de índio. Foi minha humilde homenagem à edição 88 de uma das mais tradicionais provas do mundo. E que somente por isso, merecia ser tratada com mais carinho e respeito.