Notícias admin 3 de maio de 2015 (0) (95)

Mais de 40 mil na Maratona de Paris

No dia 12 de abril foi realizada a 39a edição da Maratona de Paris, com 40.172 concluintes, uma marca inédita no evento. Quem já fez a prova sabe: é praticamente um city-tour a pé, um passeio pelos principais pontos turísticos da cidade.
Desde a largada na famosa avenida Champs-Élysées, o percurso passa por lugares como a Praça da Concórdia, a rua de Rivoli, o Museu do Louvre, a Praça da Bastilha, a Catedral de Notre-Dame, margens do Rio Sena e, naturalmente, a Torre Eiffel, antes de terminar aos pés do Arco do Triunfo, cujo nome não podia ser mais apropriado para os corredores celebrarem a conquista dos 42 km.
Além da beleza natural e da importância histórica de seus monumentos, a capital francesa trabalha bem para atrair cada vez mais turistas do mundo todo. O transporte público em Paris funciona de forma integrada e abundante. É muito fácil ir de metrô, trem ou ônibus para qualquer lado e os tíquetes adquiridos valem para os três meios de transporte. A rede hoteleira é bem diversificada e existem várias regiões da cidade propícias para se hospedar.
Este ano, mais do que nunca, a França precisava de um evento esportivo e festivo como a Maratona de Paris para levantar sua moral. O início do ano foi conturbado no país, primeiro com o atentado terrorista que matou doze pessoas de um jornal francês (o Charlie Hebdo), depois com a morte de três atletas franceses famosos em um acidente de helicóptero na Argentina e, mais recentemente, com a queda de um avião alemão no interior do país, com 150 pessoas a bordo. Então, a Maratona de Paris veio na hora certa para ajudar os franceses a recuperar sua autoestima e mostrar que Paris continua sendo a Cidade-Luz, um sonho de consumo entre os viajantes.

FEIRA ENORME. Como toda grande maratona internacional, a feira onde acontece a retirada do kit, na semana que antecede a prova, é um evento à parte. Além da megaloja da Asics, principal patrocinadora do evento, praticamente todas as marcas de calçado e vestuário esportivo estavam presentes. Também as francesas e internacionais de acessórios, suplementos, equipamentos tecnológicos, revistas, entre outros, marcavam presença. Por fim, havia também estandes das organizadoras de outras provas de longa distância francesas e europeias, divulgando seus eventos. Um dos locais da feira mais fotografado era uma enorme parede onde estavam escritos os nomes de todos os participantes.
Na véspera da prova, dois eventos ajudaram a entreter os corredores: A "Paris Breakfast Run" – uma corrida não-competitiva de 5 km com café da manhã ao final, onde os participantes recebiam bandeiras dos seus países para uma confraternização de nacionalidades (a inscrição custava apenas 7 euros); e uma corrida infantil gratuita (1,2 km para crianças de 5 a 7 anos e 2,2 km para os de 8 a 10 anos) ao redor da Torre Eiffel. A inscrição em ambas as provas era aberta inclusive a quem não estivesse inscrito na Maratona.

BAIAS E MARCADORES. No domingo, a largada aconteceu sem transtornos. O metrô, meio de transporte da maioria dos corredores, era a melhor opção para se chegar na Avenida Champs-Élysées, onde o corredor encontrava os currais separando os participantes de acordo com seu tempo estimado de conclusão (eram 7 grupos, além da elite – 3h00, 3h15, 3h30, 3h45, 4h00, 4h15 e 4h30 ou mais).
Para uma prova deste porte, a largada em ondas é fundamental, e em Paris funcionou muito bem. Praticamente todo mundo respeitava a divisão, sendo raro ver alguém na baia errada, até porque existia controle de voluntários. Outro recurso que a prova oferece para ajudar os corredores a bater suas metas de tempo são os pacers (marcadores de ritmo). No total, 32 marcadores dos mais variados ritmos correram a prova, sempre cercados por grandes grupos.
Além dos pontos turísticos da cidade, a organização deixa a prova ainda mais animada disponibilizando mais de 100 atrações musicais ao longo do percurso. Ainda, 3 mil voluntários e um público estimado em 250 mil pessoas estavam nas ruas para estimular os corredores, que vinham de 150 países.

