A Contra-Relógio publica mais uma vez o Ranking Brasileiro de Maratonistas, iniciativa que tomamos logo no início da revista, como forma de valorizar as atuações dos corredores na mais clássica das provas de longa distância.

Terminar os 42,2 km efetivamente não é para qualquer um e todos que completam uma maratona podem se sentir orgulhosos de seu feito. Mas também deve-se dar o devido valor àqueles que se preparam com afinco para a prova, que se dedicam aos treinamentos por meses, geralmente.

E foi nesse sentido que surgiu a idéia do Ranking, de destacar a atuação dos maratonistas "sérios" e apresentar para estes como suas marcas se situam em relação a dos demais de sua faixa etária, mesmo porque são os mais interessados nesse tipo de informação.

Dessa forma, em primeiro lugar foram selecionados todos aqueles que conseguiram marcas até o tempo-limite de cada idade (ver quadro) em nossas 5 maratonas oficiais (Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis – nome oficial é Maratona de Santa Catarina, e Curitiba). A seguir, a listagem passou por novo filtro, com o objetivo de considerar o melhor resultado de cada um, o que para alguns significou descartar até 3 resultados.

Isso mesmo, na listagem que estamos publicando alguns corredores participaram de 4 provas e, assim, o resultado que aparece foi o melhor entre os que a pessoa conseguiu. Nesse trabalho, feito por nossa secretária Helenice Lima, durante vários dias, por vezes ocorreram dúvidas quanto a nomes parecidos, mas para evitar descartarmos equivocadamente, optamos sempre por considerar os dois, a não ser os da mesma faixa etária e com tempos relativamente semelhantes.

Cabe ainda um comentário a respeito dos tempos-limite para ingresso no Ranking. Como todo parâmetro de corte ou de seleção, ele é frio, sem sentimentos, um número de referência que define quem está dentro e quem está fora da listagem dos melhores maratonistas brasileiros. Por vezes, bastam alguns segundos para não entrar no Ranking, mas temos que ter um critério e respeitá-lo.

Aliás, para os que não sabem, os tempos-limite praticados pela CR têm como referência a Maratona de Boston, que exige pré-qualificação para inscrição, isto é, que a pessoa tenha corrido uma maratona até determinado tempo (por faixa etária) nos 18 meses antes da prova (em março). Assim fizemos nos primeiros anos, mas o corte era muito grande, mesmo porque estávamos comparando eventos em situações climáticas bem distintas e, como é de conhecimento geral, é muito mais fácil conseguir bons resultados em clima frio do que em um país tropical, como o nosso.

Dessa forma, a revista optou, há alguns anos, por acrescentar 30 minutos aos tempos-limite, tornando a entrada no Ranking bem mais acessível, como se constata na listagem que estamos publicando no encarte. Nela estão 2.771 nomes, que representam mais da metade dos que correram maratonas no Brasil em 2006.

Números do Ranking

Conseguiram índice para o Ranking 2.833 homens e 450 mulheres, no total de 3.283. Mas muitos correram mais de uma maratona e dessa forma, após a seleção do melhor resultado de cada um, a listagem final ficou com 2.771, que se pode dizer são corredores que treinaram bem para enfrentar a distância e conseguiram bons resultados.

Exatos 5.969 corredores terminaram as 5 maratonas oficiais em 2006. Esse número pode ser "arredondado" para 5 mil, porque muitas pessoas participaram de mais de uma prova por ano, sendo que algumas correram todas (e também Blumenau)! Desses 5 mil maratonistas reais, 2.771 estão no Ranking, ou seja, 55% dos que correram maratona no Brasil em 2006 o fizeram preparados, devidamente treinados.

Presença de cada maratona no Ranking

Quanto à participação de cada maratona no Ranking é um dado que precisa ser olhado criteriosamente. Existe a variável quantidade de participantes na prova e a qualidade dos resultados. Dessa forma, São Paulo aparece com a maior porcentagem (33,4), em função de ter mais concluintes (2.702), mas o percentual dos que conseguiram índice para o Ranking é o mais baixo (38,4%).

Neste quesito o destaque é Porto Alegre, onde 63,3% dos participantes correram dentro dos tempos-limite. Mas mesmo aqui é necessário um comentário, a respeito de um fator primordial para a obtenção de resultados: o clima no dia.

Na capital gaúcha, o domingo 21 de maio foi ótimo para os corredores, com temperatura muito agradável. Já em São Paulo o termômetro no dia 4 de junho variou de 17 na largada para 28 graus, para os mais lentos. No Rio, dia 25 de junho, foi um pouco pior, com a temperatura começando em 19 graus na saída da prova no Recreio dos Bandeirantes e batendo nos 30 graus no Aterro do Flamengo.

Igualmente foram prejudicados os participantes da Maratona de Santa Catarina, dia 13 de agosto em Florianópolis, com um calor acima do esperado para a época do ano. Já Curitiba, sempre uma dúvida quanto ao clima, foi beneficiada por um domingo nublado e depois chuvoso, com temperatura muito agradável, em torno dos 20 graus, o que explica aquele ótimo índice de 52% de ingresso no Ranking.

Deve-se também realçar um aspecto por vezes esquecido quando se comenta sobre a qualidade dos resultados nas maratonas brasileiras. Naquelas em que há boa premiação em dinheiro nas categorias é grande a participação dos chamados corredores competitivos, que conseguem marcas muito boas. Isto vale especialmente para Curitiba, onde não só os prêmios das faixas etárias são os mais altos, como abarcam os 10 primeiros de cada categoria, atraindo assim muita gente. Também Florianópolis e Porto Alegre ofereceram premiação interessante, enquanto os prêmios no Rio são baixos e em São Paulo inexistentes nas faixas etárias.

Todo esse comentário é para que se compreenda a participação de cada maratona no Ranking, conforme de se vê no gráfico. Então, São Paulo tem a maior fatia em decorrência principalmente de ser nossa maior maratona. Já Curitiba teve presença expressiva não só pela excelente e ampla premiação em dinheiro que oferece, atraindo corredores rápidos das categorias, como também pelo ótimo clima no dia. O mesmo vale para Porto Alegre, enquanto no Rio e Floripa os corredores foram prejudicados pelo calor.

O gráfico é interessante como informação, mas não é possível fazer deduções do tipo ´tal maratona parece ser melhor para resultado do que outra´, exatamente pelas colocações que fizemos nos parágrafos anteriores. Assim, é sempre fundamental olhar os números das maratonas com cuidado, para não tirar conclusões apressadas e equivocadas.