Blog do Corredor Redação 28 de outubro de 2021 (0) (310)

Dois brasileiros contam como foi a experiência do 1º Mundial de Faixa Etária em Londres

O Abbott World Marathon Majors Wanda Age Group World Championships, evento inaugural e válido como Campeonato Mundial por categoria (age group), estreou na Maratona de Londres, no dia 3 de outubro, e o Brasil foi representado por dois corredores: Zairo Junio Guimarães de Souza e Silva e Elenilton Viana Rangel.

Ambos se qualificaram para a disputa acumulando pontos ao longo de um ano em maratonas da listagem oficial da Abbott.

Essa disputa por um lugar no ranking da 1ª edição do evento começou na Maratona de Berlim de 2018 e terminou na Maratona de Berlim de 2019.

Para o ranking, são considerados os dois melhores tempos de cada corredor e as vagas (1000 no total) distribuídas de acordo com a faixa etária, a partir de 40 anos.

O evento, que era para ser realizado inicialmente na Maratona de Londres de 2020, foi postergado para 2021 por causa da pandemia.

Os dois brasileiros contam aqui não apenas a experiência de correr a edição inaugural do evento, mas também falam sobre a dificuldade de treinar na pandemia e sobre as exigências que tiveram que ser cumpridas para entrar no Reino Unido.

O baiano Zairo Junio Guimarães de Souza e Silva, de 45 anos, foi um dos corredores brasileiros que conseguiram a vaga para disputa da 1ª edição do mundial máster de faixa etária. Ele nasceu em Santa Rita de Cássia, na Bahia, mas mora há 27 anos em Brasília, DF.

Quando criança, saia de bicicleta para vender leite, o que acredita que tenha dado o lastro de condicionamento para a corrida. Major da Polícia Militar, Zairo corre há aproximadamente 25 anos, mas apenas há seis anos com planejamento (alimentação, fisioterapia e musculação) e acompanhamento do amigo Geraldo Pereira.

Contando Londres, onde obteve seu melhor tempo nos 42 km, com 2:46:54, ele já tem cinco maratonas completadas.

A convocação para o Mundial veio meio por acaso. “Um amigo estava antenado e me disse para eu me cadastrar no site da Abbott. Consegui a vaga correndo Chicago 2018 em 2:47:09 e Boston 2019 em 2:48:56”, conta o corredor, que teve que adiar os planos de 2020 devido ao cancelamento da prova.

Com a maratona confirmada para 2021, para não perder a oportunidade, Zairo programou uma quarentena de 10 dias em Paris, uma vez que a Inglaterra estava fechada para brasileiros. “Foi uma experiência muito diferente, pois tive de ficar na casa de um conhecido, que estava em missão, a serviço do Brasil, mas continuei mantendo o foco, mesmo sem os mesmos acessos a alimentação e reforço muscular que tinha no Brasil, além da distância de minha família. Senti muita falta da minha esposa e de minha filha, de 3 anos, mas superei com a cabeça focada.”

Mesmo viajando muito pelo país e pelo mundo em virtude da função que exerce, ele em nenhum momento deixou de treinar. “Durante este período de preparação fiz treinos no calor escaldante em Teresina e Fortaleza e no frio congelante de Bento Gonçalves, Porto Alegre e Zurique, na Suíça. Foram 365 dias de treino em 2020, totlizando 5.522 km. Em 2021, já percorri até agora 4.319,1 km, com média 14 km por dia”, conta o baiano, que correu pela primeira vez em Londres.

Zairo é recepcionado pelos amigos e pelo técnico no aeroporto

“Foi uma prova linda, mas cercada de muito estresse para entrar no Reino Unido. Embora tenha tomado as duas doses da Pfizer no Brasil, fui barrado na imigração, onde alegaram que vacinas tomadas aqui não eram aceitas e que teria de fazer outra quarentena de 10 (dias) no Reino Unido em um hotel indicado pelo Governo. No entanto, depois de muito negociar, fui autorizado depois de comprar 2 testes de Covid, um para o dia 2 (que eu já tinha comprado) e outro para o dia 8, apesar de só ter ficado 6 dias por lá. Percebi uma confusão na interpretação das próprias regras do Governo Britânico.”

