Notícias admin 10 de março de 2015 (0) (727)

MARATONISTAS ILUSTRES: DRÁUZIO VARELLA E ZÉLIA DUNCAN

A primeira de cada um – Ele começou a correr aos 50 anos, depois de um papo com um ex-colega de escola que disse que aquela idade representava o começo da decadência. Para provar que não estava ficando velho, o médico decidiu fazer a Maratona de Nova York. Agora, aos 71 anos, completou sua 15ª prova, com o tempo de 4h14. "Minha vida se divide entre antes e depois das maratonas", diz.
A de Zélia foi em Chicago, em 2010, incentivada pelo amigo Dráuzio. "Tive o prazer de ir com ele e também com uma amiga mais jovem, super corredora – a gente a chamava de bip-bip porque era bem rápida. Tivemos a companhia ainda de uma amiga que mora em Chicago, que nunca correu, e resolveu treinar para a maratona. A considero uma pessoa muito corajosa. Ela se preparou para fazer em seis horas, para completar. E estávamos lá, caminhando para a largada, emocionados no meio daquela multidão… Aí a mãe dessa minha amiga que mora nos Estados Unidos ligou do Brasil. Ela falou com a mãe, chorou. E a gente só vendo ela falar assim: ‘não, mãe, está tudo bem, pode deixar…' A mãe dela disse: ‘minha filha, liguei para dizer para você que não precisa ganhar não…' Corremos os 10 primeiros quilômetros às gargalhadas". Em sua estreia, Zélia fechou com o tempo 5h10. Em Berlim, a cantora obteve seu recorde pessoal: 4h37.

Como eles encaram as longas distâncias – Dráuzio diz que não dá para improvisar nos 42 km; é preciso planejamento e dedicação. "Maratona é uma festa, que une prazer e superação. Mas tem que treinar, se dedicar alguns meses. Essa é a parte dura. Ninguém é obrigado a correr maratona. Mas quem se propõe a fazê-la tem que treinar. E para conseguir esse preparo é necessário disciplina."
Para Zélia, é preciso também treinar a mente para superar o "muro". "Dentro de uma prova como a maratona, o que sinto é que o corpo vai. Quando passa do quilômetro 30, parece que ele começa a dizer assim ‘não foi isso que a gente combinou. Você não vai parar?' A gente tem que ter uma força mental muito grande para continuar. Em um certo momento parece um castigo. Mas quando você chega tudo se justifica, tudo é bonito, está tudo certo".

O sentimento ao final de mais uma maratona – O médico estava completamente relaxado, atendendo os fãs. "Não sei nem o tempo que fiz. Corro sem relógio, curtindo a prova. Estou feliz de ter completado mais uma." A cantora estava radiante, festejando com os amigos. "Foi demais! Mais uma medalha para a coleção. E eu adoro uma medalha. Significa que eu consegui chegar. Para mim é importante esse símbolo."

 

OS MELHORES BRASILEIROS AMADORES EM BERLIM

O cearense Vanilson Neves, 26 anos, que hoje vive em São Paulo, e a cabeleireira Ivone Terezinha Bassegio, de 44 anos, de Sinop (MT), foram os primeiros brasileiros amadores na Maratona de Berlim, finalizando respectivamente com 2h41 e 3h09. Ambos se surpreenderam com o resultado. Conheça mais sobre eles.

VANILSON NEVES corre há 14 anos e há 9 vive do esporte. "Comecei através de um projeto social do governo do estado na minha cidade natal, Fortaleza", conta. Entre suas principais conquistas nesse tempo estão medalhas de bronze em Campeonatos Brasileiros Juvenis, título de campeão paulista e sétimo lugar na Golden Four de Porto Alegre. Berlim foi sua segunda maratona e a primeira prova no exterior. "Junto com minha treinadora, Domiciana Gomes, e meu patrocinador, Vida Invest Corretora de Seguros, escolhi a capital alemã pelo percurso plano e rápido. Foram três meses de árdua preparação", conta. A ideia era apenas fazer um bom tempo. "A prova é muito rápida. E quem está acostumado a correr no Brasil, com muitas subidas, precisa controlar o ritmo no início para não pagar lá na frente." Ele largou com o objetivo de correr a 3:20/km, mas teve problemas durante o percurso. "Segui um grupo de atletas que estavam nesse pace, ganhando confiança pelo caminho. Por volta do km 10, consegui alcançar a elite feminina. O grupo estava muito bom: eram quatro atletas e dois coelhos. Só que por volta do km 23, tive que fazer uma parada de emergência. Sabia que seria muito difícil alcançá-los novamente. Mas retomei a prova no mesmo ritmo, correndo ainda para finalizar em 2h22. Mas perto do km 30, fui ao banheiro novamente e minha meta passou a ser apenas concluir a maratona."

IVONE BASSEGIO tomou gosto pelo atletismo ainda criança, nas aulas de educação física. Mas foi somente depois dos 20 anos que passou a correr com frequência. "Há quatro anos comecei a encarar o esporte de forma competitiva e a me dedicar aos treinos de maneira mais intensa, visando provas nacionais e internacionais", revela. Ela, que foi atleta revelação dos Jogos Abertos do Mato Grosso, está acostumada a bons resultados, como o primeiro lugar na faixa etária e 15º no geral na Maratona do Rio de Janeiro (2014) e segundo lugar na faixa etária e 12º no geral na de Porto Alegre (2013). "Sou atleta amadora. Participo de corridas porque amo fazer isso". Embora não tenha o esporte como profissão, Ivone encara os treinos de forma bastante séria. "Não é fácil ter que dividir o dia entre meu trabalho, o papel de mãe e a atividade física. Mas administro da melhor maneira possível, para que tudo tenha seu tempo. Meus treinos de corrida, por exemplo, começam às 4h30 da manhã, e à noite ainda faço crossfit. Nunca tive patrocínio, sempre banquei tudo do próprio bolso. O amor ao esporte me move. Agora estou começando também a me dedicar ao duatlo (bike e corrida), de olho no triatlo", conta. Para Berlim, treinou duro e em terrenos variados: estrada de chão, asfalto, areia, mata, grama, subida, descida, todos os dias, fazendo uma média de 130 km por semana. "Mesmo assim, confesso que foi uma surpresa ser a primeira brasileira. Pensava apenas em obter experiência e melhorar meu tempo da Maratona do Rio, que era de 3h20. Tive cãibras e dores nas pernas, mas consegui terminar bem, atingindo minha meta que era obter meu recorde pessoal."

Veja também

Leave a comment