20 de setembro de 2024

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Perfil admin 10 de novembro de 2014 (0) (162)

Guru, corredor e treinador

A história de Leandro Lentine não difere muito da de muitos corredores. Assim como todo sedentário, obeso, fumante e etílico social, um dia a visita ao médico muda sua vida, para melhor.
"Saí de lá com a obrigação de melhorar a alimentação e procurar urgente alguma atividade física, já que a diabete batia à minha porta. Comecei como qualquer outra pessoa, na academia, andando na esteira e depois dando alguns trotes. A empolgação de começar a correr tomou conta de mim e me inscrevi em duas provas de 5 km, que completei sem dificuldade porque já corria 30 minutos sem parar na esteira", conta Lentine.
Dois dias depois da segunda prova, em março de 2012, animado com o seu rendimento, Lentine procurou uma assessoria esportiva. Como ainda estava obeso (107 kg), o corredor foi incluído no programa educativo de corrida, em que seria orientado pelo experiente Luis Eduardo Rocha, corredor há 35 anos.
"Nesse momento começaram os ensinamentos, o porquê de cada movimento, como fazê-lo corretamente, de onde surgiram, e como eram importantes na hora da corrida, sempre ilustrados com exemplos da própria vida dele e de suas atuações nas provas passadas. Comecei a entender o significado do Guru antes do nome do Luis", afirma Lentine.

LOUCO POR CORRIDA – Guru? Pois é exatamente assim que Luis Eduardo Rocha é visto por atletas que já puderam absorver um pouco dos seus ensinamentos em treinos ou mesmo numa simples conversa. Top 100 da Golden Four Asics e garoto propaganda da campanha da marca em 2012 – que usou amadores de elite – Rocha não hesita em dar sua contribuição ao atletismo ao presentear corredores – amigos ou não – com as medalhas que ganha nas provas. Muitos o chamam de louco por abrir mão do que seria a única recordação daquela prova, daquele momento.
"A medalha é só uma lembrança; o que vale é a emoção de cada disputa, que jamais será esquecida. As medalhas, originalmente, vinham com a inscrição ‘honra ao mérito'. O fato de dar as medalhas como presente não me tira a honra nem o prazer da conquista. Além disso, cada conquista nunca é só minha. Há aquelas pessoas maravilhosas dos bastidores, que me ajudam. Pessoas que com gestos e palavras me emocionam, me motivam e me impulsionam a seguir em frente", diz Guru.
Mas, na verdade, qualquer um que cruzar o caminho de Luis Eduardo, designer de profissão e treinador/orientador informal de alguns corredores/amigos, "corre o risco" de levar para casa uma de suas medalhas.
"No início comecei com parentes e amigos. Mas há aquelas pessoas que torcem por você, sem que você saiba. É emocionante ouvir, ainda na área do evento, quem diga ‘estava torcendo por você, parabéns'. Quando percebo a sinceridade e a felicidade da pessoa, não resisto, presenteio!", afirma o corredor, que também dá de presente o material de treino e até suplementos que recebe, sempre a algum corredor com pouca condição financeira.

TAMBÉM NA PISTA – Luis Eduardo Rocha é um daqueles dinossauros das corridas. Especialista em pistas e apaixonado pelas ruas. Em 2011, sagrou-se campeão do Troféu Brasil de Atletismo Master nas provas de 800m e 1.500m. E é exatamente no amor que tem pelo esporte, que Guru busca a explicação para não guardar para si as medalhas conquistadas.
"Para quem já corre, o presente significa dar os parabéns e estimular ainda mais a prática esportiva. Para aqueles que estão do ‘lado de fora' é uma espécie de intimação. Uso a minha história e o meu conhecimento para orientar e convidar as pessoas a fazer atividade física, a correr notadamente. É legal ver a felicidade dessas pessoas. Melhor ainda reencontrá-las, tempos depois, correndo. Essa é a minha contribuição ao esporte que ajudou a moldar a minha vida", conta Luis Eduardo.

UMA SÓ MEDALHA POR ANO – Mas o corredor guarda algumas medalhas. Uma de cada ano. Não necessariamente pela importância da prova. A exceção são aquelas que recebeu em Campinas, em 2011, no Troféu Brasil de Atletismo Master. "Fiquei sem competir durante seis anos. Voltei e disse que seria campeão brasileiro na minha categoria. Consegui. Foi a vitória da fé. Acreditei que poderia sentir novamente a sensação do vento na cara", diz o corredor, sem esconder a emoção.
Uma emoção parecida com a que sentiu o corredor Leandro Lentine, aquele do início desta matéria, que até hoje compartilha da amizade de Luis Eduardo Rocha. "Quando um obeso no início do ano poderia imaginar completar uma meia-maratona em apenas quatro meses de preparação? Sem foco e treinamento é impossível de se atingir um objetivo. Mas não há dúvidas de que os ensinamentos do Guru e a inspiração que ele me passa foram fundamentais para que eu conseguisse chegar até aqui", diz Lentine.

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