Sobre a participação na prova, o maratonista queria ter  o índice para Berlim 2022, que seria 2:45, para entrar como fast runner, mas, mesmo assim, saiu feliz com o tempo de  2:46:54. “Diante de tanta dificuldade para chegar até a linha lá. Foi uma verdadeira saga”, conta Zairo, que tem como próximo objetivo completar as Majors e, claro, continuar correndo.

“Ainda me faltam Nova York, Tóquio e Berlim. Mas além disso, quero usar a corrida para melhorar a minha performance em outras valências de minha vida: afetiva, familiar, trabalho, saúde, estudo e bem-estar. E ser feliz até os 100 anos correndo.”

O também baiano Elenilton Viana Rangel, de 48 anos, também correu a Maratona de Londres como atleta convocado para a disputa do Mundial.  Militar do Exército na Reserva e Educador Físico, o corredor, que nasceu em Itororó, mas vive desde 2007 em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, corre desde 1990 e já concluiu 34 maratonas, sendo 30 delas sub 3h. Seu melhor tempo foi feito em Berlim em 2012, quando correu os 42 km em 2:35.

A vaga para o Mundial foi conquistada pela pontuação nas Maratonas de Berlim 2018 e Londres 2019. Rangel tinha três maratonas programadas para 2020: Tóquio em fevereiro e Boston e Londres em abril, onde seria a disputa do mundial. “Com o adiamento de Tóquio em razão da pandemia, eu já esperava que seria pouco provável ter algum evento presencial em 2020. Com isso não tinha o que fazer a não ser esperar uma posição da Abbott quanto à data da realização do evento”, lembra o corredor, que diz ter vivido um período de muita ansiedade aguardando o retorno dos eventos presenciais.

“Nesses 18 meses sem provas confesso que a minha periodização para o Mundial não foi a ideal em razão das incertezas que estava para entrada de brasileiros no Reino Unido. Fiz um planejamento com foco apenas na manutenção do meu condicionamento, sem grandes pretensões.”

Quando o evento foi confirmado para outubro de 2021, não restava outra coisa a fazer a não ser se programar para cumprir a quarentena e poder entrar no Reino Unido sem problemas. O local escolhido foi Berlim. “Era um lugar que já conhecia e poderia dar sequência aos meus treinamentos”, conta o atleta, que adorou a experiência de correr o primeiro Mundial de Faixa etária.

“Foi incrível. Recebemos um kit diferenciado, com uma mochila e um segundo número de peito. Todos os participantes receberam ao final uma segunda medalha, que por sinal é maravilhosa.  Tivemos também um evento para recepcionar os atletas e uma superfesta para premiar os campeões das categorias. Foi sensacional. Minha performance não foi a desejada. Fiz a primeira metade dentro do esperado, porém o meu martírio começou no 24 km, onde tive uma sequência de cãibras que me acompanhou até a linha de chegada. Fui brigando para concluir abaixo de 3 horas. Fechei a maratona em 2:57.”

O Mundial em Londres ainda teve a presença de outra brasileira, Edna Havlin, que tem dupla cidadania e foi convocada para representar os Estados Unidos. A corredora terminou a prova com o tempo de 3:26:04.

Edição 2022 será novamente em Londres

A próxima edição do AbbottWMM Wanda Age Group World Championships também será disputada na Maratona de Londres, no dia 2 de outubro de 2022.

O ranking para a classificação começou em 1º de janeiro de 2021 e terminará no dia 31 de dezembro.

Para mais informações, acesse https://www.worldmarathonmajors.com/rankings/how-it-works

 

 

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