Notícias admin 10 de março de 2015 (0) (86)

K42 Ubatuba: de tirar o fôlego

A primeira edição da K42 Brasil em Ubatuba, no dia 30 de agosto, incluiu: travessia de três rios; praias de areia fofa e dura; subidas no asfalto intermináveis; nas trilhas, elevações ainda mais íngremes; descidas literalmente no meio da mata fechada, sem "caminho", com apoio de cipós, cordas e árvores; mangue com lama até a altura do joelho (e todo o cuidado para não perder os tênis ao afundar os pés); mas também paisagens deslumbrantes…
Foram 132 concluintes nos 42 km (108 homens e 24 mulheres), além de quatro duplas femininas, 26 masculinas e 11 mistas. Nos quartetos, 22 equipes completaram o difícil percurso. No total, 302 pessoas participaram do evento.
Nas primeiras cinco edições, a K42 Brasil ocorreu em Bombinhas, no litoral catarinense. Agora, com uma nova linha na organização, tanto da maratona como na série K21, mudou-se o local. E, em uma primeira análise, tornou-se mais "trabalhosa" para os corredores, seja pelas complicações do percurso (agradando muito aos montanheiros) como por uma maior organização dos deslocamentos, principalmente nos revezamentos, pois a largada (Praia da Lagoinha) e a chegada (Praia de Itaguá) são bem distantes. A sinalização para os postos de troca (um em duplas e três nos quartetos) precisa ser aprimorada para a edição de 2015.
Falando especificamente do percurso, uma comprovação das dificuldades é que o argentino Cristian Mohamed, acostumado aos morros, garantiu o bicampeonato. No ano passado, ele havia vencido em Bombinhas em 3h08. Agora, em Ubatuba, fez 3h40. Em segundo lugar, chegou o brasileiro Carlos Magno e, em terceiro, Paulo Pacheco. "Faz tempo que não corria uma prova difícil como esta. A Patagônia Eventos está de parabéns por mais uma etapa de alta qualidade", afirmou Cristian Mohamed.
No feminino, vitória brasileira, de Kátia Cilene Santos, com 4h13:44, seguida da argentina Adriana Vargas e de Lídia Simões. "Foi maravilhoso e emocionante; que prova linda e dura de se fazer!", disse Cilene Santos.
Corredores ouvidos pela Contra-Relógio citaram como ponto negativo os trechos de asfalto (que consideraram excessivos), porém, nesse caso, houve uma mudança de última hora. Havia uma parte de aproximadamente 3 km dentro do Parque Estadual da Serra do Mar, mas, na sexta-feira (a prova ocorreu no sábado) ocorreu o veto final dos órgãos ambientais. Assim, a organização teve de fazer um acerto no trajeto, contornando pelas subidas no asfalto – isso foi explicado no congresso técnico realizado na noite da véspera e reforçado na arena de largada pelo sistema de som.
A prova precisa de alguns ajustes, principalmente se compararmos com as edições anteriores. A começar pelo congresso técnico, que mais comentou o mapa do percurso, sem especificar os detalhes. A solenidade de premiação, na noite de sábado após a corrida, também foi demorada, sem a festa de confraternização, uma tradição do circuito K42 e realizada em todas as etapas pelo mundo afora. A arena de chegada tinha menos estrutura ou opções de alimentação do que o ponto de transição na metade da corrida.
Entre os pontos positivos, a sinalização durante todo o percurso, seja por fitas, galhos pintados ou pelos integrantes do staff. Hidratação com água e isotônico, também correta, cumprindo todos os pontos informados no guia do atleta e no congresso técnico – inclusive com locais mais espaçados a partir do km 25 devido às dificuldades de acesso do trajeto, o que também foi avisado previamente.
Em termos de visual, os primeiros 15 km foram de tirar o fôlego. Depois, havia locais mais fechados, sem tantas áreas de observação – alguns passando pelo interior de bairros (quem conhece o litoral norte paulista sabe que, apesar da melhora na última década, ainda há lixo e esgoto a céu aberto).
A subida pior estava a partir do km 35, com o Morro da Antena, incluindo depois a descida já citada em mata fechada, com obstáculos naturais, como galhos, troncos e cipós. Nesse trecho, não havia um "caminho oficial", apenas o orientado pelas marcações deixadas pela organização. Para exemplificar, levei 34 minutos para percorrer pouco mais de dois quilômetros, com câibras nas duas panturrilhas! Daí, os três quilômetros finais são planos, em piso de concreto e areia dura.
No final da prova, a K42 Ubatuba e o Projeto Tamar ainda proporcionaram aos atletas e famílias um momento bem interessante: a devolução de duas tartarugas ao ambiente natural. Foram muitos aplausos quando os animais saíram das mãos de Kátia Cilene e Cristian Mohamed rumo ao mar aberto. Além disso, de acordo com balanço da organização, no mesmo dia, todo o percurso foi limpo (ainda há quem insista em jogar garrafas plásticas e copos no meio da mata) e as marcações retiradas.
Confira mais informações e os resultados completos da K42 Ubatuba, além das datas das outras provas do circuito mundial, em www.k42series.com.

