O grande barato da corrida é a democratização. Na hora da largada, todos são iguais. Disputando o mesmo espaço, o mesmo prêmio. Está certo que os quenianos vão chegar bem antes, mas ninguém pode dizer que não os enfrentou. Agora, com o boom da corrida e o crescimento do Mimimi Runners, ganhamos em número de participantes, em exposição, em total de provas, em melhores estruturas… Porém, com uma “exigência cada vez mais exigente”, cobrando mimos demais, há um outro lado que merece discussão: o aumento do custo, que bate de frente com essa democratização.
Para muitos do Mimimi Runners, a corrida tornou-se somente um elemento a mais. O evento social é o grande barato. Cobram kits recheados, massagens pré e pós-prova (se possível, durante também), brindes extras, café da manhã… e por aí vai. Nenhum problema nisso. O público exige e o mercado tem de oferecer. É assim e sempre será. Porém, tudo tem um custo. Repassado para o valor da inscrição. Não duvide. Quem organiza as provas, quer ter lucro. Dependendo do negócio, empatar os gastos. Prejuízo? Nem pensar.
Há quase quatro anos, quando comecei a correr, pagava em média de R$ 30 a R$ 35 na maioria das provas em São Paulo e fora dela. Hoje, nem pensar! Muitas já chegaram (ou até passaram) dos R$ 100. Aí temos um problema grave.
Recebo inúmeros e-mails de leitores da Contra-Relógio que têm corrido cada vez menos provas. Não porque estão machucados ou desanimados, mas porque pesa no orçamento. Muito. Tenho a vantagem, por trabalhar no meio, de receber as inscrições de cortesia, caso contrário, correria uns 60% a menos de provas!
A meu ver, a equação está desbalanceada. Há espaço total para o Mimimi Runners. Tomara que continue por muto tempo. Ajuda a impulsionar o mercado. Porém, é necessário equilíbrio. Saídas, existem. De monte. Como provas que valorizam somente a corrida, até sem kit, com “apenas” número de peito e chip, por exemplo. Ou preços diferenciados, com kit recheado ou sem. O que não podemos é continuar desse jeito, porque, daqui a pouco, a maioria das provas custará de R$ 120 a R$ 150 (até mais) e, ao invés da democratização, teremos a elitização da corrida.