20 de setembro de 2024

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Notícias admin 10 de novembro de 2014 (0) (87)

20 mil corredores na maratona e meia de Miami

Realizado no último domingo de janeiro, praticamente na derradeira semana de férias da maioria dos brasileiros que voam para a Flórida em busca de turismo, compras e diversão, o evento tem organização impecável e um dos percursos que faz jus ao que a cidade oferece.
A largada acontece em Downtown, em frente ao American Airlines Arena, às 6h da manhã, com o dia ainda escuro. As primeiras milhas do trajeto são percorridas à beira do Porto de Miami, com os navios perfilados e sinalizando aos corredores em alto e bom som, como se estivessem ali só para os receberem. A meia-maratona é quase que totalmente um passeio por Miami Beach, com direito a uma passagem pela famosa Ocean Drive e sua arquitetura Art-Decô. Na volta a Downtown, já quase no final dos 21 km e apenas metade do caminho percorrido para os cerca de 25% dos participantes, que optaram pelos 42 km, o percurso segue pelas ruas de Downtown Miami, passando pela linda Key Biscayne e retornando ao ponto de origem.
Com tantos atrativos assim, aqueles que marcaram presença na edição de 2013, no dia 27 de janeiro, só tinham elogios à prova, que somou cerca de 20 mil concluintes, sendo 5 mil na maratona e mais 15 mil na meia. Desse total, foram quase 300 brasileiros nas duas provas, um número considerado até pequeno quando comparado à participação na Disney, duas semanas antes, com mais de mil, mas tem tudo para crescer, apesar dessa concorrência.

AOS 83 ANOS, 2H07 – Um dos mais animados ao término da prova era Oswaldo Silveira, de 83 anos, que foi a Miami para correr os 21 km. "Adorei. Para mim, foi uma das provas mais lindas que já fiz", conta o maître paulista, que recorreu à prova da Flórida depois da frustração na Maratona de Nova York, ao ser cancelada dois dias antes do evento. "Eu queria muito correr e havia treinado para isso. Todo ano vou para Nova York. Aproveitei que fiz 83 anos em janeiro e resolvi comemorar meu aniversário aqui em Miami", conta Oswaldo, que já foi campeão da categoria 80 mais em Nova York, no ano de 2010, e que em Miami era um dos mais requisitados junto aos atletas da elite para tirar foto. Para Oswaldo, os 21 km foram um verdadeiro tour pela cidade de Miami. "Gostei de tudo. A cidade é muito bonita. Fui tratado aqui como um rei. O tempo foi um pouco acima do que eu queria. Fiz 2h07. Mas foi ótimo."
Outro que também só tinha elogios para a prova era o paratleta Edson Dantas, que aproveitou que ter sido convidado para a prova e foi conferir de perto o que Miami tem de bom. "Agora que já conheço, quero voltar aqui todo ano. Podem me convidar sempre. A prova é muito bonita. A parte que passa por Miami Beach é linda", conta Dantas, que está se dedicando mais ao triatlo agora, visando à participação nos Jogos Paraolímpicos do Rio 2016. Ele finalizou os 21 km em 1h33.
A gerente de marketing esportivo Renata Gomide planejava fazer a Meia de Miami já há três anos. "A data cai no meu aniversário e queria muito comemorar com alguns amigos correndo em Miami. Finalmente, conseguimos nos reunir e este ano deu certo", comenta Renata, que foi para a prova acompanhada do marido, o publicitário Fernando Flumian, que também correu a meia, e mais três outros amigos corredores e que participaram da prova.
Para ela, que tem experiência em eventos grandiosos como Nova York, Paris e Disney, a prova de Miami surpreendeu em muitos suas expectativas. "O clima é muito bacana. O hino nacional americano no início, a largada com o dia amanhecendo, os navios apitando logo no primeiro quilômetro, o entretenimento ao longo do percurso, com música, animação. Tudo isso marcou muito. A prova é ótima. A chegada foi bem organizada, a medalha é uma das mais bonitas que já recebi. Havia muitos estrangeiros na prova, principalmente latinos, correndo com as bandeiras de seus países."
Ela destaca também a excelente organização da prova, com apenas dois pontos a serem considerados. "Estamos acostumados com postos de água dos dois lados. Aqui só havia do lado direito. Isso causava um pouco de aglomeração. Acho que este foi o único ponto crítico da prova. Eu esperava também um pouco mais da Expo. Ela tem que ser atrativa, pelos preços convidativos ou pelas novidades. Não vi nenhuma das duas coisas aqui", comentou a corredora, que finalizou os 21 km em 2h20. Para ela, a largada, apesar da quantidade de pessoas, também foi tranquila e organizada. "Não afunilou em nenhum momento."

MUITAS FACILIDADES – Outro ponto que chamou bastante a atenção dos brasileiros presentes na prova foi a facilidade em tudo que envolve o evento, desde a inscrição, que pode ser feita diretamente no site sem qualquer burocracia, até a possibilidade de ficar em qualquer parte de Miami e ter a facilidade de ir para a prova de carro, de transporte oficial, de táxi ou de qualquer outro meio que seja, principalmente quando comparada às dificuldades que a Disney impõe aos participantes, especialmente no quesito "acesso à largada".

