Releitura Redação 18 de abril de 2020 (0) (298)

6 maratonas em 6 semanas!

Desafio – José Luís Maida Júnior – Dezembro 2009

 

Depois de mais de 90 maratonas completadas, decidi no ano passado me colocar um desafio diferente, para fugir da rotina e também para checar se seria algo muito difícil ou nem tanto: fazer 6 maratonas no intervalo de apenas 6 semanas! Fiz e sobrevivi, sem problemas. E só numa “quebrei”.

 

Desafio 1 – 19 de abril (Maratona de Santa Catarina): Tomei café e fui para a largada, trotando devagarzinho. Há uma semana tinha me machucado durante um treino e a queimação na coxa continuava, mas sem dor. Saí lá atrás e devagar, temperatura de 23 graus, sem compromisso nenhum, exceto terminar. Passei os 10 km para 50 minutos, correndo a um ritmo confortável. Tomei um gole de água em cada posto, pois o calor estava forte. Antes de virar no km 21, vi muitas pessoas caminhando e outras paradas nos postos de abastecimentos onde deveria haver água para reidratação. Muita reclamação, a estrutura da prova havia falhado e a temperatura chegava aos 30ºC. Eu nem acreditava que corria sem problema e não estava exausto. Mesmo tendo caminhado várias vezes para ajustar a faixa de contenção que coloquei na coxa e que descia frequentemente devido ao suor, consegui completar em 3h47. Talvez essa dificuldade extra tenha me forçado a adotar uma estratégia que se mostrou eficiente.

 

Desafio 2 – Dia 26 de abril (Maratona de Londres): Encontrei uns brasileiros no café da manhã do hotel. Peguei o ônibus e me dirigi à largada de cor verde e lá cruzei com mais brasileiros que estavam em outros hotéis. Larguei devagar como era esperado, mas me animei um pouco durante os primeiros 15 km e acabei passando a meia em 1h40. Correr em Londres é muito bonito; todos aqueles monumentos e sempre com muita gente incentivando. Fez um calor anormal de 25 graus, mas era boa a distribuição de água. Comecei a acreditar que seria possível terminar abaixo de 3h30, mas lá pelos 30 km surgiu uma dor na patela, que já me incomodou no passado, que me obrigou a caminhar um pouco. Depois retornei ao ritmo de 5min/km e consegui completar em 3h42. Nada magnífico, mas razoável para quem se machucou há duas semanas e fez uma maratona sofrida há uma semana.

 

Desafio 3 – Dia 3 de maio (Maratona de Trieste): Saí cedo do hotel, peguei um ônibus e me dirigi até a Piazza della Liberta, em frente à estação de trem. De lá, nos levaram de ônibus para Gradisca, uma cidade a 42 km de Trieste. Até lembra a Maratona do Rio, em que a gente sai do Aterro do Flamengo e o ônibus nos larga no Recreio dos Bandeirantes. Havia umas 800 pessoas. A largada foi simples, mas o percurso maravilhoso. Passamos por Sagrado, Redipuglia, Ronchi dei legionari, Monfalcone, Duino, Miramare (onde se vê um belíssimo castelo), até chegar em Trieste. Saí forte, porque estava frio, uns 7 graus, e não sentia as dores na coxa direita. Passei os 10 km para 46 min, os 21 km para 1h38, tudo dentro do esperado, para quem queria completar abaixo de 3h30. Senti algum cansaço lá pelos 30 km, mas não era a “parede”. Passei os 38,5 km para 3h11 e não consegui correr mais; me arrastei até o final, levando 31 minutos para finalizar os últimos 3,7 km. Mas tudo bem. Completei a terceira maratona com 3h42, tempo semelhante ao de Londres, só que com um final muito mais dramático. O local da chegada é muito bonito na praça da prefeitura, ao lado do porto. Mas a estrutura de chegada faz a pior maratona do Brasil parecer uma maravilha.

 

Desafio 4 – Dia 10 de maio (Maratona de Praga): Outro domingo que acordo cedo para tomar café e nenhum companheiro para compartilhar a alegria de mais uma maratona. Com esta completo 95 maratonas! Parece que foi ontem que comecei a correr; na verdade, foi em novembro de 1997, na 1a Maratona Ecológica de Curitiba. Saio do hotel trotando em direção à largada e encontro vários atletas indo na mesma direção. Ao chegar lá, uma nostalgia toma conta de mim. Procuro um rosto familiar na multidão e nada. Acho que prazer maior que correr, só mesmo correr com os amigos. Não compreendo a língua que falam – tcheco – mas todos me parecem tão excitados quanto eu. Largamos às 9, sob um sol escaldante que me faz lembrar Florianópolis há 4 semanas. O percurso é lindíssimo, mas há muito paralelepípedo, que dificulta a passada. O abastecimento de água é bom, mas faz um dia atípico, muito quente, quase 28ºC. Lá pelos 7 km, veio um cansaço incomum. O que aconteceu com a “parede”, puxaram para cá? Quando passei a meia para quase duas horas, me assustei e percebi como seria o desfecho. Acabei completando em 4h37, sendo uma das minhas piores e mais sofridas maratonas. Pelo menos recebi uma boa massagem e um ótimo lanche.

 

Desafio 5 – Dia 24 de maio (Maratona de Porto Alegre): A tristeza de ter acabado a viagem pela Europa é substituída pelo prazer de correr entre amigos. É normalmente minha melhor maratona no Brasil. É claro que não espero muito, pois apesar da folga da semana passada, estou com 4 maratonas nas costas, sem preparo ideal e ainda por cima machucado. Fomos para a largada e a temperatura era agradável. Porto Alegre é Porto Alegre. Impecável como sempre. Só que eu preferia o percurso do ano passado. Terminei com trinta minutos a mais que em 2008 – 3h50, mas cumpri meu objetivo. Agora só falta São Paulo, para fechar o desafio.

 

Desafio 6 – Dia 31 de maio (Maratona de São Paulo): Não é uma maratona fácil, mas melhorou muito. Temperatura amena, dia parcialmente nublado e lá vamos para mais uma. Encontro com muitos amigos, todos animados. Aguardo a largada e saio em um ritmo confortável para poder acabar a prova abaixo de 4 horas. Corro ao lado de vários conhecidos, vamos conversando e colocando as novidades em dia. Passo a meia para 1h40, quase me animo, mas me lembro como é a segunda metade de São Paulo (túneis e a velha USP). Continuo em meu ritmo, quebrando um pouco e completo para 3h47. Fico muito feliz por ser São Paulo e eu ter conseguido atingir meu objetivo de realizar 6 maratonas em 42 dias, ou seja, 6 semanas.

 

José Luís Maida Júnior é assinante de Curitiba

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