A pesquisa de opinião que está aqui no site é bastante positiva porque reforça o interesse dos corredores por participar de provas com organização impecável, ficando os demais aspectos em segundo plano. Vale comentar especialmente a questão dos kits, que passaram a ser hipervalorizados pelos eventos, de certa forma para justificar os preços por vezes exagerados das inscrições.
Nesse sentido, aliás, os organizadores oferecerem um serviço perfeito, que respeite e valorize os participantes, não deixa de ser uma obrigação, na medida em que se está pagando por isso.
Quando a revista Contra-Relógio surgiu, em 1993, as corridas brasileiras eram um caos, mas também raríssimas cobravam pela participação.
Dessa maneira, não assumiam qualquer responsabilidade pelas inúmeras falhas (trânsito não controlado, sem banheiros, abastecimento nulo ou irregular, horários não cumpridos, filas antes da linha de chegada, entre outras barbaridades) que ocorriam. Sem contar que nada ofereciam, além de número de peito.
Então a CR passou a defender que houvesse sempre uma pequena taxa de inscrição, exatamente para criar esse compromisso por parte do organizador, geralmente prefeituras.
Muitos corredores não entenderam a posição da revista inicialmente, mas depois de vários editoriais defendendo e explicando nossa postura, as coisas foram mudando e até exagerando, com a chegada das empresas de eventos, que viram nas corridas uma boa fonte de renda.
Chama atenção, na enquete, o interesse por uma coisa “antiga”, ou seja, premiação nas faixas etárias. Também o desejo por inscrição gratuita ou barata, o que é incoerente com os tempos atuais. Nos primeiros anos da revista, praticamente todas as provas davam troféus nas faixas, inclusive por vezes valores em dinheiro. O resultado é que as burlas eram comuns, com corte de caminho, pessoas participando com números de outros (mais velhos ou mulheres), fazendo com que as premiações por idade se alongassem por horas, com muitas brigas e contestações.
Até em função dessa situação, os organizadores aproveitaram para paulatinamente acabar com essa cerimônia (que gerava custos com troféus), chegando nos últimos anos ao que era inconcebível há 20 anos: zero de prêmios em dinheiro para os primeiros colocados do geral e, portanto, mais economia…
Algumas pessoas ainda acham que ao participar de um evento, o estão prestigiando e, portanto, merecem um tratamento especial, quando na verdade elas estão pagando para participar, como ao comprar ingresso para um show. Lembro de um organizador, que ao ouvir o relato/reclamação de um corredor, dizendo que tinha viajado tantas horas, se sacrificado para estar na prova e que portanto tinha que ser recebido com toda a pompa, rebateu: “Você veio porque quis, ninguém o obrigou!”
Esperamos que as corridas brasileiras, que a CR ajudou, sem dúvida alguma, a melhorarem radicalmente, continuem se empenhando em atender bem os inscritos, cuja maioria ainda vai aos eventos para ter o prazer de fazer seu esporte predileto, mesmo que já não esteja muito interessado nos resultados, como se constata na enquete.