Allez! Allez! Allez! (Vai! Vai! Vai!) era o que escutávamos quando passávamos pelos lugarejos e distritos, com a população saudando os corredores que participavam da maior prova de trilha do mundo a Ultra Trail Du Mont Blanc, realizada no último dia 27 de agosto.
Meu primeiro grande desafio foi quando fiz a pré-inscrição em dezembro, com a expectativa de ser selecionado, e em janeiro tive a grande alegria de receber o e-mail de confirmação da organização. Em todos os eventos foram 15.500 pedidos e apenas metade conseguiu estar no pórtico de largada das respectivas provas. Além da que participei (OCC 53 km – 3.300 m de elevação), aconteceram outras modalidades, com largadas distintas: YCC (15 km – 1.000 m), CCC (101 km – 6.100 m), TDS (119 km – 7.250 m), UTMB (170 km – 10 mil m) e PTL (300 km – 26 mil metros de elevação).
Inspirado e motivado pela leitura do artigo de José Virgínio de Morais, na CR, onde contava sua experiência na participação na UTMB, vi que também era possível realizar o meu sonho, nas devidas proporções. Planejamento de treinamento estabelecido, iniciei a preparação específica; foram 6 meses de foco e dedicação, perfazendo um total de 106 treinos, com 1.250 km rodados, além de musculação, pilates e bike.
Faço aqui um parêntese para agradecer o apoio que tive nos treinos de corrida por parte dos parceiros da Equipe Toco, que muitas vezes me acompanharam a partir das 4 horas da manhã para iniciar os longões, em função das altas temperaturas que ultrapassam os 40 graus em nossa cidade.
Cheguei a Chamonix/França, uma das bases da prova, com o objetivo apenas de completar, no tempo que fosse. No grande dia, acordei às 2 horas, para realizar mais uma checagem e ajuste nos equipamentos obrigatórios da prova e em seguida embarquei no ônibus com destino a Orsiéres.
Após 1 hora de viagem lá estávamos e às 8h15 foi dada a largada, para os 53 km, com tempo limite de 14 horas e quatro pontos de cortes (quilômetros 24, 34, 45 e final). E lá fomos nós, caminhando e trotando, por longas trilhas, passando por lugarejos, encarando fortes subidas e descidas pelas belas montanhas da região dos Alpes.
Durante o percurso tive que fazer ajustes na estratégia da corrida, em função do grau de dificuldades e pela manutenção das condições físicas, sem contar a variação climática, que chegou aos 31 graus, pois estimava terminar a prova em menos de 11 horas. Cruzei o penúltimo ponto de corte, faltando então 8 km por montanha abaixo, já com a lanterna de cabeça acesa, em direção ao pórtico de chegada, cruzado com 12h58. O sonho estava realizado!
Willians Kauffmann é assinante de Cuiabá