Performance e Saúde admin 10 de março de 2015 (0) (110)

Correndo com consciência

Ao observarmos os milhares de corredores que ocupam as ruas e avenidas das prin-cipais cidades do país durante as provas, pode-se notar a diversidade nos modos com que os corpos se deslocam pelo espaço. Desde os mais "soltos" e eficientes – do ponto de vista do padrão biome¬cânico – até os mais "travados" ou espalhafatosos, mas todos buscando fazer o melhor de si.
É sabido que muito da nossa postura corporal – esse padrão de movimen¬tos que adotamos na idade adulta – é adquirida na infância e congelada na adolescência, isso se considerarmos uma criança que sempre brincou fe¬liz e um adolescente que, por falta de incentivo ou por outras motivações, abandonou a prática esportiva ou as atividades físicas.
Assim, o costume de fazer algo sempre do mesmo jeito, ao ser interiorizado, poderá se transfor¬mar em um hábito corporal, que será repetido indefinidamente de maneira automática, reflexa, in¬consciente. A imagem corporal que o indivíduo terá de si não cor-responderá àquilo que seu corpo estará fazendo. Ou seja, a pessoa não será consciente dos movimen¬tos do seu próprio corpo; correrá, então, "naturalmente" errado.
Esse é um dos motivos pelos quais podemos observar a diversidade das formas como muitos correm. Entretanto, ao se instalar o hábito, o corredor não saberá, por si, corri¬gir seus movimentos, para tornar o exercício mais eficiente, pois ele não tem consciência do que o seu corpo está fazendo.
Tais informações são importantes para o treinador corrigir os gestos técnicos do atleta. De nada adian¬ta insistir em exercícios educativos, se a pessoa não for capaz de distin¬guir a corrida "solta" da "travada". Os gestos técnicos, entretanto, são apenas a realização de movimentos advindos de uma postura corporal.

SOLTO E TRAVADO. A postura corpo¬ral nada mais é do que o "estar pre¬parado para fazer algo". Uma vez a postos, a ação se concretiza e ela, no caso do corredor, é o gesto técnico da corrida, que pode ser "solto" ou "tra¬vado". Uma corrida "solta" indica que tronco e membros estão em harmo¬nia, que deslizam suavemente pelo espaço, que não há músculos contra¬ídos desnecessariamente. Exemplos: por que correr com os músculos do pescoço contraídos ou com os ombros elevados? Com o tronco girando fre¬neticamente para os lados ou com os braços cruzando insistentemente à frente do tronco? Com as pontas dos pés apontadas para fora ou para den¬tro da linha do centro de gravidade? Em que isso melhora o desempenho?
A sugestão para despertar a cons¬ciência corporal do corredor diag¬nosticado com problemas de ordem postural e gesto técnico ineficiente é levar a esse atleta informações sobre o seu próprio corpo. Para isso, talvez o melhor caminho seja a realização de exercícios de rela-xamento e controle da respiração. A internet apresenta inúmeros ar¬tigos, cursos, palestras e profissio¬nais experientes em técnicas de re¬laxamento. Uma vez "destravado" da postura original, o corredor terá, então, a oportunidade de "aprender a correr de novo".
Dessa forma, os exercícios edu¬cativos e a corrida estacionária em frente ao espelho poderão ser necessários ou úteis para o atle¬ta consolidar sua nova autoima¬gem corporal e ser capaz de correr com desenvoltura, com eficiência e livrar-se, inclusive, de muitos pro¬blemas musculares ou articulares advindos de uma má postura ou gesto técnico inadequado.

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