20 de setembro de 2024

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Notícias admin 10 de março de 2015 (0) (130)

Maratona de Budapeste: um colírio para os olhos

Correr e viajar: nunca foi tão fácil unir o útil ao agradável! O número de pessoas que programam uma prova no exterior a fim de bater recordes pessoais e, de quebra, conhecer novos destinos, cresce a cada ano. E em termos turísticos, a Maratona de Budapeste leva vantagem sobre provas europeias mais tradicionais, haja vista que seu percurso abrange boa parte dos principais pontos de visitação da capital da Hungria.
A entrega do kit, a largada e a chegada ocorrem no mesmo local: na entrada principal do Parque da Cidade, localizada em frente à imponente Praça dos Heróis. Nesta área, encontram-se o Memorial do Milênio, o Museu de Belas Artes, o Zoológico, o Museu dos Transportes, o Museu da Agricultura e as termas de Széchenyi, um dos principais conjuntos de piscinas termais de Budapeste.
O Parque da Cidade não poderia ter sido uma escolha mais apropriada por parte dos organizadores: é um local de fácil acesso via transporte público e possui uma enorme área verde, que é perfeita para a dispersão pós-prova e montagem dos banheiros químicos e do guarda-volumes.
Minha participação na prova foi marcada por um grande susto! Inscrito desde maio e com passagens aéreas e hotel já reservados, recebi a comunicação da mudança da data original da prova (de 12 para 11 de outubro), no fim do mês de agosto. A organização anunciou a antecipação da data em razão da realização das eleições municipais no país no dia 12/10.
Procuro correr logo no início das minhas viagens, para poder aproveitar e passear sem culpa no período restante das férias. Por isso, havia agendado minha chegada a Budapeste no dia 10 e, por muito pouco, não perdi a prova. Minha sorte foi que a organização preferiu antecipar a data em apenas um dia a cancelar a prova ou transferi-la para o fim de semana seguinte. Visando ainda "minimizar o estrago" aos inscritos de fora da cidade, os organizadores transferiram o horário da largada das 9h30 para as 11 horas da manhã do dia 11/10 e ainda ampliaram o horário de retirada do kit (possibilidade de retirar o kit até as 21h da véspera ou na própria manhã da corrida).
Mesmo assim, no dia da minha chegada e após dois voos, sem um tempo ideal para descanso e adaptação ao horário local, só consegui retirar o kit no início da noite, perdendo o jantar de massas. O kit era simples: camiseta, boné, sacolinha, esponja, guia sobre a prova e folhetos. Em rápida visita à feira da maratona, fiquei frustrado ao não localizar a venda de produtos relacionados à prova. Os poucos expositores eram de outras maratonas de países vizinhos: Cracóvia e Varsóvia (Polônia), Praga (República Checa), Bratislava (Eslováquia), dentre outros. Na relação dos inscritos, os franceses apareceram como o grupo de estrangeiros em maior número.

TEMPERATURA DE 20 GRAUS! Na manhã do dia 11 de outubro, o Parque da Cidade começou a ser invadido por corredores, mas apenas uma hora antes da largada. A temperatura, para espanto geral, chegava a quase 20° C. A largada ocorreu sem grandes atrasos. Logo após contornar as estátuas da Praça dos Heróis, os participantes seguiram por uma das principais vias do centro de Budapeste, a elegante rua Andrássy (onde estão localizados a Ópera e o Museu "Casa do Terror") nos três primeiros quilômetros, conforme foto de capa da CR n° 250 (edição de julho/14).
O percurso da Maratona de Budapeste é predominantemente plano e as poucas variações de altimetria ocorrem nas diversas pontes que cruzam o rio Danúbio. No total, são quase 20 km por suas margens, atravessando seis vezes por quatro diferentes pontes. A primeira é a "Margit", que dá acesso à Ilha Margarida, um pedaço de terra de 2,5 km de extensão e 500 metros de largura localizado no meio do rio Danúbio. Os corredores percorrem a ilha de ponta a ponta por duas vezes e em sentidos alternados, entre os quilômetros 7 e 10 e, já no final, entre o 33° e o 36° km, sempre com algumas subidas. A ilha é um conhecido local de lazer, com lago, termas, jardim japonês, quadras esportivas, aluguel de bikes e fonte romana.
O percurso é amplo, pois as ruas e avenidas da cidade são, em geral, bem largas (mesmo às margens do rio Danúbio), não havendo nenhum ponto de aperto ou congestionamento. Ao longo da prova, o corredor também passa por alguns pontos de revezamento, haja vista que a Maratona de Budapeste tem outras opções de distâncias: uma corrida de 30 km (com largada no 12° km, 45 minutos após o início da maratona), um revezamento em quarteto (com distâncias de 11,6, 11, 8,2 e 11,4 km respectivamente) e corridas menores (7 km, 2,7 km, uma "Family Run" de 600 metros, além de uma caminhada de 3,2 km).
Um dos locais mais emblemáticos da cidade, a "Ponte das Correntes", é percorrida após o 15° km. Nela, é possível avistar os principais edifícios que estão no lado oeste ("Buda") e leste ("Peste") da capital húngara. Como eu havia chegado à cidade com menos de 24 horas, tive o primeiro contato com muitos dos pontos turísticos no decorrer da maratona. E afirmo, sem qualquer dúvida, que o percurso "turístico" desta prova é um verdadeiro colírio para os olhos, pois o corredor tem vistas fantásticas da cidade ao atravessar as pontes das Correntes e da Liberdade.
Quando se alcança o 29° km, é impossível não correr sem contemplar o Parlamento, um imponente edifício que lembra muito o homônimo de Londres. No meu caso, apreciei o prédio "sem moderação", pois após perder de vista o marcador de ritmo das 4 horas, na metade da prova, o cansaço da viagem me abateu naquela altura da maratona, diminuindo ainda mais o meu ritmo. A sorte é que há bandas de música dos mais variados estilos para animar ao longo do percurso. O incentivo nas ruas pelos moradores da cidade é ainda um pouco tímido: a maioria é composta de parentes de corredores.
Os postos de hidratação possuem água, isotônico, Coca-Cola e algumas frutas. Perto do final da prova, um dos postos não tinha água, nem isotônico. Aquele foi, sem dúvida, o momento mais crítico da maratona, sem contar que o corredor é surpreendido com pequenas subidas incômodas na saída da Ilha Margarida (entre os km 35 e 36) e em um viaduto que passa ao lado da estação de trem Nyugati (km 38).
Segundo os organizadores da prova, não obstante a mudança de data, a 29ª Maratona de Budapeste contou com 23.450 inscritos, sendo 5.700 nos 42 km. Para 2015, a programação promete ser especial, pois será comemorada a edição de número 30. Além da maratona agendada para o fim de semana de 10 e 11 de outubro, também haverá opções de meia maratona nos dias 18/19 de abril e 13 de setembro. Maiores informações www.budapestmarathon.com/en/
Marcelo Jacoto é assinante de São Paulo

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