Planos de expansão para 2015

A K21 Series é uma realidade na Argentina. São 18 etapas espalhadas pelo país, todas realizadas em parceria da Patagônia Eventos, criadora do circuito, com organizadores locais. Provas que reúnem mais de 1 mil corredores para encarar trajetos off road. Há, ainda, a K42 Villa La Angostura, que marca o encerramento da temporada de maratonas de montanha.
É essa tradição que Diego Zarba, um dos sócios da Patagônia Eventos, quer implantar no Brasil. Após alguns anos de experimentações, trouxe a mesma estrutura para o K21. Parcerias com organizadores locais, uma padronização de valores e distâncias (21 km ou 10 km), de premiação e contratos de um ano de duração apenas, para que não tenha uma acomodação dos organizadores parceiros. Neste ano, a concentração foi em São Paulo (Águas de Lindóia, Maresias, Serra da Mantiqueira, Campos do Jordão e Serra do Japi), com somente uma etapa fora (a de Curitiba, no dia 19 de outubro).
Assim, para 2015, o objetivo é expandir. Com quatro provas a mais. "Mas somente se fecharmos em competições fora de São Paulo. Temos de crescer para o restante do Brasil", explica Diego. Um dos motivos da saída da K42 de Bombinhas, após as cinco primeiras etapas na cidade catarinense, foi essa intenção de ampliar o braço do circuito para São Paulo, que concentra o maior número de corredores do país, incluindo os de montanha.
Na noite em que conversava com a reportagem da Contra-Relógio em Ubatuba, na Argentina estava em preparação mais uma etapa do K21 Series. Mas como um filho que já se tornou independente, Diego estava tranquilo. Não sendo necessária a presença dele fisicamente. Aqui no Brasil, o "filho" está em desenvolvimento e com planos audaciosos, como com um ranking na elite e nas faixas etárias.
De maneira geral, Diego aprovou a K42 Ubatuba, mas salientou que faltou "glamour", algo que faz parte do circuito. Seja no congresso técnico, na arena de chegada ou na cerimônia/festa de premiação, que marcam uma grande confraternização entre os participantes.
O K21 Series Brasil terá duas etapas neste mês, em Campos do Jordão (dia 11) e Curitiba (19), e dia 22 de novembro em Cabreúva, na Serra do Japi. Todas estão com inscrições abertas – com desconto de 20% para os assinantes da CR. Veja informações e o calendário mundial (tem Costa Rica, Marrocos, Espanha, Argentina…) em www.k21series.com. Já a K42 terá a etapa de Villa La Angostura, dia 15 de novembro, com cobertura da revista (www.k42series.com).

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