Notícias admin 10 de março de 2015 (0) (115)

MOUNTAIN DO ATACAMA

O Deserto do Atacama está localizado a 2.400m de altitude, na região norte do Chile, próximo à Bolívia e ao Peru. É um dos locais mais áridos do mundo, com a média de umidade relativa do ar chegando aos 5%. As casas em San Pedro de Atacama, ponto de partida e chegada para a terceira edição do Mountain Do, realizado no dia 7 de dezembro, são feitas em barro, com telhado em sapé, porque chover lá é algo totalmente raro. Quando acontece, um pouco dessas construções "derrete" e fica manchada pela água escorrendo nas paredes, mas isso é tão excepcional, que ninguém se importa.
A prova é dividida em três distâncias. Uma participativa de 6 km para os acompanhantes, outra de 23 km e o desafio principal, de 42 km. Nesta terceira edição, foram 489 concluintes nos três eventos, a maioria brasileiros, mas com corredores também de Portugal, Chile, Argentina e Islândia. A largada/chegada ocorre na praça central de San Pedro, diante da prefeitura e da histórica igreja local. Um pouco de calçamento e parte-se para a rodovia, em asfalto, que leva ao coração do deserto.
Os primeiros 6 km são comuns tanto aos 23 km quanto aos 42 km. Nesse ponto, há a divisão. Os maratonistas partem em direção aos vales da Lua e da Morte, duas das atrações turísticas do deserto, correndo em meio a cânions, sítios arqueológicos e erosões. O tom é único: o marrom da areia. O dia de céu completamente azul, sem qualquer nuvem, contrastou com o marrom dominante das areias, pedras e terra do Atacama.
Essa primeira metade da maratona não traz dificuldades. Os trechos em piso duro, com pedrinhas soltas, favorecem a corrida. Há também um pouco de areia fofa, mas nada que comprometa ou chegue a preocupar. Uma brisa constante, algumas vezes tornando-se um vento mais forte, ajudou a reduzir os efeitos do calor, mantendo o corpo resfriado – aliado ao fato de que, como a corrida começa às 7h30, a temperatura vai subindo bem devagar e não incomoda em nada.

DIFICULDADES. A prova mostra sua dificuldade (e torna-se um interessante desafio), do km 24 ao 34 na maratona (aproximadamente do km 7 ao 17 na dos 23 km). Longos trechos em areia fofa obrigam a maioria a caminhar em grande parte, com dunas, subidas e descidas, com destaque para uma elevação de mais ou menos 1 km, morro acima, com a areia indo até a canela, quando se atinge o ponto mais alto da corrida, os 2.640m de altitude. Depois, mais algumas "lombadas" íngremes, subindo e descendo, com pedras soltas, que seguram o ritmo e exigem cuidado para não torcer o pé. Em compensação, a paisagem é também muito mais interessante, estranha e linda.
Quem "sobrevive" às dificuldades com uma boa dose de energia, consegue voltar a correr nos 7 km finais, que são basicamente em leve descida e com longos trechos no plano ao se aproximar de San Pedro. Se você tem "perna" a partir desse momento, pode apertar bem o ritmo de corrida. Agora, o desafio é estar "inteiro" nesse ponto, pois o cansaço já pesa. Na chegada, novamente, uns 300m de calçamento e o pórtico. Momento de colocar a medalha no pescoço e comemorar uma experiência única.
A organização, novamente, como é característica do Mountain Do, se destacou. Os 42 km estavam muito bem sinalizados – seja por faixas, bandeiras ou pessoal do staff orientando. Para se perder, seria necessário muito esforço! Houve hidratação com água e isotônico, na maior parte do tempo, gelados, sem necessidade de se levar nada. No km 33 (km 13 dos 23 km), garrafinhas de Pepsi. Isso, além de dois postos de gel de carboidrato e um com toalhas umedecidas para limpar a areia do rosto. Na chegada, frutas, água, isotônico e massagem, fazendo jus ao valor da inscrição, em torno de 700 reais.
Por segurança, nesta terceira edição, havia até um helicóptero de prontidão para qualquer necessidade, incluindo ambulâncias e socorristas. Apesar de a organização ter orientado no congresso técnico da véspera os corredores a levar água (foi dado um cinto de hidratação juntamente com o kit de participação) como medida de segurança (ou psicológica), a proximidade dos postos (quatro quilômetros no máximo entre eles) não deixou ninguém com sede.
Nas três distâncias, houve apenas duas desistências, nos 42 km. A Sports Do não fez cortes ao longo do percurso, controlando somente os ritmos. Assim, o último cruzou a linha de chegada da maratona em 7h59; já nos 23 km, o tempo final foi de 5h35, mostrando ser possível fazer os dois percursos caminhando o tempo todo. Veja os resultados completos em www.mountaindo.com.br.

NO PERU – A prova no Deserto do Atacama faz parte do circuito internacional do Mountain Do, que tem ainda a corrida no Fim do Mundo, em Ushuaia, na Argentina (dia 17 de maio de 2015) e a do Costão do Santinho, em Florianópolis, de 26 a 28 de junho deste ano – ambas já estão com inscrições abertas pelo site oficial. A intenção é chegar ao quarto país, o Peru, mas ainda faltam alguns detalhes para a confirmação do evento – a Sports Do está em negociações com as autoridades peruanas.

 

Também turismo
Como outras provas do MD e de organizadores com propósitos semelhantes, o evento no Atacama é um misto de turismo com esporte, por vezes ficando em segundo plano a corrida em si, atraindo muitos grupos de corredores. E nesse sentido, a região mostra-se interessante para alguns passeios diferentes.
San Pedro de Atacama é uma pequena vila rústica, com 3 mil habitantes, distante 95 km de Calama, capital da região e onde está o aeroporto que vem recebendo investimentos para se tornar internacional (o que eliminará a necessidade de ir primeiro até Santiago para então pegar o voo para o deserto).
Entre os atrativos, estão os vulcões na região, alguns ainda ativos, com vistas de tirar o fôlego (assim como, literalmente, ficar sem respiração nas longas caminhadas morro acima, por isso, caso planeje correr o Mountain Do em 2015, deixe para ir aos vulcões após a corrida). O preço médio é de 240 dólares para o passeio, mas, "chorando", dá para chegar aos 200 dólares.
Os passeios mais procurados a partir de San Pedro são Geyser del Tatio e Machuca; Vales da Lua e da Morte (percorridos nos 42 km); Salar e Lagunas Altiplânicas; Laguna Cejar e Tebinquinche; Termas de Puritama; Salar de Atacama e Toconao; Passeio Arqueológico e Vale do Arco-íris. Para comer, não espere nada luxuoso, porém com preços honestos e boas opções (principalmente frango e salmão).
Uma dica importante, antes, durante e após a viagem: beber água. Como é muito seco, você acaba não percebendo, pois transpira pouco, mas estar sempre com uma garrafinha à mão e com outra ao lado da cama é fundamental. Lavar o nariz com soro fisiológico também é recomendado.

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