Sem categoria admin 4 de outubro de 2010 (0) (143)

Gelo: quando e porquê; Sinfisite Púbica; Tendinite Iliotibial

GELO: QUANDO E PORQUÊ

A utilização do gelo como proposta terapêutica é denominada crioterapia, e até hoje alvo de controvérsias em relação à sua utilização. Desde a Grécia e Roma Antiga já se utilizavam neve e gelo com finalidades terapêuticas, mas foi no início da década de 60 que os primeiros estudos foram realizados com o uso da crioterapia nas primeiras 24 a 72 horas após a ocorrência da lesão.

O gelo nem sempre diminui a resposta inflamatória, como se acredita no meio esportivo, mas diminui os sinais clássicos da inflamação: dor, inchaço, vermelhidão, aumento da temperatura e diminuição da função do membro ou articulação.  Portanto, sua indicação na fase inflamatória é restrita principalmente à diminuição da dor e do edema, além de uma queda no consumo de oxigênio, conseqüente à lentificação do metabolismo, fenômenos que ocorrem devido à redução do potencial de ação, ou seja, menor transmissão de impulsos nervosos.

Os principais efeitos da aplicação da crioterapia são a diminuição da dor (analgesia) e do espasmo muscular, sendo que diversas teorias são propostas pelos autores para explicar esses efeitos. As formas de aplicação são variadas: bolsas de gelo, bolsas de gel, bolsas químicas, imersão em gelo e água, massagem com gelo, e os sprays, que podem ser utilizadas em ciclos de 15 a 20 minutos a cada hora.

Existem algumas precauções que devem ser adotadas quando da utilização de gelo, como evitar regiões com grandes nervos superficiais (lado externo do joelho junto à cabeça da fíbula) e regiões sensíveis, como extremidades de mãos e pés. Ainda que sua utilização seja controversa, utilizo e recomendo gelo tanto na fase aguda quanto nas fases crônicas de lesões.

SINFISITE PÚBICA
Sou atleta profissional, maratonista, e tenho como melhor marca 2:19:24, quando venci a 1ª edição da Maratona de Curitiba, em 1997. Em 2004 tive um problema de lesão no púbis, tratei e me recuperei, mas recentemente estive na Holanda correndo uma maratona no Mundial de Atletismo Para Olímpico, pois sou guia de um maratonista de visão limitada. Ao treinar em uma pista senti que meu pé escorregava na curva; após o treino voltou meu problema no púbis, já tratei por um mês, tomei antiinflamatório e voltei a treinar, mas estou ainda sentindo as dores nos adutores e no púbis. O que devo fazer para minha recuperação completa? Devo tomar ainda os antiinflamatórios mesmo treinando? Qual o melhor procedimento para esta lesão? Parar por mais tempo? Continuar treinando mesmo com dor?
Reginaldo Recofka, via email

Em primeiro lugar parabéns pelo seu desempenho nas pistas, não só como maratonista, mas também como guia de um paraolímpico. Poucas vezes os leitores da Contra-Relógio vão se deparar com esta recomendação que lhe farei, mas creio realmente que você deva parar temporariamente de correr para se recuperar da lesão, pois ainda está sentindo dores, e isto não é um bom sinal. Pela descrição do seu quadro clínico, a hipótese mais provável é uma sinfisite púbica, inflamação da articulação (sínfise) entre os ossos púbicos, localizados na frente da bacia, caracterizada por dor e dificuldade para movimentação das coxas. Pare de correr, mas mantenha alguma atividade aeróbica como corrida na água ou natação, para não perder tanto seu condicionamento; utilize algum antiinflamatório por apenas 5 dias e apenas analgésicos após este prazo, e realize algum exame de imagem para saber o grau de extensão da lesão púbica, como o ultra-som ou mesmo a ressonância magnética. A sinfisite púbica ocorre na maior parte das vezes por um desbalanço entre os músculos adutores da coxa e os abdominais, e melhora após um trabalho minucioso de reequilíbrio dos grupos musculares mencionados, além da melhora do alongamento da região. Procure ajuda com médico, fisioterapeuta e professor de educação física para lhe orientar na sua recuperação.

TENDINITE ILIOTIBIAL
No final de julho deste ano fiz uma meia-maratona na USP em São Paulo e após uma semana comecei a sentir uma dor na parte lateral do joelho direito; continuei treinando com dificuldade, pois correria em setembro a Meia de Buenos Aires, e claro, depois desta prova, a dor só aumentou. Fiz uma ressonância magnética que constatou uma tendinite íliotibial e agora estou fazendo fisioterapia. Corri em excesso? Isso é algo grave? Vai demorar para eu voltar às corridas?
Alexandre Avelino da Silva, via email

Infelizmente sua dor não foi embora após a meia-maratona na USP, e você provavelmente agravou a lesão quando continuou a correr, por sinal um fato muito comum em nosso meio. O quadro clínico é típico da tendinopatia iliotibial, característica primordial da síndrome do trato iliotibial, condição inflamatória que ocorre quando a faixa de tecido conjuntivo da face lateral da coxa é friccionada repetidamente contra uma saliência do osso da coxa (fêmur), provocando dor, edema e dificuldade para flexionar o joelho, tornando doloroso o movimento de subir e descer escadas. Creio que você vai precisar modificar sua atividade aeróbica, ficando longe das pistas por algum tempo e realizando corrida na água ou natação, alongamento do trato iliotibial e sessões de fisioterapia para abreviar sua recuperação. Procure manter os exercícios de alongamento da face lateral da coxa, facilmente negligenciados pela grande maioria dos corredores, para minimizar a chance de uma recaída.

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