21 de setembro de 2024

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Notícias admin 2 de novembro de 2015 (0) (118)

Mozart 100, a ultra da bela Salzburg

Salzburg, cidade linda na Áustria, com ambiente histórico, medieval, muitos castelos e igrejas, ruas que relebram um tempo distante, tem um cenário magnífico, com belas paisagens, vales, lagos, rios e montanhas, e é a terrra da música clássica. Aqui acontece a Mozart 100, uma das ultramaratonas mais dificeis que já participei, e cuja 4ª edição aconteceu dia 20 de junho.
A corrida conta com várias distâncias, sendo duas longas, de 56,2 e 102 km (que podem ser feitas em revezamento de duplas), e duas de distâncias menores, 11,5 e 25,6 km. Eu corri os 56,2 km, minha sétima ultramaratona.
A largada foi no centro de Salzburg, na Praça Mozart, local magnífico, repleto de história, às 9h30 já com chuva e temperatura ao redor de 10 graus. O clima representou um companheiro selvagem para os corredores, já que permaneceu frio e a chuva caiu em quantidades inacreditáveis, além do vento. Os 56,2 km podem ser divididos em 6 partes.
1 – O início urbano – Os primeiros 5 km foram planos e em asfalto, margeando o rio, mas logo começaram as subidas ainda na cidade. O frio estava forte e conforme fomos subindo ele se intensificava.
2 – As montanhas, rios e escaladas – No km 7, entramos na região de trilhas, e começamos a subir; o piso apesar da chuva ainda estava bom para correr. Fomos margeando rios e subindo… subindo; o frio era intenso, acredito próximo de cinco graus, meus braços e mãos começavam a incomodar com certa dor. Atravessamos três rios com águas super geladas, e um deles com correnteza, onde tive que me segurar em galhos para não ser arrastado. Nesse trecho, como em outros dessa parte, o solo estava muito encharcado e era impossível correr e por vezes até caminhar.
Cheguei a um dos pontos de apoio, no km 15 (foram vários a cada 4 ou 5 km), e também em abastecimento com postos somente com isotônico e água e gel, e outros também com Coca Cola, bolachas, salgados, banana, melancia, laranja, nozes; organização muito boa e pessoal de apoio super prestativos. Nesse posto pedi um plástico e coloquei nos braços e mãos, como proteção do frio.
Quando pensava que o pior já tinha passado, veio a grande escalada, literalmente… Atravessamos uma estrada, pensei que era para correr nela, mas os guias me orientaram a seguir em frente e entrar em uma trilha no meio do nada, quando então me dei conta que chegava ao momento duro da prova.
Iniciei bem a escalada, mas correndo com cuidado. Logo vi que correr seria difícil, pois o risco de cair e desabar pelas ribanceiras era enorme; piso super escorregadio, que obrigava a segurar em árvores e gravetos. Chegando ao final da grande montanha (km 18), voltou a chover e o frio persistia próximo dos 3 ou 4 graus
3 – Os vales – Após uma grande descida chegamos à região dos vales e entramos em um parque que margeava a costa oriental em Lago Fuschl, lugar lindo, uma pintura. Nesse trecho o sol apareceu e esquentou um pouco, em torno de 12 graus.
Passei pelo local de largada da corrida de 25 km e muitos aplausos, muita emoção; um staff se ofereceu para encher meu squeeze de água, agradeci enquanto comia melancia e alguns salgados (levei comigo isotônicos em pastilhas e entre os postos mais distantes colocava na água e, assim, consegui reequilibrar a quantidade de sais perdida no esforço).
Notei em alguns postos corredores desistindo, já com manta térmica. Comecei a gostar da prova, meu corpo esquentou e curti muito cada momento, cada visual, mas havia ainda muito pela frente…
4 – Os "muros" – São subidas muito inclinadas por 300 a 900 metros. Chegando perto do primeiro, esvaziei meu squeeze para ficar mais leve e fui em frente, ou melhor, para cima, alcançando no final o km 37. Vieram alguns vales, descidas e mais dois muros, que superei também muito bem.
5 – O lago e a entrada na cidade – Entramos em um parque com piso de terra, mas nada igual à primeira parte dessa corrida, lugar também muito bonito, margeando o lago e chegando à área urbana, percurso muito bom para correr, mas no km 45 tudo começa a ficar mais difícil. Os corredores dos 25 km passando por mim, descemos algumas escadas, casas históricas pelo caminho, igrejas lindas. Chegamos próximo da chegada, mas era o km 53, portanto ainda havia mais uns 3 km…
6 – As escadas e a chegada – Margeando os canais de Salzburg, começou com uma subida forte de 300 metros e logo a temível "Escada de 150 degraus para o céu". Chegando lá no alto, uma descida de 400 metros e mais 100 degraus para descer, bem dolorido!
Saindo desse parque, mais um canal e logo estava próximo da praça Mozart, sendo recebido com muitos aplausos e anunciado no sistema de som como único brasileiro presente. Terminei em 7h07. Mais detalhes em www.mozart100.com

Marcos Gagliardi é assinante de São Paulo

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