Dia 27 de março aconteceu a primeira edição da Maratona de Ponta Grossa, organizada pela Muraro Eventos Esportivos, com apoio da prefeitura dessa cidade paranaense. O evento pediu a aferição do percurso, por medidor credenciado pela CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), para que seus resultados fossem oficialmente homologados, mas no dia o batedor à frente dos ponteiros da maratona errou o trajeto e os participantes fizeram aproximadamente mais 2 km que os 42,2 km regulamentares.
Em muitas outras provas pelo mundo esse fato já aconteceu (na de Nova York e na Meia de Lisboa, para citar apenas duas) e naturalmente a solução é que haja marcações nítidas no trajeto, assim como staffs indicando o caminho correto, não apenas para reforçar a indicação para os batedores, como também para os corredores, ainda mais em provas com poucos inscritos, em que muitos acabam ficando isolados, sem uma referência à frente.
Em Ponta Grossa, foram 155 concluintes na distância maior, 203 nos 21 km, 179 nos 10 km e 270 nos 5 km, totalizando 807 corredores. Os campeões foram Roberto Oliveira e Cristiane Alves, que terminaram em 2h46 e 3h17, para os estimados 44 km do percurso.
É uma relação entre os inscritos em cada prova que se mantém nas outras maratonas brasileiras, oficiais ou não, todas não “puras”, ou seja, envolvem os famosos 42.195 metros e outros percursos menores, para que o evento ganhe maior destaque na mídia.
Aliás, na América do Sul, entre as mais importantes, apenas a de Buenos Aires é igual às conhecidas do exterior, como Nova York, Berlim, Chicago, Paris e Boston, onde seus participantes se assemelham porque todos vão enfrentar um único desafio: superar os 42 km! Essa situação gera um ambiente bem diferente do encontrado nas maratonas “mistas”, tanto nas entregas de kit como na própria corrida, pela presença de muita gente com visual pouco atlético.
A decisão de oferecer várias opções de distância é função do relativo pequeno contingente de maratonistas no Brasil, que talvez chegue a 30 mil pessoas, contra estimados 600 mil participantes em provas de menor distância no país. Organizadores então, preocupados com a rentabilidade do evento, ampliam o leque de alternativas, mas mantendo o nome de maratona, até para que os que não vão correr os 42 km possam depois passear com a camiseta estampada com esse título, o que sempre valoriza a participação.
PERCURSO AFERIDO
Vale lembrar a questão da aferição do percurso. Enquanto em corridas de 10, 15 ou 21 km esse detalhe não costuma ser encarado como de importância fundamental, na maratona ele é básico, até como respeito ao título da competição e a seus participantes. Na prática, poucas das chamadas “maratonas” brasileiras tem trajeto aferido por medidor credenciado pela CBAt.
Nas demais, a medição é realizada pelo Google Maps ou assemelhado, ou mesmo com um veículo com odômetro. Em ambos os casos a distância resultante é uma incógnita, podendo ser maior ou menor do que anunciado.
Dessa forma, não é possível comentar sobre a performance dos participantes em uma maratona não oficial, pois não se sabe efetivamente qual foi a distância percorrida. É lógico que os organizadores dessas provas poderiam anunciar que ela será de aproximadamente 42 km, mas ninguém faz isso, chegando mesmo a propalar que todos percorrerão 42.195 metros.
Em resumo, as marcas nessas “maratonas” não podem ser consideradas e muito menos serem comparadas com as conseguidas em outras de percurso oficialmente aferido. Por essa razão, os resultados de Ponta Grossa (pelo erro acontecido), assim como de outras dezenas que vão ocorrer no Brasil neste ano, não serão considerados para o Ranking Brasileiro de Maratonistas, elaborado pela CR e que será publicado aqui no site, gradativamente, conforme forem ocorrendo as válidas para a listagem, até sua versão final em dezembro. As outras duas maratonas paranaenses, a ser realizada em Foz do Iguaçu pelo Sesc, dia 25/09, e a da Prefeitura de Curitiba, em novembro, costumam ser oficializadas pela CBAt.
Reforçando que o Ranking é por faixa etária e tem tempos-limite para ingresso, geralmente com 30% dos concluintes conseguindo ser selecionado. A publicação dessa elite de maratonistas tem por objetivo valorizar os que se dedicam aos treinamentos para enfrentar os 42,2 km, assim como prestigiar as maratonas nacionais que fazem a devida aferição do trajeto. No Ranking 2019, foram consideradas 14 maratonas oficiais brasileiras, com um total de 27.860 concluintes, sendo ranqueados 8.461 corredores.
Abaixo, os resultados exigidos na qualificação para o Ranking da CR, e as provas que deverão valer para ele este ano, sempre a depender de que seus resultados sejam homologados pela CBAt, e cujo critério preponderante é o da medição criteriosa do percurso.
Maratonas brasileiras em 2022 passíveis de serem válidas para o Ranking da CR
10/04 – 26ª Maratona Internacional de São Paulo (SP)
www.yescom.com.br
15/05 – 4ª Maratona de Natal (RN)
www.maratonadonatal.com.br
22/05 – 5ª Maratona Nilson Lima (Uberlândia, MG)
www.apuanaesportes.com.br
12/06 – 37ª Maratona Internacional de Porto Alegre (RS)
www.maratonadeportoalegre.com.br
19/06 – 20ª Maratona do Rio de Janeiro (RJ)
www.maratonadorio.com.br
31/07 – 5ª São Paulo City Marathon (SP)
www.iguanasports.com.br
07/08 – 2ª Maratona Internacional de João Pessoa (PB)
www.maratonacidadedejoaopessoa.com.br
28/08 – 4ª Maratona Internacional de Floripa (SC)
www.grupostc.net
25/09 – 13ª Maratona Internacional de Foz do Iguaçu (PR)
www.sescpr.com.br/maratona
23/10 – 4ª Maratona de Manaus (AM)
www.togoal.com.br
27/11 – 3ª Maratona Monumental de Brasília (DF)
www.maratonamonumentalbsb.com.br
Obs.: Provas com datas confirmadas; outras deverão ser anunciadas.
Foto de abertura – Foco Radical