Por Tomaz Lourenço | tomaz@novosite.contrarelogio.com.br
Nestes tempos tão difíceis de pandemia, nós corredores temos a grande vantagem de praticarmos um esporte em locais abertos, que não necessita de parceiros ou adversários, onde fica tudo por nossa conta, sobre onde, quando, quanto e em que ritmo correr.
É verdade que, com a proliferação de equipes de corrida, nas duas últimas décadas, nossa atividade física passou a ser feita quase sempre em grupos, assim como se multiplicaram as provas nos fins de semana, ocasiões em que centenas ou milhares se encontram para encarar uma curta ou longa distância.
Estas duas situações estão agora, pelo menos temporariamente, contraindicadas, e muitos devem estar se perguntando como “sobreviverão” a esse período tão estranho, que exigirá uma mudança de hábitos.
Como um “corredor das antigas” que sou, ou seja, treino sozinho e praticamente não participo de provas, a pandemia pouco me afetou, em termos da prática esportiva. Apenas senti um pouco a falta de metas, dado o cancelamento de maratonas e meias (as minhas preferidas), que afeta diretamente as planilhas que procuro seguir.
Dessa forma, a sensação é de estar de férias da corrida, como costuma acontecer naquele período de festas de fim de ano, emendado com janeiro, quando, pela desculpa do calor e pelo agendamento de provas apenas a partir de abril, os treinos ficam bem relaxados.
Mas é também um período bem legal, em que se corre sem cobranças de tempo ou de quilometragem. O que acaba remetendo aos anos do surgimento da CR (outubro de 1993), quando era praticamente inexpressivo o número de corridas, mesmo em capitais, como São Paulo. Treinava-se pelo prazer de treinar.
RECOMENDAÇÕES. E dentro desse espírito provocado pelo coronavírus, vale a pena dar uma olhada nas duas matérias que o nosso articulista Fernando Beltrami nos envia de Zurique, Suíça, onde mora: a de “Fisiologia” envolve recomendações para os treinos nestes meses, com base nas orientações de órgãos internacionais de saúde, e as da seção “Planilha” trazem um treinamento de manutenção e outro para quando as coisas se normalizarem e um primeiro objetivo estiver em vista.
Aliás, do jeito que os cancelamentos e adiamentos estão acontecendo, haverá uma enxurrada de maratonas, meias e outras de menor distância no segundo semestre. No caso específico da distância de 42 km, isto significará uma “disputa” dos organizadores (daqui e de fora) por um conjunto não tão expressivo de corredores, que devem chegar a apenas 30 mil no Brasil.
Como brinquei no editorial da revista de fevereiro, pode ser que chegue um dia em que os maratonistas serão convidados a entrar em eventos de várias distâncias (mas chamados “maratonas”), sem nada pagar, para prestigiar a organização e justificar o nome recebido.
BIMESTRAL. Pela primeira vez em 27 anos, esta edição é bimestral, dada a parada nas corridas. Mas em junho tudo deverá já ter começado a voltar ao normal e a CR continuará a sair mensalmente.
Atenção, estamos em quarentena (mas treinando, de leve, todo dia…). Então, por favor, contato apenas pelo email tomaz@novosite.contrarelogio.com.br, uma vez que o telefone da revista não estará funcionando.
Vamos nos manter em forma para estarmos prontos, quando a boa notícia chegar. Vai passar!