Notícias zDestaque Centro Fernanda Paradizo 24 de março de 2022 (0) (304)

Making Of: Correr, fotografar e escrever! Como tudo começou?

Em 2002, na cobertura da São Silvestre (Foto: Tião Moreira)

Para inaugurar esta seção no site, vale contar aqui um pouco da minha história como jornalista, fotógrafa e corredora, e como acabei encarando minha primeira maratona, que acabou influenciando o rumo que tomou a carreira profissional.

Comecei a correr em 1993 para manter a forma, mas minha paixão pela corrida surgiu em 1997. Eu trabalhava na revista Boa Forma, da Editora Abril, como revisora de textos, e começava a me aventurar na profissão de repórter, aproveitando uma chance aqui, outra ali, para mostrar meus dotes na escrita.

A corrida já era algo regular na minha rotina. Corria no mínimo 3 vezes na semana, de 5 km a 8 km por dia, na raia da USP, onde cursava Letras, por algum tempo em paralelo com a faculdade de Jornalismo.

Por conhecer um pouco de corrida e por tanto demonstrar que queria uma oportunidade para escrever, fui escalada para fazer uma pauta especial, sobre como encarar um treino de seis meses para fazer uma maratona, uma distância inimaginável para mim até então. Na época, amadores começavam a se aventurar a correr maratonas pelo mundo, principalmente Nova York.

Confesso que era um desafio e tanto para uma aspirante a repórter. Era uma matéria de 6 páginas numa edição especial da Boa Forma.

Aceitei de imediato. Meu principal entrevistado era o técnico Wanderlei de Oliveira, responsável por levar corredores amadores para correr maratonas ao redor do mundo e diretor técnico do Pão de Açúcar, da família Diniz. A lembrança que tinha do Wanderlei era uma série de matérias com o repórter César Augusto, para o Globo Esporte, em que ele, na época sedentário, relatava o treino de corrida visando correr no fim do ano a São Silvestre. Lembrava muito bem que era ele o técnico responsável pelos treinos.

Em 2002, com Wanderlei de Oliveira, na prova do Graacc

Meu primeiro contato com o Wanderlei foi por telefone. Em vez de eu tomar as rédeas da conversa e estabelecer ali que era eu quem faria as perguntas, por inexperiência deixei ele comandar a situação. “Você corre? Há quanto tempo? Quanto por dia ou semana? Que tênis você usa?”, perguntou ele.

Respondi calmamente às perguntas e, quando achei que passaríamos então a tratar do meu assunto, lá veio ele com outra conversa: “Esteja amanhã, às 6h da manhã, na pista de atletismo do Constâncio Vaz Guimarães. Traga tênis e roupa de corrida”. Tentei intervir, falando que eu só queria fazer uma entrevista e precisava de um programa de treino para a revista e nada mais. “Quer escrever sobre corrida? Então, corra!”, disse ele, enfático. Ou seja, “venha ver de perto como tudo funciona”.

Corredora solitária, órfã de grupo de corrida, lá fui eu na minha entrevista tentar entender um pouco como as pessoas se organizavam nesse mundo.

A partir daí minha vida mudou completamente. Depois que a matéria saiu, virei personagem da minha própria história. Oito meses depois desse primeiro contato com Wanderlei de Oliveira, corri a Maratona em Nova York em 1997 e relatei em quatro páginas da mesma Boa Forma todo meu treinamento e participação. Lembro, como se fosse hoje, cada momento vivido em treinos e na maratona.

Em 2001, com a equipe Pão de Açúcar na 1ª edição da Ilhabela Corpore Terra e Mar

Após cruzar aquela linha de chegada depois de 42 km, não queria fazer outra coisa a não ser correr. A partir de então, outras oportunidades profissionais surgiram. Abandonei um trabalho ainda incipiente no mundo do fitness e me joguei fundo na corrida. Fui trabalhar no Pão de Açúcar, onde fiquei por 10 anos cobrindo exclusivamente corrida, triatlo e atletismo.

Vieram viagens e mais viagens a trabalho para cobrir e correr provas no exterior, a maioria delas depois que saí do Pão de Açúcar, em 2008, e fui trabalhar com a Kamel Turismo. Ainda no Pão de Açúcar, reintroduzi a fotografia na minha vida, que era um hobby de infância, e tudo depois se encaixou perfeitamente.

Em 2008, no bicampeonato do Marilson em Nova York (foto: Yara Achoa)

Cada vez que pisava numa cidade diferente eu me apaixonava mais pelo poder que a corrida tinha, e ainda tem, de me levar a lugares que jamais imaginara.

Bom, vou parar por aqui, porque há muita história para contar. O que relatarei nesta seção, intitulada Making of, e que sempre tive vontade de colocar no “papel”, é um pouco da minha experiência nestas viagens de coberturas, bastidores e momentos especiais que merecem ser compartilhados.

Uma coisa posso dizer! Quando olho para trás, não consigo imaginar outro caminho para a minha vida se não tivesse sido eu a pessoa escolhida para tocar aquela matéria sobre maratona. Havia vários repórteres na redação com mais experiência para fazer esse trabalho, mas tenho certeza de que ninguém mergulharia tão fundo no assunto quanto eu.

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