No entanto, é necessário entender que são situações completamente diferentes. Enquanto a Disney é uma prova ideal para viajar com a família, com eventos para todos os tipos de corredores e idades e todas aquelas facilidades dentro do Complexo, Miami se destaca por ser um evento não tão quadrado no formato, mas que mesmo assim as coisas funcionam perfeitamente, até porque existe o acolhimento da cidade, como pode ser visto em outras grandes, e até não tão grandes provas espalhadas pelos Estados Unidos.
"A impressão é de que a prova reúne gente que corre há algum tempo. Na Disney, você vê muita gente estreando na distância, caminhando. Aqui em Miami parece que não", observou Renata, que também ficou impressionada com o grande público feminino na prova. "Havia muita mulher. E correndo forte."

Para Fernando Flumian, marido de Renata, a prova oferece o que eles vendem: "Eles se dizem a melhor maratona do inverno nos Estados Unidos e acho que é isso mesmo. É uma grande sacada". Para o corredor, que finalizou os 21 km em 1h33, o percurso é excelente para fazer tempo. E a tal da umidade, que dizem ser um dos fatores que podem prejudicar a performance, não atrapalhou em absolutamente nada. "A largada foi muito cedo, às 6h da manhã. Não estava úmido nem calor. Larguei com óculos escuros, mas fui pegar sol só nos últimos dois km. A temperatura, que chegou no máximo a 20 e poucos graus, favoreceu bastante para correr bem", conta o publicitário, que ressalta também a torcida do público já entrando em Downtown, nos quilômetros finais da meia. "Tinha muita gente ali torcendo. Em Miami Beach era um público um pouco menor, mas chamou atenção principalmente a parte em que passamos numa área residencial, onde tinha um campo de golfe ao lado. Lá as famílias saíram de suas casas para tomar café da manhã, montando suas mesas ali mesmo e dando todo o apoio aos corredores." Outro ponto importante da prova apontado pelo corredor foi a grande quantidade de gente correndo num só ritmo. "Larguei e corri junto com as mesmas pessoas que cheguei. Isso impressiona bastante."

VENTO A FAVOR E CONTRA NA MARATONA – Se a meia-maratona impressiona pelo lindo percurso e a grande quantidade de corredores, o que dizer dos 42 km? O administrador de empresas Carlos Arraiz escolheu a prova de Miami para dar sequência a seu treino para Comrades, a ultramaratona sul-africana que acontece dia 2 de junho, e não se arrependeu da escolha. "É uma prova muito bacana de correr. Nos primeiros 21 km foi tranquila. Não senti nenhuma dificuldade em completar a primeira parte. Já na segunda, o percurso ainda é plano, mas tem vias longas e entediantes", comenta o corredor, que diz ainda que a principal dificuldade foi na ida em direção a Key Biscayne, onde o vento estava contra. "O vento era forte e não havia nenhum 'corta-vento'. Mas essa dificuldade foi compensada na volta, com o vento a favor."
Para Arraiz, ainda que os últimos 21 km não fossem tão agradáveis quanto os primeiros, há várias coisas que contam pontos a favor do evento. "A prova tem uma organização exemplar, tanto na feira de esportes quanto na própria corrida. O percurso é excelente para os corredores que pretendem melhorar seu tempo e a cidade é uma ótima opção de turismo. Eu recomendo."

Na prova dos profissionais, o nível dos atletas não foi tão forte em nenhuma das duas distâncias. No masculino quem levou a melhor na maratona foi o atleta Luis Carlos Rivero Gonzalez, da Guatemala, estreante nos 42 km. O campeão cruzou a linha de chegada no Bayfront Park com 2:26:14, 2 minutos à frente do queniano David Kipkoech Tuwei, seguido do etíope Tesfaye Girma Bekele.
No feminino, a campeã foi a holandesa Mariska Postma Kramer, que fechou os 42 km em 2:46:07, também 2 minutos à frente da etíope Tezata Desaign. A 3ª posição ficou com a norte-americana, Kir Selert. Finalizaram 93 brasileiros na maratona.

Na meia-maratona, a vitória ficou com o queniano Robert Wambua Mbithi, com 1:05:44, seguido do venezuelano Danilo Briceno, em 1:10:41, do norte-americano Leo Kormanik. No feminino, a queniana Risper Biyari Gesabwa foi a campeã, em 1:14:00, seguida da compatriota Malika Mejdoub Camacho e da colombiana Bertha Sanchez. Completaram os 21 km 197 brasileiros.

A próxima edição da Maratona e Meia de Miami já tem data marcada. Apesar de tradicionalmente acontecer no último domingo de janeiro, está marcada para o dia 4 de fevereiro. As inscrições podem ser feitas pelo site oficial (www.ingmarathon.com) com um superdesconto para quem fizer antecipadamente. São 65 dólares para os 21 km e U$ 90 para os 42 km.

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