Aída dos Santos, única mulher da delegação brasileira a participar dos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964, e dona do quarto lugar na prova do salto em altura – o melhor resultado de uma brasileira em Olimpíadas até a edição de Atlanta-1996 – passou a integrar o Hall da Fama do Comitê Olímpico do Brasil, em cerimônia realizada nesta quinta-feira (15/07), na sede do COB, no Rio. Para marcar a entrada de Aída dos Santos na galeria dos heróis olímpicos, seus pés foram gravados em molde de gesso.
Aída é a quinta integrante do atletismo no Hall da Fama do COB e a primeira mulher a receber a honraria, aos 84 anos. Foi eleita para o Hall da Fama em 2020, ao lado de Bernard Rajzman (vôlei), do bicampeão olímpico Adhemar Ferreira da Silva – que ainda receberá homenagem póstuma -, Aurélio Miguel (judô), Reinaldo Conrad (vela), Sebastian Cuattrin (canoagem), Tetsuo Okamoto (natação), Wlamir Marques (basquete) e os treinadores Nelson Pessoa (hipismo) e Mário Jorge Lobo Zagallo (futebol).
Foi uma homenagem reservada por causa da pandemia e estiveram presentes o presidente do COB Paulo Vanderley e o CEO Rogério Sampaio, o presidente do Conselho de Administração da Confederação Brasileira de Atletismo Wlamir Motta Campos, e Valeskinha, campeã olímpica com o vôlei feminino, filha de Aída.
O quarto lugar de Aída dos Santos no salto em altura, em Tóquio-1964, foi o melhor resultado das mulheres brasileiras até Atlanta-1996. Ela foi a única mulher a integrar a delegação brasileira naquela edição do evento, sozinha e sem sapatilha – competiu com uma sapatilha de velocidade, emprestada. Ainda disputou o pentatlo nos Jogos da Cidade do México-1968.
O presidente do COB Paulo Vanderley fez um breve discurso narrando os feitos da Aída, dentro e fora das pistas – Aída ainda joga vôlei máster, no Círculo Militar, e só não pratica atletismo por causa de problemas no joelho. Ela ficou emocionada com a homenagem e disse que iria ao Japão, mas a pandemia causou o cancelamento da viagem.
Contou como foi ser a única mulher da delegação em Tóquio e que não ganhou a medalha no salto em altura por apenas dois centímetros. A terceira colocada, que foi uma russa, saltou 1,76 m e ela 1,74 m passando todos na primeira tentativa e com vantagem na prova até então. A russa só passou 1,76 m no terceiro e último salto.
“Para mim foi uma honra participar da primeira cerimônia do Hall da Fama realizada na sede do COB. Foi uma honra e um privilégio estar presidente da CBAt e poder viver a celebração da história de uma personagem do atletismo nacional e do desporto mundial”, afirmou Wlamir Motta Campos. “Ela que sempre brilhou pelo Botafogo, no Rio, foi uma estrela solitária nos Jogos Olímpicos de Tóquio e com sua luz de estrela tem esse poder de iluminar a futura geração do atletismo”, acrescentou.
Wlamir agradeceu ao COB pela homenagem. “Um momento de muita alegria para o atletismo nacional podermos homenagear em vida uma pessoa tão fantástica como Aída dos Santos, primeira mulher do atletismo a figurar no Hall da Fama”, acrescentou Wlamir que já convidou Aída para estar presente na Taça Brasil Máster Loterias Caixa de Atletismo em novembro.
O Hall da Fama do COB foi lançado em 2018 e desde então já integravam a galeria dos heróis olímpicos quatro representantes do atletismo: Joaquim Cruz, campeão olímpico nos 800 m em Los Angeles-1984 e medalhista de prata em Seul-1988 na mesma distância, João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, bronze nos Jogos Olímpicos Montreal 1976 e Moscou 1980 no salto triplo, Sylvio de Magalhães Padilha, o primeiro sul-americano a ir para uma final olímpica no atletismo, em Berlim-1936 (5° nos 400 m com barreiras), e Vanderlei Cordeiro de Lima, bronze na maratona em Atenas-2004 e detentor da medalha Pierre de Coubertain.
Foto: Rômulo Simões / COB