PLATEIA ANIMADA. Aliás, é digno de nota o calor e a animação dos franceses. Contrariando sua fama de antipáticos e frios, o apoio do público francês no trajeto surpreende. João Laranjeiro, 41 anos, de São Paulo, correu a prova e confirma: "Foi bonito demais ver as ruas repletas com milhares e milhares de pessoas apoiando os corredores. As palavras de incentivo, os cartazes, as bandeiras de países de todo o mundo, as crianças esticando a mão para que tocássemos, os gritos de "Allez, allez" (Vamos, vamos), "Bravo, Bravo", tudo isso ficará eternizado na minha memória como um momento especial.".
A também paulista Gisele Malavazi Alves, 35 anos, complementa: "Para mim os destaques foram os bombeiros aplaudindo os corredores ainda nos primeiros quilômetros e o sino da igreja que badalava incansável enquanto os corredores passavam. "
O percurso da prova é majoritariamente plano, mas apresenta alguns aclives e declives que cobram caro dos corredores menos preparados. Um dos pontos mais difíceis da prova é o 1o túnel do trajeto, com quase 1 quilômetro de extensão, o que desanimava muitos corredores com sua escuridão e ar abafado.

POSTOS CONGESTIONADOS. No quesito hidratação e alimentação, a prova esbanjou na quantidade e variedade: a cada 5 km os corredores tinham, à sua disposição, água, banana, laranja, torrão de açúcar, frutas secas e, a cada 10 km, isotônico. Um ponto de melhoria neste tema é que os estandes estavam sempre em apenas um dos lados da pista o que fazia todos os corredores migrarem para aquele lado, atrapalhando bastante o fluxo para quem quisesse seguir correndo sem parar para se abastecer.
Já no lado tecnológico, a prova oferecia dois serviços interessantes para os corredores serem acompanhados pelos familiares e amigos: o aplicativo para smartphones, já comum nas principais maratonas internacionais, que informava a evolução dos atletas a cada 5 km; e a postagem automática no Facebook da foto cada corredor ao passar pelo km 41.
Ao final da prova, recebemos a medalha e a camiseta de "finisher". Sim, em Paris só recebe a camiseta da prova quem cruza a linha de chegada. No dia seguinte, era comum ver corredores desfilando com ela pela cidade, orgulhosos de sua conquista.
No geral, a organização da prova, considerando seu tamanho, é elogiada pela maioria. Mas algumas pessoas tiveram seus contratempos. Cássia dos Santos, 34 anos, de Divinópolis-MG relata: "Quando cheguei para buscar meus pertences no guarda-volumes, eles não encontraram. Fiquei das 13h30 até quase 17h esperando em vão e, no final, me pediram que fizesse um B.O. para a organização da prova, em francês. Como estava exausta e com dores nas pernas não fiz; preferi voltar para o hotel sem meus pertences, onde meu marido me esperava preocupado com minha demora."

Entre os atletas de elite, o queniano Mark Korir, de 30 anos, venceu a prova com o tempo de 2:05:49. Foi sua primeira vitória em um evento de grande porte internacional; ele havia ficado em 2º lugar na Meia Maratona de Paris, realizada um mês antes. Este é também o segundo melhor desempenho mundial na distância nesta temporada.
Korir venceu a prova com um "split negativo", ou seja, correu a segunda metade mais rápido do que a primeira o que, segundo a imprensa francesa, é um feito inédito na prova, dada a altimetria do percurso que torna a segunda parte da prova um pouco mais difícil que a primeira. Mas o recorde da prova ainda pertence ao etíope Kenenisa Bekele (2:05:02, em 2014). Entre as mulheres, a etíope Meseret Mengistu, de 28 anos, venceu com apenas 4 segundos de diferença de sua compatriota Amane Gobena, também com excelente tempo – 2:23:26.

INSCRIÇÕES 2016
Se você se interessou pela prova, não perca tempo. A primeira fase de inscrições para o próximo ano (que deverão ser ainda mais concorridas, em função da comemoração do 40º aniversário) já está aberta no site www.asochallenges.com até o dia 13 deste mês por 80 euros. Depois disso, será preciso esperar a segunda fase, que deve começar em setembro.

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